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Campanha da Fraternidade propõe ecumenismo para combater intolerância

"Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor" é o tema da CF 2021, que será lançada no próximo dia 17

Eduardo Rocha

Em um momento delicado como a pandemia causada pela covid-19, lideranças religiosas se unem para mostrar ser possível superar a intolerância e construir uma sociedade mais fraterna. Essa ação é motivada pela Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 (CFE 2021), que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove em conjunto com outras instituições religiosas.  Com o tema "Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor" e o lema "Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade ", a Campanha será lançada na Quarta-Feira de Cinzas, dia 17 próximo, e será aberta em Belém no dia 20.

Esse tema e lema foram definidos em reunião do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), formado pelas Igrejas Católica Apostólica Romana (ICAR), Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB), Presbiteriana Unida (IPU), a Sirian Ortodoxa de Antioquia (ISOA) e a Aliança de Batistas do Brasil, como informou a secretária-geral do Conic, Romi Bencke. Em sintonia com a CNBB e outras instituições cristãs, dirigentes da Arquidiocese de Belém organizam a programação em nível local. A Campanha, em sua 5ª edição, acontece após seis anos e motiva pessoas de credos diferentes.

Diálogo

É o caso do reverendo Marcos Barros de Souza, da Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, na Diocese Anglicana da Amazônia, com sede em Belém. "Penso que estamos vivendo um momento de polarização único na história, que faz as pessoas inimigas e motiva raiva e ódio, que expõe todo tipo de intolerância, políticas, étnicas, econômicas, e principalmente religiosas", observa. "As Campanhas da Fraternidade Ecumênicas nos chamam como pessoas cristãs a perceber e proclamar que o que nos separa não é a fé, mas o pecado, especialmente a injustiça, a violência, a miséria, a discriminação, a insensibilidade com a dor das outras pessoas humanas. E ao denunciar isto a CFE nos chama à conversão e à Unidade visível em Cristo", acrescenta.

Na avaliação do reverendo Marcos, falta maturidade para se viver em harmonia, e , assim, “a infantilidade nos leva a agredir como defesa". "Nós não fomos criados e muitas pessoas ainda não são criadas a resolver problemas com o diálogo. Mas principalmente a sociedade em que vivemos é baseada na disputa e na competição, e não na solidariedade", afirma. Ele frisa ser possível a convivência harmoniosa.  Sem a tolerância, como destaca  Marcos, vêm a desigualdade, a injustiça, o racismo estrutural, a ganância. "Se vejo um Deus machista, paternalista, imperialista, insensível e guerreiro, então minha fé, minha religiosidade, por mais que fale nos valores humanos, nunca será uma fé solidária, compreensível, pacífica, fraterna, igualitária", completa.

Amor

A pastora Cilene Bastos, da Igreja Presbiteriana Unida da Amazônia, destaca que “na proposta da Igreja Presbiteriana Unida, desde sua fundação, estava inclusa a visão ecumênica, pois entendemos que nossas diferenças nos enriquecem e nos fortalecem na busca pela paz e harmonia para toda a criação do Deus pai/mãe”. Como ressalta a pastora, Jesus foi o exemplo maior de amor incondicional pela humanidade, chegando a dar a própria vida pelas pessoas. E essa lição de amor, como diz pastora Cilene, está presente hoje, na pandemia.

“Sabemos que há muitas pessoas, motivadas por amor, colocando suas vidas em perigo para salvar outras, não importando suas crenças.  A nossa convivência hoje precisa ser baseada no amor que protege por meio do distanciamento. E quem busca a preservação da vida entende a importância dos cuidados necessários no combate a pandemia”, arremata.

O pastor Nicolau Paiva, da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil (IECLB), atua na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana em Belém (PECLB) e no Conselho Amazônico de Igrejas Cristãs (CAIC). “Queremos incentivar a vivência dos valores do evangelho e pedir com insistência e humildade: ORAR+AGIR=ORAÇÃO. O mundo carece de paz, viver a Esperança das esperanças”, salienta.

Pastor Nicolau destaca que “a pandemia não é a causa da crise econômica, é consequência dela”. A crise econômica, como diz, é fruto do desenvolvimento tecnológico, produzindo mais do que a humanidade consegue consumir, e o incentivo ao consumismo leva à destruição do meio ambiente, em um processo cumulativo. “Se não houvesse essa crise econômica, social e política, o coronavírus seria controlado como mais um vírus em meio a tantos outros que provocam doenças respiratórias”, ´para exemplificar a necessidade da fraternidade no mundo.

Pará