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Câncer de ovário matou 97 mulheres no Pará em 2024, diz Sespa

Especialistas reforçam que informação, exames de rotina e acesso rápido à rede pública podem salvar vidas

Danilo Alves | Especial para O Liberal

No Dia Mundial de Conscientização sobre o Câncer de Ovário, o Pará registrou no ano passado 97 mortes de mulheres vítimas da doença, conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa). O número faz parte de uma estatística que poderia ser menor se mais mulheres tivessem acesso à informação, exames de rotina e diagnóstico precoce.

Os dados da Sespa mostram que, além dos 97 óbitos, o estado registrou 116 casos em 2024. Em 2023, foram 121 diagnósticos e 93 mortes. Já em 2025, até o momento, nenhum novo caso ou óbito foi registrado — um alívio que não pode ser motivo de descuido.A data é lembrada todos os anos por instituições de saúde e movimentos sociais para conscientizar sobre os riscos e desafios dessa doença ginecológica que, apesar de grave, ainda é pouco discutida. O câncer de ovário é silencioso, muitas vezes só dá sinais quando já está em estágio avançado.

As unidades de referência para diagnóstico e tratamento incluem o Hospital Ophir Loyola e o Hospital Universitário Barros Barreto, em Belém; o Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém; e o Hospital Regional do Sudeste, em Marabá. Mas o caminho até esses hospitais, muitas vezes, é barrado pela desinformação, distância ou até pelo medo do diagnóstico. Foi o que revelou o cirurgião oncológico Rodrigo Custódio, do Hospital Ophir Loyola, referência no tratamento da doença no estado.

“O grande problema é que o câncer de ovário geralmente só se manifesta quando está em fase avançada. E aí o atendimento vem tarde demais. Já vi pacientes chegarem em estado tão grave que não deu tempo nem de começar o tratamento”, explicou. 

De acordo com o médico, detectar o câncer de ovário em fase inicial faz toda a diferença. “Se o tumor é descoberto cedo, as chances de controle e de aumento da sobrevida são muito maiores. Em estágios iniciais, a taxa de sobrevida pode ultrapassar os 70% em cinco anos. Em fases avançadas, cai para menos de 50%”, esclareceu.

O problema é que os sintomas são facilmente confundidos com outros incômodos do dia a dia: inchaço abdominal, dores pélvicas, alteração no funcionamento do intestino, perda de apetite, cansaço. “São sinais que muitas mulheres ignoram ou só procuram ajuda quando estão persistentes. E aí já pode ser tarde”, alertou o especialista.

O que fazer?

Apesar de não haver um exame específico para rastreio populacional como o Papanicolau (que detecta câncer do colo do útero), a recomendação é que mulheres façam acompanhamento ginecológico regular e fiquem atentas a mudanças no corpo. Em caso de suspeita, o ultrassom transvaginal e exames laboratoriais específicos podem ajudar no diagnóstico.

Mulheres com histórico familiar de câncer de ovário ou de mama devem redobrar a atenção. E mesmo aquelas que já passaram da menopausa precisam continuar cuidando da saúde ginecológica. “A doença é mais comum em mulheres entre 60 e 80 anos, mas não escolhe idade. Temos casos de pacientes jovens também”, destacou o médico.

Campanha que salva

Conforme o cirurgião oncológico, o Dia Mundial do Câncer de Ovário existe justamente para isso: para lembrar que a informação pode salvar vidas. É a chance de falar sobre o assunto, explicar que existe tratamento, que o tumor tem cura quando diagnosticado cedo e que o medo não pode ser maior que o cuidado.

“A campanha é fundamental. Quando se fala mais sobre a doença, as pessoas começam a prestar atenção nos sinais. Começam a procurar atendimento mais cedo. E isso pode mudar tudo”, reforçou.

Fique atenta: o que pode ser sinal de alerta para o câncer de ovário?

• Inchaço abdominal que não passa
• Dor ou desconforto na região pélvica
• Sensação de estômago cheio rapidamente ao comer
• Alterações no intestino ou bexiga
• Cansaço excessivo ou perda de peso sem explicação

Pará