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Combater violências sexuais contra crianças e adolescentes autistas requer esforços redobrados

No Brasil, a Campanha Maio Laranja visa conscientizar sobre o abuso e a exploração do público infanto-juvenil. Devido às condições do Transtorno do Espectro Autista (TEA), os crimes sexuais contra autistas são mais delicados de serem apurados e reprimidos

Fabyo Cruz

Abusos sexuais podem deixar marcas gravíssimas, tanto físicas quanto psicológicas. Mas quando se fala de um crime desses contra crianças e adolescentes dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA), tudo pode ser muito mais grave. Denúncias desses casos contra o público infanto-juvenil são frequentes e têm crescido de forma assustadora no Pará. A ausência de bancos de dados e cadastros oficiais para as vítimas de violências dificulta a atuação do Ministério Público em protegê-las. As afirmativas são de Nadilson Portilho Gomes, promotor de Justiça da Infância e Juventude de Belém, à quarta reportagem do especial Autismo em Foco, de O LIBERAL

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Abrigo Especial Calabriano

O Abrigo Especial Calabriano, no bairro do Telégrafo, em Belém, é uma instituição filantrópica voltada para crianças e adolescentes de até 18 anos incompletos, com deficiências neurológicas, apresentando limitações físicas, intelectuais e/ou sensoriais, estando em situação de risco pessoal e/ou social  encaminhados pela Justiça. O serviço é responsável pelo acolhimento e acompanhamento técnico de jovens em situação de risco pessoal e/ou social, cujas famílias ou responsáveis encontram-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua função de proteção e manutenção saudável dos vínculos sociais. 

A terapeuta ocupacional Kelly Vale Pinheiro, mestre em teoria e pesquisa do comportamento, pela Universidade Federal do Pará (UFPA), faz parte da equipe de atendimento no Abrigo Especial Calabriano. Ela conta que a instituição atende na atualidade 31 acolhidos,  sendo oito crianças, cinco adolescentes e 18 adultos. Deles, há uma menina e quatro meninos com TEA. “No serviço de acolhimento atualmente o público autista descrito não apresenta histórico de abuso sexual, entretanto sabe-se que a subnotificação nesse tipo de caso ainda é uma realidade”, diz a especialista.  

O Abrigo Especial Calabriano possui uma parceria com o grupo Mundo Azul, que reúne mais de 400 mães com filhos autistas em Belém. “Essa parceria surgiu em função do público em comum atendido pelos dois parceiros. Sempre estivemos juntos em fóruns e espaços públicos de discussão dando visibilidade para a temática do autismo, promovendo debates e ações, defendendo os direitos junto à sociedade civil na busca por políticas públicas de inclusão eficazes. A exemplo disso tivemos uma grande ação de apoio do Mundo Azul no período de pandemia,  com doações de alimentos e EPIs ao Abrigo Calabriano”.

Pará