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Diabetes: diagnóstico precoce ainda é essencial para evitar complicações, alerta endocrinologista

Sintomas são sinais de alerta para evitar agravamento da doença, de acordo com a médica Rafaela Miranda

O Liberal

Lembrado nesta quinta-feira (26), o Dia Nacional do Diabetes chama a atenção da população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença, como alerta a endocrinologista Rafaela Miranda, de Belém. No Pará, cerca de 440 mil pessoas têm diagnóstico de diabetes, como apontam dados do Ministério da Saúde. Aproximadamente 70% desses casos são detectados tardiamente. Em nível nacional, mais de 16 milhões convivem com a condição, colocando o Brasil na sexta posição no ranking global de incidência, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF). 

Rafaela Miranda alerta que identificar a doença o quanto antes é essencial para evitar complicações graves. "Quando a glicemia está muito alta, surgem sintomas como sede excessiva, aumento da frequência urinária, feridas que demoram a cicatrizar e infecções recorrentes. Outro sinal de resistência à insulina são manchas escuras na região do pescoço, que eventualmente coçam. Se alguém perceber esses sinais, deve procurar um médico imediatamente", orienta a especialista.

O diabetes tipo 2, que afeta 90% dos diabéticos no Brasil, é frequentemente desencadeado por fatores como sedentarismo, obesidade e alimentação inadequada. Esta variação do problema ocorre quando o corpo se torna resistente à insulina ou não produz insulina suficiente, o que leva ao aumento dos níveis de glicose no sangue. Já o diabetes tipo 1, uma doença autoimune, ocorre quando o sistema imunológico ataca as células produtoras de insulina no pâncreas.

Nos últimos 25 anos, os casos de diabetes aumentaram 403% no Brasil, reflexo das mudanças no estilo de vida da população, como o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e o sedentarismo. Quando não controlada, a doença pode causar problemas cardiovasculares, perda de visão, neuropatia (danos aos nervos, com sintomas como dor, formigamento e até dificuldades motoras) e o temido pé diabético, que pode resultar em amputações.

Mudança no estilo de vida

O diabetes tipo 2 pode ser prevenido e controlado com mudanças no estilo de vida, de acordo com a endocrinologista Rafaela Miranda. A prática regular de atividade física é indispensável, segundo a médica. "São recomendados 150 minutos de exercício leve ou moderado por semana, o que pode ser feito com caminhadas, natação ou outras atividades que aumentem a frequência cardíaca. O exercício regular ajuda a controlar os níveis de glicose e diminui o risco de complicações", explica Miranda.

Além disso, adequações na dieta do paciente são fundamentais. "A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos cinco porções diárias de frutas, verduras e legumes, o que equivale a cerca de 400 gramas por dia. A ingestão de alimentos ricos em fibras auxilia no controle da glicemia e melhora a saúde geral", afirma.

Manter um peso saudável é indispensável também está como uma das medidas para combater e reforçar o tratamento da diabetes. "Para aqueles com sobrepeso ou obesidade, a redução de 10% do peso corporal pode trazer benefícios significativos. Essa redução pode ocorrer gradualmente, ao longo de seis meses, por exemplo ", recomenda a endocrinologista.

Tratamento contra a doença

O aposentado José Maria Melo, de 58 anos, morador de Belém, enfrentou o diagnóstico tardio da doença e mudou os hábitos para cuidar da saúde. Em 2017, ele descobriu a doença de forma traumática. Após um pequeno ferimento no dedo, uma infecção se espalhou rapidamente e, em poucas horas, a condição causou danos irreversíveis na vida dele.

Após o choque, o aposentado precisou mudar hábitos e cuidar melhor da saúde. "Nunca imaginei que algo tão simples, como um ferimento, pudesse virar um problema tão grande", reflete. Por conta da doença, ele adotou uma alimentação mais saudável, começou a praticar exercícios físicos e passou a controlar os níveis de glicose para evitar novas complicações. "A transformação foi radical, mas necessária. Parei de beber e diminuí bastante o consumo de farinha nas refeições. Se eu não tivesse mudado, não sei onde estaria hoje", revela.

Serviço

Caso haja suspeita de diabetes ou a necessidade de acompanhamento especializado, o primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima. O médico clínico da UBS realizará a avaliação inicial e, se necessário, encaminhará o paciente para o Hospital Universitário João de Barros Barreto, por meio do sistema de regulação da Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma).

O hospital é referência no tratamento da doença no Pará e oferece atendimento multidisciplinar e personalizado para os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) na capital paraense. O atendimento será realizado com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, garantindo um cuidado personalizado e adequado às necessidades do paciente.