Mãe com casal de filhos são os casos suspeitos de variante Delta, em Belém
De acordo com a Sespa, os irmãos vieram de Portugal e tiveram contato com a mãe na capital paraense
Os três casos suspeitos de variante Delta no Pará são referentes a integrantes da mesma família. Um casal de irmãos vindos de Portugal e a mãe deles, com quem tiveram contato em Belém. As novas informações foram divulgadas pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), que já tinha confirmado as suspeitas desde o fim da manhã desta segunda-feira (30), mediante solicitação do Grupo Liberal. Ainda não foi informado o estado de saúde dos três, mas as amostras estão sendo investigadas pelo Laboratório Central do Estado do Pará (Lacen/PA).
"Todo o viajante que vem de fora do Estado ou do País e testa positivo para covid-19 tem o caso investigado para identificação de qual variante pode estar circulando. No caso das três amostras em investigação, tratam-se de duas pessoas do sexo feminino e uma do sexo masculino, sendo um casal de irmãos que veio de Portugal e a mãe deles, com quem tiveram contato em Belém", informou a Sespa, em nota.
"A Sespa ressalta que o monitoramento, bem como o acompanhamento dos pacientes é de responsabilidade da vigilância do município. Informa, ainda, que as amostras passam por análise no Lacen para identificar se são passíveis de sequenciamento e posterior envio ao laboratório de referência", detalhou o comunicado. A reportagem tenta contato com a Prefeitura de Belém para saber o estado de saúde dos pacientes.
Caso confirmado recuperado
Também de acordo com a Sespa, o único caso confirmado de variante Delta no Pará já está recuperado. No último dia 5 de agosto, o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão ligado à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS), confirmou o primeiro caso da variante no Pará. No dia 30 de julho deste ano, a instituição recebeu amostras de dois casos confirmados de covid-19, suspeitos de infecção pela Delta do SARS-CoV-2.
As amostras foram enviadas pelo Lacen para o sequenciamento genômico, que confirmou a presença da variante. Na ocasião, uma paciente de 26 anos, que veio dos Estados Unidos, foi positivada e teve o caso monitorado pela Sespa. "A paciente já passou o período de infecção e teve a saúde restabelecida", informou a Secretaria, na tarde desta segunda.
Monitoramento
No último domingo (29), o Amazonas registrou mais 12 casos de covid-19 pela variante Delta (B.1.617.2 – AY.4). Com os novos registros, subiu para 18 o número de casos registrados dessa linhagem do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Estado. Com novos casos no território vizinho e em outros estados, o Pará mantém o monitoramento.
A Sespa informou que tem feito o monitoramento e recomendações constantes para a intensificação da vigilância em portos, rodoviárias e aeroportos, de modo a garantir a rápida identificação, notificação da ocorrência de casos suspeitos e contenção da disseminação da nova cepa.
Esse trabalho é feito por meio do Centro de Operações Emergenciais da Covid-19, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Vigilância Sanitária estadual, Lacen, Vigilância Epidemiológica e Centros Regionais de Saúde. De acordo com o órgão, a vigilância e coleta de material com exames para o sequenciamento do vírus, assim como a barreira sanitária no Aeroporto Internacional de Belém, foram intensificados.
Vacinas
A nota da Secretaria destaca, ainda, a importância de atentar para as recomendações dos laboratórios farmacêuticos responsáveis pela produção das vacinas anticovid em distribuição no País quanto à cobertura integral dos imunizantes, com as duas doses indicadas. "As vacinas mostraram resultados favoráveis de qualidade, segurança e eficácia quando realizada a segunda dose dos imunizantes. Por isso, para se ter a garantia da correta imunização, deve-se seguir as recomendações do Ministério da Saúde, que estão de acordo com as recomendações das respectivas fabricantes", diz a nota.
Até a tarde esta segunda, conforme balanço divulgado pela Sespa, 2.197.639 pessoas já haviam recebido a 2ª dose no Pará. Porém, ainda há um déficit de 298.131 pessoas em atraso com a segunda dose. Outras 2.239.128 aguardam a data agendada para a 2ª dose.
Especialista alerta para a importância da segunda dose
O infectologista Lourival Marsola, de Belém, reforçou um alerta que muitos especialistas da área já fizeram: a variante Delta, descrita pela primeira vez em outubro de 2020, na Índia, tem maior transmissibilidade e apenas com o esquema vacinal completo é possível diminuir consideravelmente os riscos. "Essa variante tem bem descrita a sua capacidade maior de se multiplicar, de passar de pessoa para pessoa. É bem mais transmissível que as demais variantes. Essa característica faz com que ela seja disseminada mais rapidamente em uma população não vacinada", disse.
Registros apontam um aumento da transmissibilidade desde o mês de julho. "Estudos publicados em revistas internacionais com a avaliação das vacinas frente à variante Delta mostraram que somente com as duas doses da vacina se consegue uma boa proteção contra as formas moderada e grave da doença, e, consequentemente, a redução dos óbitos. O estudo mais volumoso traz a avaliação das vacinas da Pfizer e da Astrazeneca, mostrando que, uma dose desses imunizantes garante ao organismo uma proteção de 30% ou menos contra as formas sintomáticas moderadas/graves, uma estimativa muito baixa", avaliou Marsola.
"No entanto, quando se recebe as duas doses, a proteção sobe para níveis similares aos detectados nos estudos de avaliação de eficácia das vacinas. Também há estudo feito com a Coronavac, mostrando que apenas com as duas doses seria possível manter a proteção contra as formas moderada/grave. A lição que tiramos desses trabalhos é a seguinte: independente da variante, é fundamental que o cidadão tome as duas doses ou a dose única da Janssen", recomendou o infectologista.
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