MENU

BUSCA

Pará registra 2,2 mil capturas de abelhas e insetos nos primeiro oito meses de 2025, aponta CBMPA

Nesta semana, em Belém, um enxame de abelhas com ferrão instalado em uma árvore na entrada de uma casa na rua Ó de Almeida, assustou moradores

Gabriel Pires

De janeiro a 18 de agosto deste ano, o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Pará (CBMPA) já registrou 2.212 ocorrências de captura de insetos, abelhas e similares no Estado, como apontam dados da corporação. Esse número representa quase metade das 4.411 ações desse mesmo tipo realizadas ao longo de 2024, ainda de acordo com o CBMPA. Nesta semana, em Belém, um enxame de abelhas com ferrão instalado em uma árvore na entrada de uma casa na Rua Ó de Almeida, bairro do Reduto, chamou a atenção e preocupou moradores e pedestres, na manhã da última segunda-feira (18).

Como relata a jornalista Kélem Cabral, que mora em uma das residências afetadas no trecho, a própria família sentiu os impactos com proliferação das abelhas na área. “O maior problema foi a segurança dentro da própria casa. Meu marido é alérgico e eu tenho uma filha de sete anos, então qualquer risco de ferroada poderia ser grave. Tivemos que criar estratégias: pedir ajuda a amigos para buscar minha filha na escola, ajustar a rotina de chegada em casa e até mudar o acesso, entrando pela garagem lateral para tentar manter uma distância mínima das abelhas”, comenta.

O problema foi solucionado na quarta-feira (20), quando Kélem solicitou a remoção das abelhas a partir de um serviço privado. “Um dos moradores conseguiu acionar o comandante da Zpol aqui do bairro. A partir daí, o caso começou a receber mais atenção. Por volta das duas da tarde, uma viatura do Corpo de Bombeiros veio até minha casa, avaliou a situação e explicou que provavelmente as abelhas estavam em migração, procurando um novo local para se instalar, e que talvez fossem embora em um ou dois dias”, acrescenta Kélem.

Inicialmente, de acordo com ela, a recomendação dada pelo Corpo de Bombeiro foi apenas evitar contato com os insetos. “Mas a colmeia estava a menos de dois metros do portão de entrada, o que tornava a convivência bem arriscada”, explica. “Quando liguei, a resposta foi que eles não poderiam fazer nada, só se as abelhas atacassem alguém. Disseram ainda que, como não estava em via pública, eu deveria contratar um serviço particular. Isso me deixou sem saída, porque o risco estava justamente na entrada da minha casa”.

Recomendações

O pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) da Amazônia Oriental, Daniel Pereira Santiago, alerta que o contato com essas abelhas não deve ser feito e que órgãos competentes devem ser acionados para retirar os animais. “Quando se identifica enxames, ao mexer, pode-se fazer com que esses indivíduos fiquem voando desordenadamente e pode entrar em outras casas, em outras residências e causar acidentes”, alerta.

“Existe uma legislação do Ibama que regulamenta que a Defesa Civil, a Polícia Civil e a corporação dos Bombeiros são os entes responsáveis para tomar as ações devidas nas regiões urbanas. A retirada de enxames de abelhas africanizadas nas zonas urbanas deve ser acompanhada pelo poder público no manejo da fauna sinantrópica nociva, pelo fato de que, nessas regiões, há muitas pessoas morando, muitas vezes com animais de estimação, às vezes com quintais”, afirma Santiago.

Entre outras recomendações, ele destaca: “No caso de identificar um enxame de abelhas africanizadas nas redondezas, nunca se deve, também, jogar pedra, tentar tirar. O importante é tentar avisar uma pessoa que tenha um conhecimento prévio [sobre o assunto]”.

De acordo com Daniel, quando se maneja esse tipo de indivíduo na zona urbana, deve-se “ter a certeza de que existe um isolamento necessário para evitar todos esses riscos”. "E havendo a possibilidade e acesso a esses enxames para salvamento, eles são resgatados e levados para um outro local que pode ser direcionado para uma associação de produtores, por exemplo, para se transformar em uma atividade lucrativa no campo. E tendo ainda outras instituições como a Emater, que pode auxiliar na capacitação dos produtores. Isso pode transformar esses animais que não são bem-vindos na zona urbana, mas na zona rural são geradores de renda”, acrescenta.

“Existem algumas iniciativas em que, devido à falta de conhecimento no manejo desses indivíduos por parte de certas instituições, são realizadas parcerias com associações de produtores, universidades e secretarias de agricultura. Nesses casos, os parceiros auxiliam, por exemplo, a corporação dos bombeiros a identificar se os enxames podem ser salvos”, lembra, também, o pesquisador.

Em casos quando não é possível salvar os animais, Daniel pontua: “Por outro lado, quando não é possível salvar os enxames, o poder público frequentemente necessita que uma autoridade com conhecimento no manejo desses indivíduos forneça as informações necessárias de que os indivíduos não têm salvação. Nesses casos, a corporação muitas vezes acaba por exterminá-los”.

Defesa Civil

A Prefeitura de Belém informou que a Defesa Civil orienta os moradores a não tentar remover ou manusear colmeias ou enxames por conta própria, por conta do risco de acidentes ou ataques. Ao identificar colmeias ou enxames em áreas urbanas, o morador deve acionar o Centro Integrado de Operações (Ciop), pelo número 190; o Corpo de Bombeiros, pelo 193; e, em caso de ataques, o Samu, que atende no 192.

Embora não exista uma legislação específica em nível municipal, estadual ou federal que defina responsabilidades sobre esse tipo de operação, a Defesa Civil de Belém segue um protocolo que garante a eficiência das remoções.