Ministra anuncia ações para combater violência sexual infantil no Marajó
Durante entrevista a veículos de imprensa, Macaé Evaristo destacou entrega de embarcações, fortalecimento dos conselhos tutelares e a campanha 'Lar Seguro'
Durante entrevista a veículos de imprensa, Macaé Evaristo destacou entrega de embarcações, fortalecimento dos conselhos tutelares e a campanha 'Lar Seguro'
O fortalecimento dos conselhos tutelares e a aquisição de embarcações são algumas das ações realizadas no Marajó, no Pará, no combate à violência contra crianças e adolescentes. É o que afirmou, nesta quinta-feira (15), a ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, durante entrevista no programa “Bom Dia, Ministra”. O programa contou com a participação do portal OLiberal.com, representado pelo jornalista Dilson Pimentel, e reuniu também jornalistas de portais de notícias e emissoras de rádio de várias regiões do país.
A ministra detalhou as ações da Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes. O dia 18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Ela informou que, no Pará, há um fórum permanente de acompanhamento das políticas públicas na região do Marajó, com foco no combate à exploração sexual infantil. “Temos uma agenda chamada Cidadania Marajó, que busca fortalecer os conselhos tutelares.”
O Programa Cidadania Marajó foi instituído pela Portaria nº 292, de 17 de maio de 2023, com o objetivo de desenvolver ações de enfrentamento ao abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes, promover os direitos humanos e garantir acesso a políticas públicas no arquipélago do Marajó. “Conseguimos, em parceria com a Itaipu, no ano passado, viabilizar embarcações para cinco municípios da região. Neste ano, também com apoio da Itaipu, teremos mais cinco embarcações destinadas a outros municípios”, disse.
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“Ela está sendo violentada por uma pessoa de muita proximidade. Tem medo, muitas vezes é ameaçada pelo agressor: ‘Se contar, vou matar a mãe’. Nossa campanha se chama ‘Lar Seguro’, porque precisamos romper com o pacto de silêncio que muitas vezes existe dentro do ambiente familiar”, completou. Nesse contexto, a ministra também abordou os perigos do ambiente digital para crianças e adolescentes. “Estamos expondo as crianças a um universo que desconhecemos. É bastante preocupante. Mais pessoas precisam participar desse debate, e é isso que estamos fazendo nesta semana: chamando a sociedade brasileira a proteger crianças e adolescentes.”
Ela ressaltou que construir um lar seguro é uma responsabilidade coletiva: “As famílias são educáveis. Assim como uma família aprende a ser abusadora, ela pode aprender a ser acolhedora. Isso passa por formação”, observou.
A ministra também comentou a proibição do uso de celulares nas escolas. “É fundamental discutirmos isso nesta semana, especialmente diante dos crimes no ambiente digital. Muitas vezes, crianças e adolescentes acreditam estar conversando com alguém de confiança, mas acabam sendo expostos a redes de pedofilia, exploração sexual e jogos de azar.” Ela citou ainda estudos que apontam os efeitos nocivos da exposição excessiva às telas, como ansiedade e influência de grupos que incentivam a automutilação.
“Tem muitos efeitos que precisamos cuidar”, disse. E mencionou o lançamento de um guia oficial sobre o uso de telas, promovido pelo governo federal, com recomendações baseadas em evidências científicas e nas melhores práticas internacionais. O documento orienta políticas públicas nas áreas de saúde, educação, assistência social e proteção. A ministra explicou que o uso de celulares pelas crianças deve respeitar fases do desenvolvimento:
“Assim como não oferecemos alimento sólido a um recém-nascido, também é necessário respeitar o tempo certo para o contato com telas. Especialistas recomendam zero exposição a telas até os dois anos de idade, pois a visão pode ser prejudicada”, afirmou. Ela disse ainda que a proibição do uso de celulares nas escolas foi positiva e bem recebida por diretores e professores, com relatos de fácil adaptação por parte dos alunos. “A mudança também impactou positivamente a sociabilidade. As crianças voltaram a brincar e os adolescentes a conversar. Quando ficam atrás da tela, esquecem o mundo ao redor”, destacou.
A ministra Macaé Evaristo defendeu também a regulamentação para proteger crianças e adolescentes influenciadores digitais: “O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) já prevê proteção, mas muitos fenômenos digitais surgiram após sua criação e não estão descritos em detalhes. Defendemos uma regulação ampliada, transparente e objetiva.”
Ela foi enfática ao afirmar que “trabalho infantil é trabalho. É preciso avançar no diálogo e conscientizar as famílias”. A ministra alertou que o conteúdo postado nas redes acompanhará a criança por toda a vida – e que ela ainda não tem maturidade para todas as escolhas. E considerou “muito preocupante” a exposição de bebês e crianças pequenas ao mundo digital: “Os pais dizem aos filhos para não abrirem a porta de casa para estranhos, mas acabam abrindo várias portas ao expor as crianças no ambiente digital. Há crianças de 7, 8, 9 anos expostas a esse universo, muitas vezes cercadas por adultos desconhecidos”, observou.