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Casa espírita recebe absorventes para doar a população vulnerável em Marabá

O trabalho começou motivado pela necessidade de ajudar as vítimas da cheia dos rios Tocantins e Itacaiúnas

Tay Marquioro

"Eu venho de uma comunidade quilombola que tem famílias que vivem em situação muito precária. Às vezes a igreja e a escola fazem cestas básicas e colocam absorventes, porque muitas famílias não têm dinheiro nem para comprar comida, quem dirá absorvente". Filha de família humilde, a jovem Celeste Trindade, de 17 anos, sabe bem o que é fazer escolhas difíceis em casa. "Eu sei de mães que deixam de comprar absorvente para si para poder comprar para suas filhas. E isso não é um caso isolado", conta a estudante.

Relatos como o de Celeste são capazes de indignar qualquer mulher e incomodaram também as que frequentam a Casa do Caminho, sociedade espírita de Marabá. "Nós observamos que a maioria das pessoas assistidas pela nossa casa são atingidas pelas enchentes e se mudam para abrigos. Além dessas pessoas estarem muito vulneráveis, o uso dos banheiros químicos nesses espaços dificulta ainda mais a higiene íntima dessas mulheres, na maioria adolescentes", explica a voluntária Lídia Mangas.

O acompanhamento dessas mulheres, a maioria jovens, acendeu o alerta para uma outra questão: a vergonha. Muitas se sentem constrangidas até para pedir os absorventes oferecidos na Casa do Caminho. "Às vezes, uma mesma mulher nos pede para a mãe, para a irmã. E foi também pensando nessas mulheres que ainda enfrentam um certo tabu em torno desse assunto que nós tiramos os absorventes da embalagem original e colocamos em sacolas de papel, para ficar mais discreto", esclarece.

O trabalho cresceu e o que começou motivado pela necessidade de ajudar as vítimas da cheia dos rios Tocantins e Itacaiúnas, que cortam a cidade, agora é uma ação contínua. "Começamos a mobilização dentro da nossa instituição, mas pelas redes sociais o alcance foi enorme e recebemos doações expressivas, mas atualmente estamos com estoque baixo", lamenta Lídia. "A procura tem sido muito alta. Hoje, nós fornecemos absorventes mensalmente para 80 mulheres".

Pobreza menstrual

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a pobreza menstrual é uma condição caracterizada pela falta de acesso a recursos, infraestrutura e até conhecimento de pessoas que menstruam para cuidados envolvendo a própria menstruação. Esse é um problema que afeta milhões de brasileiras que vivem em condições de pobreza e situação de vulnerabilidade, muitas vezes sem acesso a serviços de saneamento básico, recursos para higiene e conhecimento mínimo sobre o próprio corpo.

Como ajudar?

A Sociedade Espírita Casa do Caminho fica na Folha 32, Quadra 03, Lote 05, na Nova Marabá. Além de absorventes, a instituição recebe roupas e calçados em bom estado. As doações para pessoas em situação de vulnerabilidade social podem ser feitas às segundas, terças, quartas e sextas-feiras, sempre a partir das 19h30, e aos sábados, às 15h.

Pará