Nova rua da Marinha vira palco de rachas e grau de moto
O primeiro trecho recém-inaugurado da Rua da Marinha, no bairro da Marambaia, em Belém, tornou-se palco para a realização de rachas e manobras perigosas de motociclistas, popularmente conhecido como 'grau
O primeiro trecho recém-inaugurado da Rua da Marinha, no bairro da Marambaia, em Belém, tornou-se palco para a realização de rachas e manobras perigosas de motociclistas, popularmente conhecido como 'grau'. O trecho de aproximadamente 4,5 km não possui lombadas, radares, câmeras ou qualquer equipamento de fiscalização ou redutor de velocidade. Moradores e ciclistas denunciam que as infrações perigosas ocorridas durante a madrugada colocam em risco quem trafega ou anda pela via.
O ciclista Ferdinando Belucio, administrador, de 52 anos, que participa de um grupo de ciclistas do bairro, já foi alertado sobre os riscos para quem pedala na rua da Marinha. Moradores falaram para o grupo não pedalar de noite na via para evitar riscos. “Tem acontecido umas rachas aqui nessa via, porque como ela não tem lombada, não está totalmente sinalizada, não está concluída a obra, esses motoristas motoqueiros inventam de fazer as rachas a partir de meia-noite. O que acontece, nós ciclistas usamos essa via para curtir pedal. A gente vai para outros lugares distantes e demoramos para voltar. Quando a gente volta nesse horário estão planejando rachas”, diz.
No dia 17 de dezembro, um possível racha entre dois motociclistas sofreu um acidente gravíssimo com a morte de um ciclista na avenida Celso Malcher, no bairro da Terra Firme. O ciclista Marcelo da Silva Pinheiro atravessava a via na bicicleta quando dois motociclistas vinham em alta velocidade na contramão. Um dos motoqueiros atingiu Marcelo que caiu violentamente no chão e morreu no local. Os ciclistas da Marambaia temem que algo parecido possa ocorrer no bairro com as imprudências na rua da Marinha.
Apesar da rua da Marinha possuir ciclofaixas nos dois sentidos, os ciclistas cobram mais fiscalização de trânsito e equipamentos viários de segurança para o local. "Isso daqui é uma coisa que não vai acabar enquanto não houver fiscalização de trânsito. A gente vê aí que tem câmeras, mas essas câmeras as vezes funcionam, às vezes não. Por saber disso os motoqueiros não estão nem aí. Um avisa o outro", conta.
Um morador da Rua da Marinha, que não quis se identificar, detalhou que motoqueiros passam na via de madrugada fazendo muito barulho e empinando as motos. "É o que eles chamam de passar 'dando o grau'. É principalmente no final de semana a partir da noite. Há umas semanas um motoqueiro passou aí, perdeu o controle e bateu. Ele ficou uma semana ficou internado no Metropolitano, mas morreu. Morava aqui próximo", afirmou.
O morador conta que os riscos ocorreram desde o momento em que a rua da Marinha foi aberta para o trânsito. De acordo com ele, a Superintendência de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) não realiza fiscalização na área. “Eu acredito que deveria ter mais sinalização e lombadas. O carro faz a curva aqui no Rodolfo Chermont e dá uma acelerada legal. Deveria ter radar para controlar mais a velocidade das motos e dos carros. A gente fica com medo de um acidente desses, do carro perder o controle e parar dentro da nossa casa. É perigoso”, alerta.
A funcionária pública Yonara Montelo, 36 anos, pedala há cinco anos. Há aproximadamente um ano ela retornou para praticar o esporte. Yonara reclama da falta de espaços adequados e de educação no trânsito em Belém. Yonara que pedala de quatro a seis vezes por semana presença de muitas irregularidades diariamente.
"O maior risco é questão de moto, porque além deles andam em alta velocidade, especialmente eles respeitam a questão de sinalização, a questão dos ciclistas. A gente corre diariamente correndo risco. É um esporte que a gente escolheu fazer e gosta de fazer, por isso esperamos que haja mais melhorias", pontua.
Para Yonara, é preciso que haja mais investimentos no trânsito na Região Metropolitana de Belém. Ela aponta que em Ananindeua uma situação é pior que em Belém, com maior risco para os ciclistas. "Nem todas as ruas a gente encontram ciclofaixas e sinalizações. E também tem a conscientização dos próprios motoristas com relação à segurança dos ciclistas", complementa.
"Infelizmente, a gente sabe que está sujeito a esse tipo de risco. A nossa esperança é que haja mais fiscalização com relação a isso. Não há apenas com sinalização, ciclofaixas, mas também tem que ter fiscalização também do poder público, com os ciclistas e pedestres e outros que estão sujeitos a isso", cobra.
A Polícia Civil informa que, até o momento, não há registros de denúncias na delegacia que atende a área. O Governo do Estado informou que a responsabilidade pela instalação de lombadas, radares e fiscalização é da Secretaria Municipal de Segurança, Ordem Pública e Mobilidade de Belém (Segbel), da Prefeitura Municipal de Belém. O órgão foi procurado pela reportagem, mas não retornou até o fechamento desta edição.
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