MENU

BUSCA

Apenas 24,18% dos quilombolas, no Pará, receberam a segunda dose contra a covid

Mas Sespa garante que o Estado segue avançando na campanha de vacinação contra a doença

Dilson Pimentel

A vacinação das comunidades quilombolas, no Pará, está em ritmo lento. Dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública mostram que a população estimada de quilombolas é de 133.199 pessoas. Desse universo, receberam a primeira dose 60.156 (45.16%). E a segunda dose, 32.201 (24,18%). Os números da vacinação no Estado são atualizados diariamente, conforme os critérios estabelecidos por órgãos de Saúde, informa a Sespa. E, neste caso, as informações são de domingo (17). “Temos comunidades em Cametá, por exemplo, que não receberam nem a primeira dose”, disse, nesta segunda-feira (18), Raimundo Magno Cardoso, liderança quilombola da comunidade África (há comunidades quilombolas África nos municípios de Moju e Abaetetuba) e consultor de projetos Malungu, a Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará

“Os números de primeiras doses já foram baixos. Entretanto, eram um pouco melhorados em relação à segunda dose. Já no período de segunda dose, o número foi absolutamente baixo, considerando o registro geral, e, em alguns municípios, são ainda mais assustadores”, afirmou. “A população geral deveria atingir em torno de 70% (de imunização). Se a gente for recortar a população quilombola enquanto 100%, a gente está atingindo números baixíssimos. E a gente precisaria ter um número bastante elevado”, afirmou.

E, nesse contexto, há algumas questões a serem consideradas. Primeiro é que boa parte das comunidades não recebeu vacinas. “As pessoas são obrigadas a se deslocar por distâncias muito longas, o que cria dificuldades”, afirmou. Para outros locais, foi enviada a primeira dose, mas não a segunda. “É difícil”, afirmou. Há, ainda, o negacionismo, que foi disseminado entre as comunidades quilombolas. “Muita gente acabou não vacinando. É lógico que, entre os quilombolas, isso não foi um fator que influenciou significativamente, embora tenha causado aí uma certa possibilidade de alguma redução no número de pessoas que poderiam vacinar”, afirmou. A covid matou 97 quilombolas e infectou mais de 20 mil. Mas esses são os números levantados pelas próprias comunidades quilombolas.

A Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) informou que o Pará segue avançando na campanha de vacinação contra a covid-19. "No entanto, as informações no Vacinômetro sobre a aplicação das doses são fornecidas pelas secretarias municipais de saúde e que, por isso, pode acontecer certo atraso no preenchimento dos dados", afirmou. A Sespa informou ainda que orienta os municípios sobre a importância do fornecimento desses dados em tempo hábil.

 

Pará