Castanhal possui apenas 23 ônibus para atender 50 mil usuários que precisam se locomover

A frota de Castanhal está sucateada e o número de veículos disponíveis para atender a população está diminuindo drasticamente

Patrícia Baía
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“Esta é uma das piores crises do transporte público”. É assim que Nelson Lemos, titular da Secretaria Municipal de Transporte de Castanhal (Semutran), define o momento atual. E não é para menos: a cidade está ficando sem ônibus. A frota de Castanhal está sucateada e o número de veículos disponíveis para atender a população está diminuindo drasticamente com o passar dos anos. Atualmente, o município conta com 23 ônibus para atender cerca de 50 mil usuários, que dependem dos coletivos para se locomover diariamente.

E a crise no transporte vem se agravando ainda mais desde o começo da pandemia, em 2020. Foi nesse período que boa parte das empresas de transporte começou a ruir, o que comprometeu ainda mais a qualidade do serviço. É o que explica Nelson Lemos para O Liberal Castanhal.

“Já tivemos uma época que tinha em Castanhal transporte coletivo com central de ar e elevador para cadeirante. Até seis anos atrás eram cem ônibus circulando e hoje a frota é de apenas 23. O tempo passou e ao invés de melhorar, piorou. O transporte urbano passa por uma crise tremenda. Com a pandemia os empresários foram muito prejudicados, porque não tinha tanta gente circulando das ruas e com as empresas paradas os empresários tiveram que diminuir o número de carros circulando, nos primeiros anos da pandemia”, contou Nelson Lemos.

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Na tentativa de encontrar uma solução para a crise, o secretário sugeriu aos empresários que criassem uma cooperativa, no entanto, os empresários rechaçaram em um primeiro momento. “Os empresários eram 16 e hoje são nove e eles sentem uma dificuldade muito grande de se reerguer. Ano passado enfrentaram também o alto valor dos combustíveis sem ter o valor da passagem alterado. Na semana passada fizemos um reunião e eu sugeri que os empresários se unissem em uma cooperativa que iria facilitar a busca por recursos como o FNO (Fundo Constitucional de Financiamento do Norte), do Banco da Amazônia, porém a maioria quer se reerguer de uma hora para outra e não é assim”, disse.

De acordo com o secretário de transporte, algumas empresas devem um alto valor em impostos para a prefeitura e não possuem receita para pagar. “Uma delas deve 2 milhões em ISS (Imposto Sobre Serviço) e quando a gente fala em negociar estas dívidas, as empresas dizem que não tem dinheiro nem para pagar os funcionários direito. Esta é uma das piores crises do transporte público”, disse Nelson Lemos.

Novos tempos

Segundo a Semutran, a popularização do serviço de transporte de passageiros por aplicativos faz com que parte da população deixe de optar pelos ônibus. De acordo com Nelson, esse movimento tem dado ainda mais prejuízo aos empresários do setor de transporte público. “Este fator vem contribuindo muito para a crise dos empresários. Eles não tem meios para melhorar os coletivos e a população acaba preferindo o conforto e a rapidez do Uber ou motouber”, explicou o secretário.

image Paradas ficam vazias, pois a população prefere pegar outros tipos de transporte devido a demora (Patrícia Baía/ O Liberal)

Em Castanhal existem cerca de 700 motouber, 355 mototaxis e 200 taxis. “Temos ainda uma grande dificuldade em fiscalizar um tipo de transporte alternativo que está invadido Castanhal. São os carros que fazem frete de passageiros de outros municípios para o nosso município. Enquanto as pessoas ficam resolvendo o que vieram fazer aqui, os motoristas ficam trabalhando clandestinamente. Esses motoristas percorrem as paradas de ônibus e oferecem levar os passageiros até o centro pelo mesmo valor da passagem por 4 reais. As pessoas preferem ir logo no conforto de um carro com ar e música do que aguardar um ônibus sucateado”, explicou.

Transtornos

A assistente comercial, Cristina Paiva Duarte, de 33 anos, teve que mudar totalmente a rotina matinal em sua casa para poder conseguir levar a filha para o colégio e ir trabalhar. Apenas uma linha passa na rua de sua casa. “Eu passei acordar as 5h da manhã para organizar as coisas e sair para a parada as 7h da manhã. O ônibus não tem mais hora certa para passar e por isso vou cedo. Tem dias que ele passa essa hora mesmo e se perder não sabemos que horas vai passar novamente e esta foi a única alternativa para que minha filha não chegasse atrasada na escola e eu no meu trabalho. A situação fica pior na minha volta para o trabalho após o almoço. Eu faço tudo correndo e só engulo mesmo a comida para não perder o ônibus. Muito ruim mesmo para quem depende de ônibus”, contou Cristina Paiva Duarte.

image A assistente comercial, Cristina Paiva, teve que mudar totalmente a rotina para poder levar a filha para a escola (Patrícia Baía/ O Liberal)

A dona de casa Nádia Dias, de 33 anos, também passa por dificuldades para conseguir sair do bairro onde mora para ir ao centro da cidade. “Eu procuro fazer tudo aqui por perto de casa como comprar alimentos, remédios e até pagar contas, mas nem tudo dá pra fazer no meu bairro que é um pouco carente. Então quando eu preciso encontrar um remédio que não tem por aqui ou levar um filho numa consulta tenho que ter dinheiro para pegar um Uber, caso contrário eu não consigo sair daqui do Fonte Boa”, contou.

A reportagem entrou em contato com a representante dos empresários de transporte, mas não obteve resposta sobre esta situação enfrentada pela população.

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