MENU

BUSCA

Mulheres protestam contra a violência obstétrica em Castanhal

O grupo se concentrou na praça matriz da cidade para alertar sobre esse tipo de violência que afeta uma a cada quatro mulheres no Brasil, segundo pesquisas

Denise Soares / Especial para O Liberal

"Quando a gente fala de violência, as pessoas pensam que é bater, só bater, mas essa é a violência física. A violência obstétrica também pode ser psicológica, então essa mulher pode ouvir coisas assustadoras durante o processo gravídico puerperal, como: "cala a boca", "se você ficar gritando eu não vou te ajudar", "o seu bebê vai morrer", explica a doula Stella Lima, do grupo de apoio à gestante de Castanhal. Uma caminhada foi realizada, neste sábado (16), no município da região Nordeste do Pará, com o objetivo de chamar a atenção e alertar sobre o problema. 

Rita Monteiro sofreu violência obstétrica há quatro anos em um hospital do município.

"Teve violência psicológica, teve restrição de movimentos, eu fui obrigada a parir deitada, recebi exame de toque sem meu consentimento, sem me avisar. Ainda sofri epsiotomia, que é um corte no períneo, mesmo eu pedindo pra médica não fazer o procedimento. Eu levei mais de dez pontos no corte. Tive uma infecção e até hoje sinto dores no local", lembra a vítima, que denunciou o caso à autoridades de saúde.

Na semana passada, o Ministério Público de Castanhal recebeu vítimas de violência obstétrica para uma denúncia coletiva. O promotor de justiça Danilo Colares, acompanhou a manifestação.

"Tomamos um procedimento interno, administrativo, já marcamos reunião para ouvir as vítimas no auditório do Ministério Público. Também vamos ouvir o hospital, e partir disso vamos dar prazo pra que eles se adequem, principalmente na questão do atendimento e da qualificação dos profissionais que lá trabalham", esclareceu o promotor.

Na caminhada, o grupo pediu a construção de uma maternidade com atendimento humanizado às mulheres, entre outras reivindicações.

O ato percorreu ruas de Castanhal e houve distribuição de cartilhas informativas. O movimento teve apoio da Associação Brasileira de Advogados Criminalistas, que defendeu a importância de denunciar os casos de violência obstétrica.