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Campanha destaca importância da doação de medula óssea; Pará tem mais de 138 mil possíveis doadores

A doutora Juliana Cardoso explica que esse é um momento de conscientização, esclarecimento e incentivo ao gesto que pode salvar vidas

Saul Anjos

Desde o dia 14 até o próximo domingo (21/12), é celebrada a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, campanha que chama a atenção para a importância de se cadastrar como doador de medula óssea. No Pará, o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) contabiliza 138.603 possíveis doadores voluntários cadastrados, enquanto na região Norte são 436.655. Atualmente, o Brasil conta com 6.070.322 pessoas inscritas no REDOME. 

A doutora Juliana Cardoso, gerente da unidade de negócio de transplante da Werfen, que atua nas áreas de hemostasia e diagnóstico em cuidados agudos, explica que esse é um momento de conscientização, esclarecimento e incentivo ao gesto que pode salvar vidas. 

“A mobilização é importante porque incentiva novas pessoas a se cadastrarem no REDOME, fortalecendo o banco de dados; esclarece dúvidas e derruba mitos sobre o processo de doação e ajuda a manter os dados dos doadores atualizados, o que é essencial para que sejam encontrados quando alguém precisar”, contou. 

Segundo ela, o objetivo da campanha é ampliar o número de doadores cadastrados e informar à população que doar medula óssea é seguro e pode salvar vidas. Além de combater mitos e incentivar a solidariedade, “mostrando que um simples gesto pode dar esperança para quem está lutando contra doenças graves”.

A compatibilidade 

Cardoso esclareceu que a compatibilidade de medula óssea é determinada por características genéticas herdadas da família, chamadas HLA. Por conta disso, ela conta que pode ser um grande desafio encontrar um doador compatível. “É justamente aí que a existência de um REDOME forte e representativo se torna fundamental. Quanto mais o cadastro reflete a miscigenação da população brasileira, maiores são as chances de encontrar um doador compatível para cada paciente”, informou. 

De acordo com a especialista, o transplante de medula óssea é indicado, principalmente, para pessoas com doenças graves do sangue, como leucemia, linfoma, anemia aplástica, entre outras. “Para muitos desses pacientes, o transplante representa a única chance de cura ou de sobrevivência”, contou. 

Mitos 

Juliana fala que um dos principais mitos que afastam as pessoas da doação de medula óssea é o da dor. “Muitas pessoas ainda acreditam que a doação é sempre um procedimento doloroso, o que não é verdade. O procedimento é seguro e feito com anestesia. O desconforto é temporário”, afirmou. 

Outro mito comentado por ela é o de as pessoas acharem que a doação pode trazer riscos graves à saúde do doador. “Na realidade, o procedimento é seguro e acompanhado por equipes médicas especializadas. A medula óssea se regenera naturalmente”, comunicou.

“Também existe a falsa ideia de que se cadastrar obriga a pessoa a doar imediatamente. O cadastro apenas coloca o voluntário em um banco de dados; a doação só acontece se houver compatibilidade e após a confirmação da vontade do doador”, acrescentou. 

Como se tornar doador? 

Para se tornar um doador voluntário, é preciso ter entre 18 e 35 anos de idade, estar em bom estado de saúde e não ter histórico de câncer, doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue ou doenças autoimunes sistêmicas como lúpus ou artrite reumatoide. Confira a lista completa de condições impeditivas

Os hemocentros regionais, mais conhecidos como Bancos de Sangue da rede pública, são responsáveis por cadastrar os interessados em se tornar doadores de medula óssea. Os dados desses voluntários são agrupados em um registro único e nacional — o REDOME, no qual as informações genéticas dos doadores são cruzadas com as informações de pacientes, em busca da compatibilidade. Assim que cadastrado, o voluntário permanece no REDOME e pode ser chamado para realizar a doação de células para transplante até completar 60 anos de idade. 

Por conta disso, o REDOME alerta sobre a importância de manter os dados atualizados, garantindo que o programa consiga localizar e convocar o doador para efetivar a coleta das células, quando existe compatibilidade com um paciente. A atualização dos dados como telefone, e-mail e endereço pode ser feita pelos próprios voluntários no site oficial ou no aplicativo do REDOME (disponível para Android e iOS). O registro no aplicativo proporciona ainda a obtenção da “Carteirinha do Doador” em formato virtual. 

O que é o REDOME? 

Criado em 1993, o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) é um programa do Ministério da Saúde e um pilar fundamental no Sistema Único de Saúde (SUS). Com mais de seis milhões de doadores cadastrados, é atualmente o terceiro maior registro de doadores de medula óssea do mundo, atrás apenas dos Registros NMDP, dos Estados Unidos, e do Registro DKMS, da Alemanha. Hoje, o REDOME garante que 65% dos transplantes de medula óssea não aparentados de pacientes brasileiros ocorram com doadores do Registro.