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Doação de medula óssea: veja quem pode doar e como ser doador no Pará

A doação de medula óssea ajuda pacientes com leucemias, linfomas, mieloma múltiplo, aplasia de medula óssea, síndromes mielodisplásicas e doenças hereditárias do sangue

O Liberal

Até agosto de 2025, o Pará registrou um total de 2.310 doações de medula óssea, segundo os dados da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). O levantamento, feito com base nas informações da Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (Hemopa), também aponta que, em 2024 e 2023, ocorreram 2.733 e 2.317 processos de doação de medula, respectivamente. O Estado vem apresentando um aumento na contribuição dos doadores voluntários, ato fundamental para ajudar pacientes que não conseguem mais produzir células sanguíneas saudáveis, seja por câncer, falhas congênitas ou doenças adquiridas.

Em relação aos transplantes, até agosto de 2025, o Pará realizou 14 procedimentos. Nos anos anteriores, foram 28 transplantes em 2024 e 20 em 2023. No mesmo período de 2025, 191 pacientes diagnosticados com leucemia já receberam tratamento especializado no estado. A Sespa destaca que, ao contrário dos transplantes de órgãos sólidos, os de medula óssea não seguem uma lista única e cronológica de espera, já que a realização depende principalmente da compatibilidade genética (HLA) entre paciente e doador. Por esse motivo, o número de pessoas que aguardam pelo procedimento não é fixo e varia conforme a disponibilidade de compatibilidade.

Doações

Para ampliar as chances de pacientes que não têm doador compatível na família, o Brasil conta com o Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), criado em 1993 e administrado pelo Ministério da Saúde desde o fim da década de 1990. De acordo com Danielli Oliveira, coordenadora do Redome, a iniciativa é fundamental para garantir mais oportunidades de transplante, tanto no Brasil quanto em outros países.

“Apenas entre 25% e 30% dos pacientes conseguem um doador totalmente compatível na família. O Redome atua no SUS e na rede privada. Todo paciente que precisa de transplante e não tem doador familiar entra no sistema, e todos os doadores cadastrados ficam disponíveis, independentemente da origem do atendimento”, reforça.

A busca por compatibilidade é feita de forma contínua, e não por ordem de inscrição. “Não existe fila. Quando um doador é compatível com determinado paciente, o processo pode ser iniciado imediatamente, independentemente de quem entrou antes ou depois no cadastro”, explica Danielli Oliveira.

Em quais doenças a doação pode ajudar

A doação de medula óssea é indicada para o tratamento de várias doenças graves que afetam a produção de células do sangue. Entre elas:

Leucemias;

Linfomas;

Mieloma múltiplo;

Aplasia de medula óssea (anemia aplástica grave);

Síndromes mielodisplásicas;

Anemia falciforme e talassemias;

Imunodeficiências congênitas;

Essas condições comprometem a medula óssea do paciente, impedindo a produção adequada de células sanguíneas. O transplante devolve células saudáveis, que passam a produzir sangue normalmente, oferecendo uma nova chance de vida.

Quem pode doar

Desde 2021, o cadastro é aberto para doadores voluntários, que devem ter entre 18 e 35 anos. Essa pessoa permanece cadastrada até os 60 anos, podendo ser contactada no momento em que um paciente compatível precise de transplante. A faixa etária para entrar no sistema da doação foi definida com base em estudos que indicam maior sucesso nos transplantes realizados com doadores jovens.

No entanto, existem restrições. Pessoas com doenças transmissíveis pelo sangue (como HIV e hepatite C), histórico de câncer, doenças autoimunes sistêmicas (como lúpus e artrite reumatoide) e diabetes tipo 1 não podem se cadastrar.

“É importante lembrar que, ao se cadastrar, a pessoa não está doando ainda. Ela apenas informa sua disponibilidade e fornece uma amostra de sangue para análise genética. A doação em si só acontece se houver compatibilidade com algum paciente e a pessoa doadora aceitar fazer o procedimento”, destaca a coordenadora.

Além disso, a atualização dos dados cadastrais é essencial. “Não adianta termos um doador compatível se não conseguimos localizá-lo. Por isso, pedimos que todos mantenham telefone e endereço atualizados no site ou no aplicativo do Redome”, alerta Danielli Oliveira.

Como é feita a doação

Um dos principais mitos é confundir medula óssea com medula espinhal. A médica explica: “A medula óssea é a fábrica do sangue e fica dentro dos ossos, não tem nenhuma relação com a medula espinhal. O risco de paralisia não existe”.

Existem duas formas de coleta:

Pelas células-tronco do sangue periférico, método mais comum atualmente, que representa cerca de 70% dos casos no Brasil. O doador recebe medicação por cinco dias para estimular a produção das células, que depois são coletadas por um procedimento semelhante ao da doação de plaquetas.

Pela medula óssea, em centro cirúrgico, sob anestesia, com punção no osso do quadril. A recuperação leva, em média, uma semana.

Em ambos os casos, a escolha da forma de coleta é feita em conjunto entre a equipe médica e o doador, após consultas e esclarecimento de dúvidas.

Como se cadastrar no Pará

O Hemopa coleta amostras de sangue para cadastro de novos doadores, que pode ser feito por qualquer pessoa entre 18 e 35 anos, em bom estado de saúde. O voluntário deve apresentar documento de identidade com foto, preencher uma ficha com dados pessoais e doar uma pequena amostra de sangue. O material é enviado para análise de compatibilidade genética e inserido no Redome, que cruza os dados de doadores com pacientes que aguardam por um transplante.

Para realizar o cadastro no Pará, basta procurar qualquer hemocentro, hemonúcleo, posto de coleta ou campanhas externas da Fundação Hemopa, realizadas em parceria com instituições públicas e privadas. É igualmente fundamental que os voluntários já cadastrados mantenham seus dados pessoais e endereços atualizados, garantindo que, em caso de compatibilidade, o contato seja rápido e eficiente para salvar uma vida.

A lista de hemocentros está disponível no site redome.inca.gov.br, que também oferece um chatbot para dúvidas, área interativa e orientações sobre como manter os dados atualizados.