MENU

BUSCA

Cacau e flores paraenses são destaque em evento que bate recordes em Belém

Com diversidade de produtos, oficinas e recorde de público e negócios, Feira do Cacau e do Chocolate Amazônia e Flor Pará se fortalece na bioeconomia amazônica.

Bruna Dias

Neste domingo, 08, a Feira do Cacau e do Chocolate Amazônia e Flor Pará foi encerrada com recorde de público e negócios. Realizada no Hangar Centro de Convenções da Amazônia, ao longo de quatro dias, mais de 200 expositores comercializaram uma diversidade de produtos da cadeia cacaueira paraense e da flora amazônica.

“Essa já é a décima edição da feira. Ela já teve outros nomes, mas sempre com o mesmo objetivo. Agora é que o público está tomando consciência de que o cacau é nosso, que ele é da bacia amazônica e nasceu também no Pará. Foi daqui que ele foi para o mundo. Belém e o Pará, com esse enorme plantio que nós temos de cacaueiros, agora são reconhecidos. O público também tomou conhecimento de que somos o maior produtor de amêndoas de cacau do Brasil e que ganhamos prêmios internacionais como o melhor produto de amêndoas do mundo. Se você tem a melhor amêndoa do mundo, você tem o melhor chocolate”, pontua Maria Goreti Gomes, presidente da Câmara Setorial do Cacau, pelo Sistema Faepa/Senar.

Além dos produtores e expositores que estavam na feira, a programação estava repleta de oficinas e workshops. “Essa feira tem um dia só de ensinamento para todos os cacauicultores, para que eles aprendam como devem produzir e manejar, visando maior rentabilidade com seus produtos. Eles estão felicíssimos! Tenho certeza de que o público presente foi o maior de todas as edições. Houve muita venda também; tem estande que já não tem mais produto”, acrescenta Maria Goreti Gomes.

Com destaque pelo volume produtivo, o cacau paraense se torna base de estudo e pesquisa para o público local. Alunos da UFRA (Universidade Federal Rural da Amazônia) levaram ao público conhecimentos acadêmicos que serviram de base para muitos estudos sobre o fruto no estado.

“O cacau é amplamente conhecido apenas como chocolate. Antigamente se tinha essa ideia, mas conseguimos mostrar ao público que não é somente isso: há vários outros benefícios e subprodutos que conseguimos obter. O mais interessante é mostrar esse processamento, como é o caminho das amêndoas até chegar ao tão conhecido chocolate que consumimos. A comunidade tem esse interesse em saber como tudo começa — a produção, a fermentação, o processo de secagem dessas amêndoas até chegar ao produto final, nas indústrias”, explica Thalia Silva, bióloga da UFRA, que realiza um projeto com o cacau nas ilhas de Mocajuba, nordeste paraense.

Se o assunto é chocolate, na Feira do Cacau e do Chocolate Amazônia e Flor Pará foi possível conhecer os diversos sabores que o cacau possibilita. Com misturas pouco conhecidas e sabores ainda mais regionais, o produto feito a partir do cultivo paraense foi destaque.

No estande da Filha do Combu, comandado por Dona Nena, a curiosidade pelo chocolate conhecido mundialmente despertava o interesse de quem experimentava os sabores pela primeira vez. Antes de realizar a compra, era possível conhecer alguns produtos feitos a partir do cacau orgânico.

Cerca de 20 tipos de chocolates estavam disponíveis ao público, todos confeccionados em uma fábrica no meio da floresta amazônica. “Estar nessa feira é muito legal, porque as pessoas não podem ir todo dia ao Combu, apesar de já termos uma lojinha em Belém. Mas aqui, além de ser esse espaço de aproximação com o cliente, temos a oportunidade de conhecer outras marcas e o trabalho que o Governo do Estado e o Sebrae têm feito através do melhoramento do cacau e da cadeia produtiva. É bom estarmos aqui nos conectando com os produtores de outros municípios, como Medicilândia e Uruará”, pontua Dona Nena.

Quem não deixou de provar o brigadeiro da Filha do Combu foi a estudante Maíra dos Santos. Ela, que estava na feira a convite da irmã — estudante de gastronomia —, aproveitou para conhecer de perto a diversidade do produto verdadeiramente amazônico.
“Inicialmente eu vim pela parte das plantas, mas o cacau é irresistível também. Eu não sou muito fã de chocolate, mas é um gosto muito diferente. Qualquer pessoa que tiver oportunidade deveria ter essa experiência. É um chocolate que demonstra a diversidade que temos no Pará, toda a cultura que podemos agregar à onda culinária. Em relação ao sabor, achei muito diferente — tem um toque mais amargo —, mas para quem gosta, vale super a pena”, conta a estudante.

Atualmente, o Pará conta com 32 mil produtores ativos de cacau, distribuídos por 229.175 hectares de área plantada, dos quais 169.655 hectares já estão em plena produção. Esse desempenho robusto gerou uma arrecadação de R$ 358 milhões em ICMS, evidenciando a força econômica da cadeia cacaueira no estado.

Já a produção de flores no Pará, de acordo com a SEDAP e o último Censo do IBGE, movimentou mais de R$ 6 milhões em 2022, consolidando-se como um importante segmento da bioeconomia local.