Bullying: saiba como prevenir essa prática de violência entre crianças e adolescentes em escolas

Psicóloga orienta pais e mães a identificar se os filhos e filhas sofrem ou praticam Bullying no ambiente escolar

Eduardo Rocha
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O caso recente da morte de Carlos Teixeira Gomes Ferreira Nazarra, de 13 anos, após ter sido agredido por estudantes na escola em que estudava, acendeu um alerta sobre o Bullying. O adolescente foi espancado no dia 9 deste mês em Praia Grande, litoral de São Paulo, e morreu na última terça-feira (16/04). A tragédia chamou atenção dos gestores de estabelecimentos escolares e famílias de alunos no país. Por isso, é importante aos pais de estudantes, em diferentes faixas etárias, identificar se o filho ou filha está sofrendo ou praticando Bullying no ambiente escolar. Um auxílio nesse sentido é dado pela psicóloga clínica especialista em atendimento a crianças e adolescentes, Érica Vieira.

Érica explica que o Bullying é uma palavra, em inglês, que nomeia atos de agressão física e/ou emocional repetitivos contra indivíduos, que não são aceitos pelos demais em um determinado núcleo de convivência social. Praticados com indivíduos de vulnerabilidade emocionais, causam consequências psicológicas, desencadeando, muitas vezes, algum tipo de transtorno e sintomas como depressão, ansiedade, embotamento afetivo.

Sinais

Acerca de como pais podem identificar em filhos e filhas se estão sofrendo ou praticando esse tipo de violência, Érica Vieira destaca que "o diálogo é uma ferramenta potente no combate ao Bullying, a interação estreita entre responsáveis e escolas diminui a ocorrência deste ato de violência; dialogar é um caminho eficaz para observar mudanças de humor, isolamentos, irritação, dificuldade para dormir, apatia, entre outros sentimentos, que acompanham o indivíduo que sofre com o Bullying". 

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Crianças e adolescentes, como pontua a psicóloga, têm atitudes diferentes em vários núcleos de convivência, assim como o ser humano em geral; quando estão entre seus semelhantes, os pares, assumem atitudes semelhantes ao grupo como forma de identificação, para serem aceitos ou se sentirem parte de algo ou alguém.

Dialogar

Para que os pais possam identificar situações relacionadas ao Bullying nos filhos e filhas, é fundamental que os pais dialoguem com suas crianças e adolescentes. "Muito das atitudes deles são repetição da violência que sofrem em casa, a contemporaneidade nos convoca a reformular a maneira em que muitos tiveram suas criações. Em um determinado momento da história, pais não ouviam seus filhos, apenas davam ordens, e passaram a mudar a forma de criar seus filhos, sendo permissivos a ponto de beirar a negligência, de deixar as tomadas de decisões as mãos deles, indivíduos que ainda não possuem discernimento para definir o certo do errado. Frustrar é necessário", assinala Érica. 

"Não existe uma única fórmula para combater o Bullying, procurar culpados não é a solução, destituir o lugar dos responsáveis pode ser um agravante no combate a essa violência. O trabalho do psicólogo envolve também uma escuta aos pais, faz parte do trabalho desenvolvido no consultório", completa a psicóloga.

Entre as providências referentes a situações desse tipo, Érica Vieira ressalta que o  psicólogo é um profissional capacitado para a escuta e identificação do sofrimento psíquico, e, por meio de instrumentos específicos da profissão, é detectado se o indivíduo está em sofrimento por consequência do Bullying, e assim pode ser encaminhado ao atendimento adequado. "Ter acesso a um psicólogo deveria ser um direito a todos, principalmente de crianças e adolescentes", pontua Érica. 

Ao reforçar que a prática do diálogo é essencial na prevenção e combate a esse tipo de violência a crianças e adolescentes, a psicóloga orienta que "o ambiente escolar precisa ter profissionais capacitados para lidar com essas questões, promover rodas de conversas, palestras, interação com atividades recreativas em grupo, enfim, ações que promovam a empatia em seres em formação, mostrando que para que todos tenham direitos é necessário que também todos tenham deveres".

Prevenção

À Reportagem Integrada do Grupo Liberal, a Secretaria Municipal de Educação de Belém (Semec) informa que investe prioritariamente em formação permanente destinada aos profissionais da educação, incluindo alerta sobre Bullying e Cyberbullying, entendidos como intimidação sistemática envolvendo as mais diversas formas de violência - física, moral, psicológica, dentre outras - que, em geral, utilizam de elementos de gênero, classe, cor, sexualidade, religião, etnia, idade para a prática de violência. 

"Por trás dessa intimidação está o preconceito exposto por meio do racismo, sexismo, homofobia, capacitismo, intolerância religiosa, etarismo, etc. Para esse enfrentamento, a Semec trabalha com um conjunto de ações para fomentar a pluralidade de vozes, o respeito e o direito às diferenças, desenvolvendo projetos junto aos estudantes, num processo de ensino e aprendizagem para identificar atos abusivos no ambiente escolar", como repassa a Semec. 

A Secretaria informa que garante aos educadores e educadoras suporte para a escuta sensível de eventuais revelações espontâneas, flagrantes ou suspeitas e adota as medidas disciplinares internas da escola com a urgência que o caso requer. Identificadas infrações, a Secretaria encaminha para os órgãos que compõem a rede de proteção da criança e do adolescente. 

Tecnologia 

A Semec também disponibiliza o aplicativo “Guardiões” para a prevenção e identificação de casos de violência no ambiente escolar. O “Guardiões” está presente em todas as unidades de ensino, com apoio de 237 vigilantes. Ele tem na base de dados as informações pessoais dos profissionais e estudantes matriculados na rede municipal. 

O aplicativo serve para a notificação de casos de violência na comunidade escolar, uso de álcool e outras drogas, problemas de audição e visão, desnutrição, abusos sexuais e outras questões, como gravidez, união conjugal na adolescência e atualização do calendário vacinal.

Seduc

Já a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) informa que a equipe multidisciplinar do Programa Escola Segura realiza um trabalho constante de conscientização e sensibilização com toda a comunidade escolar, incluindo rodas de conversa e ações em atividades coletivas.  

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