Primeira escola estadual bilíngue do Pará inspira estudantes e abre portas para oportunidades
Localizada no distrito de Icoaraci, a escola oferece disciplinas em português e espanhol desde o maternal até o ensino médio
O aprendizado de novos idiomas é um diferencial inspirador para os estudantes, especialmente para aqueles que estão no ensino fundamental e médio. Apostando nesse potencial, a rede estadual inaugurou, em abril deste ano, a Escola Estadual Mestra Idalina Rodrigues Pereira, a primeira escola estadual de ensino integral bilíngue do Pará, localizada no distrito de Icoaraci, em Belém.
Além do português, os alunos estão aprendendo espanhol, a principal língua estrangeira da escola. Embora as aulas ainda ocorram majoritariamente em português, o espanhol vem sendo gradualmente incorporado à rotina dos alunos, que antes não tinham contato com o idioma. O inglês também é ensinado, porém, com menos ênfase.
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Para Ana Beatriz Garcia, de 14 anos, que atualmente está no primeiro ano do ensino médio, a escola é o pontapé inicial para um grande sonho: conhecer diversos países. O sonho é incentivado pelos pais, que apostam nos estudos como caminho para um futuro brilhante para a estudante.
“Eu e meus pais gostamos muito de aprender sobre línguas estrangeiras, e eu tenho um sonho de visitar vários países. Quando meus pais souberam que iria inaugurar uma escola bilíngue do estado, pensamos que seria uma ótima maneira de eu evoluir nos meus estudos”, contou.
Segundo a aluna, ela e os colegas já conseguem manter conversas básicas em espanhol, e ela tenta levar o aprendizado para casa, investindo em livros, séries ou filmes em outros idiomas.
“A gente está conseguindo conversar de forma básica, consegue se comunicar um pouco. Depois que entrei na escola, tive mais contato com o espanhol, o que me deu mais interesse em aprender. Fui procurando assistir séries, fazer amizades com pessoas fluentes, para ter um pouco mais de fluência e aprender mais vocabulário, assim como acontece com o inglês”, disse.
Luísa Silva, de 15 anos, também no primeiro ano, já espera que o aprendizado na escola reflita no futuro profissional. “Estar estudando aqui vai me dar um futuro muito bom. Além de poder viajar, também vai me ajudar na vida profissional, porque hoje no mercado de trabalho saber falar outras línguas é uma grande vantagem”, afirmou.
Ensino reflete na autoestima dos alunos
Responsável por introduzir o segundo idioma na vida dos alunos, a professora de espanhol Milene Soares afirmou que o contato com uma nova língua tem transformado a autoestima e o dia a dia dos estudantes, tornando-os mais motivados a frequentar a escola.
“A mudança é cognitiva. Eles têm mais criatividade, mais entusiasmo, sentem-se mais motivados a aprender, inclusive outros idiomas. Pelos corredores da escola, se você dá um saludo em espanhol, automaticamente eles respondem ‘buenos días’ ou, se for à tarde, ‘buenas tardes’. Essa comunicação já está sendo processada por eles desde que iniciamos aqui na escola”, contou.
O método de ensino do novo idioma combina projetos, jogos e músicas, além das aulas tradicionais de gramática e pronúncia. Segundo a professora, os alunos demonstram entusiasmo constante, especialmente ao aprender algo novo.
“Eles demonstram a felicidade de aprender vocabulários novos. Quando apresento uma palavra que tem a mesma escrita em espanhol, mas com significado diferente, eles ficam ‘Nossa professora, eu sempre falei errado’ ou ‘Nossa, estou aprendendo uma palavra nova’. Então repetem e repassam para os colegas. Assim, a cada dia vamos adquirindo mais vocabulário”, explicou.
Ensino totalmente em espanhol será gradual
Além do idioma, os alunos também conhecem aspectos culturais dos países de língua espanhola. No entanto, apenas as aulas de espanhol são ministradas integralmente no novo idioma; as demais disciplinas continuam sendo ensinadas em português, e a adaptação gradual ao espanhol será progressiva.
“Estamos caminhando para que todas as disciplinas e áreas do conhecimento sejam em espanhol, iniciando o bilinguismo. Alguns professores já nos procuram pedindo orientação para desenvolver conteúdos de geografia, matemática, história e ciências em espanhol. Estamos avançando, mas, efetivamente, todas as aulas ainda não são em espanhol”, contou a professora.
Alta demanda
Quando foi inaugurada em abril, a escola teve uma procura de mais de duas mil pessoas para preencher as 600 vagas ofertadas pelo estado, incluindo educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Para a diretora da unidade, Cássia Araújo, o aprendizado de um segundo idioma terá um impacto significativo na vida dos alunos.
“Eles vão ter um impacto profissional e econômico. São crianças e adolescentes que não teriam a oportunidade de aprender um segundo idioma se não houvesse a escola, principalmente por fatores econômicos. A presença da escola tem um impacto social tremendo”, afirmou.
Segundo o secretário adjunto de educação básica, Júlio Meireles, da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), a escola é um diferencial na rede estadual e permite que os alunos tenham as condições necessárias para desenvolver o novo idioma.
“Esse é um projeto piloto que permite aos alunos aulas em dois idiomas, tanto em português quanto em espanhol, aprimorando seu desenvolvimento integral. Dessa forma, a geração de estudantes desta escola terá condições para se desenvolver plenamente e aprender o outro idioma, o que também trará melhores oportunidades profissionais. É uma escola que gera altas expectativas, sendo a primeira da rede pública no Pará a unir educação em tempo integral e bilinguismo, oferecendo mais oportunidades aos estudantes paraenses”, afirmou.
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