Semana do Clima da Amazônia reúne empresas, sociedade civil e governo para discutir pauta ambiental
Evento pretende fazer da Amazônia o centro dos debates globais sobre mudanças climáticas e propor soluções estruturantes
Diversas empresas, entidades da sociedade civil e representantes dos governos iniciaram na manhã desta terça-feira (15/07) a I Semana do Clima na Amazônia, na Estação das Docas, em Belém. A iniciativa inovadora busca construir coletivamente uma visão de longo prazo na região para encontrar soluções e propor ações estruturantes para enfrentar desafios ambientais, sociais, econômicos e culturais da Amazônia, que serão levadas para os debates da COP30, em novembro. O evento seguirá até a próxima sexta-feira, dia 18 de julho.
O secretário executivo do Consórcio Interestadual Amazônia Legal, Marcello Brito, da organização do evento a COP30 representa uma oportunidade histórica para transformar promessas em políticas públicas com impacto direto nos territórios amazônicos. “Para isso, é fundamental que os compromissos firmados se apoiem em planos robustos, construídos com participação social e territorial. O Consórcio da Amazônia Legal tem atuado como articulador entre os nove estados, garantindo que decisões internacionais se traduzam em ações concretas, captação de recursos e apoio técnico a projetos regionais”, declarou.
Brito ressaltou na abertura que os desafios são grandes devido aos diversos interesses que estarão presentes nesta COP30. “Sabemos que esta será uma COP desafiadora, marcada por disputas geopolíticas, mas seguimos confiantes de que o Brasil e especialmente os estados amazônicos exerçam um papel firme e estratégico. A cooperação entre governos, doadores e sociedade civil será essencial para gerar resultados reais e duradouros para a região”, complementou.
A proposta é que a Semana do Clima da Amazônia aconteça anualmente, com edições realizadas nos diferentes estados da Amazônia Brasileira, para fortalecer a mobilização, o diálogo e a construção de soluções a partir dos territórios. O governador Helder Barbalho, que esteve presente na abertura do evento, ressaltou a importância de consolidar Belém e a Amazônia como protagonistas da discussão.
“Temos certeza de que poder realizar a primeira semana do clima na Amazônia, no Brasil, posiciona a nossa capital para que possamos valorizar aqui os nossos ativos ambientais, ativos florestais, a nossa academia, a ciência e também impulsionando novas economias. Economias baseadas na natureza, na geração de empregos verdes, para que a agenda da sustentabilidade possa estar diretamente atrelada ao nosso dia-a-dia e cotidiano”, destacou.
A programação oficial contará com painéis, encontros estratégicos, visitas de base comunitária e manifestações culturais. Em paralelo, uma agenda será descentralizada com atividades de organizações locais com seus próprios eventos — formato já adotado em outras Climate Weeks, como as de Nova York e Londres. A Semana terá como focos centrais temas relacionados a economias primárias e novas economias, agendas estruturantes e expressões culturais.
O CEO da Norsk Hydro Brasil Anderson Baranov esteve no painel de abertura do evento. A mineradora que é a principal patrocinadora do evento destacou os investimentos feitos na política de mudanças climáticas. “A Hydro por exemplo tem feito um investimento de quase R$ 14 bilhões em descarbonização, troca da matriz energética da Alunorte, investimento em plantas de energia renovável, mostrando todo o comprometimento não só da Hydro, mas da mineração como o todo”.
Para ele, a COP-30 será das pessoas, em que todos os setores e populações devem se envolver. “Mostrar tudo de bom, mas não deixar de mostrar os desafios que temos, porque quando fica transparente e todo mundo entende fica mais fácil de você encontrar uma união. Não só da indústria, da parte pública e das autoridades, mas também da sociedade como um todo e das comunidades”, apontou.
O diretor do Conselho Nacional das Populações Extrativista (CNS) e enviado especial para a COP 30, Joaquim Belo, afirmou que a ganância e a acumulação de riqueza é uma doença que está matando o planeta. Segundo ele, é preciso construir uma aliança em torno da vida e da humanidade.
“Essa Semana do Clima e esse conjunto de entidades que estão aqui têm a obrigação de construir alianças robustas e concretas para sairmos das encruzilhadas que nós nos metemos. Sabemos que os impactos das mudanças climáticas não são proporcionais a todos, mas elas vão chegar a todos. E a COP 30 no Pará e na Amazônia precisa ser diferente. Tenho acompanhado um pouco as COPs também e sei o quanto são sabotadas, o quanto as empresas estão por trás sabotando para esse debate não acontecer, mas acho que a gente precisa romper com essa visão”, destacou.
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