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Comunidades do Combu recebem tecnologia sustentável de captação de água da chuva pela Semas

A iniciativa faz parte do projeto “Água para Todos”, realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) e Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio)

Agência Pará

A Área de Proteção Ambiental (APA) da Ilha do Combu, quarta maior Ilha da região insular de Belém, está recebendo um sistema inovador de captação de água da chuva, voltado a garantir segurança hídrica e promover a sustentabilidade para as comunidades tradicionais da região. A iniciativa faz parte do projeto “Água para Todos”, realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Clima e Sustentabilidade (Semas) e Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor-Bio), com apoio financeiro da empresa New Fortress Energy.
 
A rede de parcerias de implementação do projeto também é composta pela Pluvi Soluções Ambientais Inteligentes, Prefeitura de Belém, Universidade Federal do Pará (UFPA), por meio do Núcleo de Meio Ambiente (Numa), e Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM).

Localizada a poucos minutos do centro da Região Metropolitana de Belém, a escolha da Unidade de Conservação (UC) para receber o novo sistema considerou a vulnerabilidade no abastecimento de água potável enfrentada pela população local. A iniciativa busca atender a uma demanda urgente, aliando soluções de adaptação climática às políticas de desenvolvimento sustentável que valorizam os modos de vida tradicionais da comunidade.

O "Água para Todos" está inserido dentro do Programa Regulariza Pará, coordenado pela Secretaria Adjunta de Gestão e Regularidade Ambiental, vinculado ao componente de ordenamento territorial e ambiental de implementação da Política Estadual de Mudanças Climáticas.

"O projeto é uma solução baseada na natureza (SbN) que tem como objetivo o aproveitamento da água da chuva, com sua transformação em água potável, por meio de um sistema inteligente de captação, filtragem, desinfecção e abastecimento. Estamos falando de comunidades cercadas por água doce, mas sem acesso à água potável, o que torna este projeto uma implementação real e urgente de um direito humano básico de acesso à água de qualidade, essencial à saúde e à dignidade das pessoas", destacou o secretário-adjunto da Semas, Rodolpho Zahluth Bastos.

"Além disso, a iniciativa adota uma tecnologia social adaptada à realidade das populações ribeirinhas, o que representa um diferencial do projeto, que contribui diretamente para o alcance de diversos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)", finalizou.

O projeto iniciado em janeiro de 2025, está em fase final de implantação no trecho do Igarapé do Piriquitaquara na ilha do Combu,

Inovação 

O novo sistema de captação pluvial, chamado PluGoW, é uma tecnologia desenvolvida pela startup Pluvi. Com formato tubular em cálice, o reservatório pode armazenar até 5 mil litros de água e funciona de forma autônoma, utilizando energia solar para bombear e pressurizar a água, sem necessidade de equipamentos pesados ou estruturas complexas.

No total, 10 reservatórios serão instalados em pontos estratégicos da ilha, selecionados com base em critérios de impacto social, alcance coletivo e fortalecimento da sociobioeconomia local. A expectativa é de que cerca de 1.200 moradores sejam beneficiados diretamente, contribuindo para uma nova relação com os recursos hídricos na região.

Entre os locais contemplados estão quatro unidades escolares de ensino fundamental que atendem mais de 600 crianças, oriundas de diversas comunidades da ilha e também de outras ilhas próximas a Belém: EEFM Anexo Santo Antônio, EEFM Sebastião Quaresma e EEFM Milton Monte, todas localizadas na Ilha do Combu, além da EEFM Anexo São José, situada na vizinha Ilha Grande.

Nas unidades escolares São José e Sebastião Quaresma, além do sistema de captação de água da chuva, está sendo instalado um biodigestor, solução complementar de gestão de resíduos orgânicos, com geração de biogás para abastecimento da cozinha escolar e biofertilizante que será utilizado na adubação de ervas aromáticas e plantas medicinais.

Já na EEFM Santo Antônio, será implantado um conjunto de tecnologias composto por sistema de captação, um biodigestor, além de uma ecobiblioteca, resultados da vinculação de projetos ESG ao licenciamento da empresa Mizú Cimentos, que integra educação ambiental e incentivo à leitura. Os biodigestores doados às escolas são resultados da parceria da Semas com a Fundação Engie, visando promover impactos social e ambiental efetivamente positivos, de longo prazo.

A coordenadora do anexo escolar Santo Antônio, Marcele Moreira, trabalha na rede de ensino há mais de oito anos e destacou que ter o acesso à água potável é fundamental para a qualidade de vida dos estudantes.

“Estamos muito felizes por receber um projeto dessa magnitude. Moramos em uma região cercada por água doce, mas que infelizmente não é potável. E, quando se trabalha com crianças e se quer oferecer o essencial, pensamos logo na questão da água. Dentro da escola, a água é usada para beber, preparar a alimentação, lavar hortaliças e frutas. Ter acesso à água de qualidade é fundamental para a vida e funcionamento escolar. Sabemos que há muitos casos de problemas de saúde relacionados à água aqui na ilha, e por isso uma estrutura como essa representa um grande ganho. O impacto vai além dos muros da escola, alcançando positivamente várias famílias da comunidade", disse a coordenadora.

O projeto “Água para Todos”, também atenderá Unidade Básica de Saúde (UBS) do Combu, garantindo abastecimento de água segura nas atividades essenciais de atenção básica à saúde. Outros quatro coletivos que promovem a sociobiodiversidade local estão sendo contemplados pelo projeto: a Associação de Mulheres Extrativistas (AME), Ygara Artesanal, a fábrica de chocolate Filha do Combu e o restaurante Saudosa Maloca.

Júlio Meyer, gerente do Ideflor-Bio, órgão gestor da APA da Ilha do Combu, ressaltou que o conhecimento da realidade local, construído ao longo de anos de trabalho com a comunidade, foi fundamental para que o projeto fosse muito bem direcionado.

“A chegada do projeto representa um grande benefício porque traz saúde para as pessoas e para o meio ambiente. É o que chamamos de saúde única. Isso é desenvolvimento sustentável e qualidade de vida. A iniciativa fortalece escolas, programas comunitários e as cadeias produtivas locais, como as da andiroba, do açaí e do chocolate, dando mais protagonismo à comunidade. Trata-se de um projeto bem direcionado, fruto de uma relação construída ao longo dos anos entre o Governo do Estado e a população local. A parceria entre poder público, iniciativa privada e sociedade civil é a verdadeira receita do sucesso", comentou.

Cada reservatório armazena até 5 mil litros de água, com capacidade hidráulica para abastecer chuveiros, vasos sanitários e pias de cozinha.

A iniciativa oferece uma solução prática e eficiente, especialmente em regiões com alta incidência de chuva como a Amazônia. A ação promove acesso seguro à água potável, contribui para a redução de doenças causadas pela água contaminada, fortalece práticas sustentáveis e impacta positivamente a qualidade de vida das comunidades.

ODS 

A alternativa hídrica sustentável contribui diretamente para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), especialmente o ODS 6 (Água potável e saneamento), ODS 11 (Cidades e comunidades sustentáveis) e ODS 13 (Ação contra a mudança global do clima).