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Às vésperas da COP 30, Pará amplia unidades de conservação e reforça protagonismo ambiental

O presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, destaca os avanços com relação às áreas de gestão estadual nos últimos anos

Gabriel Pires

Às vésperas da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em novembro, em Belém, o Pará tem avanços na gestão de unidades de conservação, como aponta o presidente do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade (Ideflor-Bio), Nilson Pinto. O estado já conta com 29 áreas protegidas e vem expandindo a política ambiental em parceria com municípios, com o objetivo de reforçar a preservação da Amazônia e controlar as mudanças climáticas observadas nos últimos anos.


“Estamos criando novas unidades pelo estado, a partir da gestão estadual e estamos, também, ajudando os municípios a criarem as suas unidades. Há dois anos, aprovamos uma nova lei, que estabelece a política de unidade de conservação da natureza no estado do Pará. E, dentro dessa legislação, ainda criamos um novo tipo de unidade de conservação chamado de Bosque Municipal, para incentivar os municípios a criarem áreas verdes. São áreas urbanas e que podem ser usadas para o lazer da população”, afirma.

Com a chegada da COP, ele ressalta a importância do Pará avançar na criação de novas UC’s pelo Estado: “Essa sistemática de criação de unidades avançou para além do Estado, mas também para o município. Isso significa que o Pará está tendo cada vez mais novas áreas protegidas. Manter área verde preservada é fundamental. Isso porque temos a conservação do meio ambiente e equilíbrio do clima”, reforça.

Áreas estaduais

Para além do apoio às prefeituras, o órgão tem avançado na criação de novas áreas estaduais. O presidente do Ideflor-Bio cita como exemplos a Estação Ecológica do Mamuru, na divisa com o Amazonas, com 126 mil hectares de área protegida; o Parque Estadual das Árvores Gigantes, em Almeirim, que abriga espécies de até 80 metros de altura; e a futura Floresta Estadual de Portel, com mais de 300 mil hectares previstos, que deve ser criada neste ano. “Todo ano temos criado novas áreas para proteger mais. É um resultado muito concreto e visível”, reforça.

“E alguns tipos de áreas que nós temos são propícias para fazer manejo florestal. E o manejo florestal é importante para manter a floresta em pé, na medida em que você autoriza o uso da madeira, mas de forma técnica, de forma orientada por empresas que ganham a licitação. Para isso, se ganha um aliado para manutenção daquela área enorme. Temos dez contratos com empresas. E monitoramos essas áreas”, acrescenta Nilson Pinto.

Mudanças climáticas

O presidente também ressaltou o papel das áreas verdes no enfrentamento das mudanças climáticas. Para ele, preservar é uma medida tanto de qualidade de vida local quanto de segurança climática mundial: “Árvore é praticamente só carbono. Mais de 70% da sua composição é esse elemento químico. Se a árvore está em pé, o carbono fica fixado nela, e não na forma de gás carbônico na atmosfera, que contribui para o aquecimento global”.

Outras ações do Ideflor também incluem projetos de reflorestamento junto a pequenos produtores, combinando espécies nativas de ciclo longo com plantas de cultivo mais rápido, como as alimentícias. “Assim, o agricultor produz comida e ao mesmo tempo recompõe a floresta. Orientamos os pequenos produtores a replantarem e reflorestarem usando, junto com as espécies florestais maiores, também as espécies menores de ciclo mais curto, mas que produzem alimento”, explica.

Educação ambiental

Na frente de educação ambiental, programas como as visitas escolares ao Parque do Utinga seguem como prioridade. “É impossível amar sem conhecer. As crianças são vetores fantásticos de convencimento para a preservação. Temos um programa para trazer crianças das escolas de Belém para visitar nossos parques”, afirma o presidente.

Presença internacional

Em relação à presença internacional, Nilson Pinto confirmou a participação do Ideflor-Bio nos debates da próxima COP, no Pará. “Estivemos em Dubai, estivemos em Baku e agora vamos mostrar em casa o que estamos fazendo. Aqui não vai ser diferente por estarmos em casa. A experiência do Pará é referência para florestas em várias partes do mundo. É isso que nós queremos compartilhar. Isso vai ser útil para a floresta de todos os outros continentes”, destaca.

Ele ainda comentou mudanças recentes na legislação ambiental, como a atualização da Lei de Compensação Ambiental e a criação da Cota de Proteção Ambiental (CPA), em abril deste ano. O mecanismo permite que pessoas físicas e jurídicas contribuam financeiramente para a manutenção das florestas e unidades de conservação. “É uma forma de garantir recursos adicionais para manter as áreas protegidas em pé, ao mesmo tempo em que os produtores rurais podem compensar suas reservas legais e seguir produzindo alimentos”, explica.