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Mortes de motociclistas no trânsito aumentam 22% no Pará; especialista recomenda cuidado redobrado

No dia 27 de julho é celebrado o Dia Nacional do Motociclista, uma data que, mais do que comemoração, deve ser uma reflexão sobre a realidade enfrentada nas vias

O Liberal

O número de mortes de motociclistas no trânsito cresceu 22,9% em um ano no Pará. Os dados divulgados pelo Departamento de Trânsito do Estado (Detran) apontam que, em 2023, foram registrados 1.015 óbitos de motociclistas em acidentes. Já em 2024, esse número subiu para 1.248. O levantamento ainda mostra, em contrapartida, que houve redução nos acidentes com motos: de 12.444 em 2023 para 12.201 no ano passado. No dia 27 de julho é celebrado o Dia Nacional do Motociclista, uma data que, mais do que comemoração, deve ser uma reflexão sobre a realidade enfrentada nas vias. O especialista em trânsito Benedito Luis de França alerta sobre a necessidade de mais atenção e responsabilidade por parte dos condutores de motocicletas.

Durante todo o ano, os órgãos de trânsito realizam campanhas para conscientizar condutores sobre a importância da segurança e respeito às leis nas estradas, para evitar mortes. De acordo com Benedito Luis, a principal causa dos acidentes é o desrespeito às normas de circulação e conduta previstas no Código de Trânsito Brasileiro. “Infelizmente, a maioria dos motociclistas desrespeitam as regras gerais de circulação, principalmente nos corredores de tráfego e nas principais avenidas”, afirmou.

Para Benedito, há ainda o agravante do desconhecimento das regras por parte de muitos motociclistas. “Talvez muitos sequer saibam que já temos há bastante tempo o novo Código de Trânsito Brasileiro. Muitos motociclistas não conhecem essa legislação que rege todo o trânsito brasileiro.” Ele também destaca o número crescente de sinistros. “Se você procurar um hospital de urgência e emergência, como o Metropolitano, em Ananindeua, vai observar que cerca de 65 a 70% dos leitos são ocupados por vítimas politraumatizadas em acidentes de trânsito. A grande maioria são motociclistas”, diz o especialista.

Perigo

Entre as atitudes mais negligenciadas pelos condutores, ele destaca práticas recorrentes como pilotar sobre faixas de pedestres, calçadas, ciclovias, além de trafegar na contramão ou em alta velocidade. Benedito também chama atenção para o uso do celular, tanto por quem pilota quanto pelos passageiros da moto.

“O uso do telefone celular ao conduzir uma moto é uma infração extremamente perigosa. Você perde a atenção no trânsito, reduz a concentração e acaba provocando acidentes, muitos deles com danos irreparáveis, inclusive a perda da própria vida”, alertou.

Alerta

Ele ressalta que é fundamental que os motociclistas tenham consciência do risco que correm ao desrespeitar as regras.

“A maioria dos motociclistas desconhece a percepção do risco que estão correndo ao cometer uma infração. É preciso mudar o comportamento no trânsito e entender que pilotar com responsabilidade é o caminho para preservar vidas”, disse. França também comentou a experiência da cidade de São Paulo com o projeto da Faixa Azul, que consiste em criar um espaço exclusivo para motociclistas no tráfego. Segundo ele, a proposta surgiu como uma tentativa de melhorar a fluidez do trânsito, diante do alto número de motocicletas nas vias públicas.

Cuidados

O mototaxista Amilton Machado Barros, que trabalha diariamente nas ruas de Salinópolis, no nordeste do Pará, reforça a importância de atitudes simples para garantir a segurança de quem pilota e de quem está na garupa. “Quando o passageiro chega, eu entrego o capacete e peço para ele colocar certinho, não só para evitar multa, mas principalmente pela segurança dele”, afirma. Segundo ele, o cuidado começa antes mesmo de ligar a moto, com a escolha de roupas adequadas para proteção. “Uso sempre calça comprida, sapato, camisa de manga comprida para proteger do sol, que aqui é muito forte. E a luva é essencial, porque minha mão já chegou a ficar toda queimada.”

Amilton conta que nunca se envolveu em acidentes e atribui isso à atenção redobrada que mantém no trânsito. Para ele, o risco não está apenas na própria condução, mas também na imprudência dos outros. “A gente tem que dirigir por nós e pelos outros. Tem muita gente que não respeita o limite de velocidade. Onde é 60, querem correr a 100 km, 120 km por hora. Isso é muito perigoso”, alertou. Ele reforça que a velocidade é um dos fatores que mais geram acidentes, especialmente em áreas urbanas.

Além dos cuidados na pilotagem, ele também destaca a importância da manutenção preventiva da moto. “A cada mil quilômetros, eu troco o óleo, e a cada seis meses faço uma revisão completa”, explica. Para ele, manter o veículo em boas condições é parte essencial da segurança no trânsito. “Essa motocicleta é meu principal meio de transporte tanto para o trabalho quanto para resolver tarefas do dia a dia. É um veículo prático, rápido e que ajuda a fugir dos engarrafamentos. Mas, para ser seguro, precisa ser usado com responsabilidade”, concluiu o motociclista.

Educação no trânsito

Desde 2019, o Detran já capacitou 4.700 mototaxistas e motofretistas em cursos de formação e atualização, reforçando temas como segurança viária, legislação e qualidade no atendimento ao passageiro. Além disso, a tecnologia passou a ser aliada na proteção dos motociclistas. O sistema de videomonitoramento implantado nas rodovias estaduais vem ajudando a coibir infrações como a falta do uso do capacete, que caiu significativamente desde a implantação das autuações automáticas.

Nos locais onde as câmeras estão instaladas, os dados do Detran mostram que o uso do capacete passou a ser mais frequente. Na PA-412, que liga a BR-316 ao município de Vigia, em janeiro deste ano, quase 20 mil infrações foram registradas pelo não uso do capacete. Já no último mês de junho, três meses após a implantação do videomonitoramento, o registro caiu para 4.272 autuações, uma redução de 78,47%.

Na PA-391, a Belém/Mosqueiro, o sistema de videomonitoramento do Detran foi implantado há mais tempo, entre 2023 e 2024. Desde então, o número de motociclistas usando capacete na rodovia aumentou em aproximadamente 67%. Em junho de 2023, antes da implantação do sistema, 3.097 motociclistas foram autuados na PA-391, um ano depois, em junho de 2024, com o videomonitoramento funcionando, foram apenas 1.023 registros.