MENU

BUSCA

Abastecimento de mercados em Outeiro ainda é lento e preços continuam ‘salgados’

Comerciantes do distrito afirmam que distribuidores têm receio de entregar mercadorias após incidente com ponte

Fabyo Cruz / O Liberal

Não é de hoje que moradores de Outeiro, distrito de Belém com quase 80 mil habitantes, se queixam da alta nos preços de alimentos e outros gêneros de primeira necessidade em virtude da distância que separa a ilha da capital, onde estão os principais distribuidores. Mas, após o incidente ocorrido na semana passada com a ponte Enéas Martins, que dá acesso à comunidade, os produtos teriam ficado ainda mais caros, dizem os consumidores. Paralelamente à alta nos preços, o abastecimento dos supermercados e mercearias está sendo retomado a passos lentos, deixando prateleiras quase vazias.

VEJA MAIS

[[(standard.Article) Comerciantes e barraqueiros foram prejudicados com interdição da ponte do Outeiro]]

Barraqueiros de Outeiro vão receber R$ 500 de auxílio por seis meses, anuncia prefeito de Belém
Valor será destinado a profissionais que estão impossibilitados de exercer suas funções após o acidente com a ponte, como explica Edmilson Rodrigues

Comércio, transporte e coleta de lixo em Outeiro são afetados com interdição de ponte
Moradores da Ilha de Outeiro reclamam sobre falta de segurança durante as viagens

Roberto Sarmento, de 36 anos, tem uma distribuidora de água e gás no distrito. Ele conta que os maiores transtornos ocorreram na primeira semana de interdição da ponte do Outeiro, por conta disso, só conseguia trabalhar em meio período. "Graças a Deus as coisas estão amenizadas pelas autoridades. Ontem conseguimos normalizar o abastecimento de gás, mas, ainda estamos com o estoque reduzido de água, pois a carreta que costumava trazer quase 1.300 garrafões não está conseguindo entrar. Agora, dependemos de um caminhão menor para receber as entregas”, contou.

O comerciante Jaime Moraes, de 58 anos, comenta que o abastecimento na ilha está sendo retomado aos poucos. Entretanto, alguns distribuidores têm se recusado a fazer entregas no distrito. “Eles [empresa] já informou que suspendeu a entrega de refrigerantes por causa que o caminhão é muito grande e há uma série de problemas para ele passar pela balsa”, comentou.

Jaime trabalha há 22 anos no mercado que possui setores específicos para a comercialização de pães e carnes. O dono do estabelecimento explicou sobre a estratégia que criou para repor os produtos: "Aqui, 80% dos produtos são comprados nos atacados e 20%, no caso das bebidas, são entregues pelos distribuidores. Passei a comprar uma vez por semana, já que é complicado atravessar por balsa e trazer as mercadorias. Farinha, ovo, tomate e cebola, assim como outros alimentos da cesta básica que não podem faltar, eu compro aqui perto mesmo, mas a um preço mais caro em relação ao repassado pelos distribuidores”, explicou.

Daniela Silva, 28 anos, reside em Outeiro e costuma fazer compras nos três principais supermercados do distrito. Nesta quarta-feira (26) ela foi em um deles e observou que várias prateleiras estavam com “buracos” nos setores de bebidas, limpeza, descartáveis, carne e hortifrutis. Outro detalhe que não passou despercebido foram os aumentos nos preços das mercadorias.

“Alguns supermercados estão desabastecidos porque os distribuidores não querem vir deixar as mercadorias aqui. Para eles já era longe, agora sem a ponte ficou ainda mais distante. E tudo aumentou. O açúcar, por exemplo, que custava R$ 2,80, agora custa R$ 3,89. Nas prateleiras faltam óleo de cozinha, arroz, descartáveis e por aí vai”, reclamou.

Odineia de Fátima, 34 anos, foi às compras na terça-feira (25) e também ficou surpresa com os preços das frutas e outros alimentos. “Ontem fui perguntar o valor da dúzia de banana, que antes da queda da ponte eu comprava a seis ou sete reais, e ontem estava custando R$ 10. O galeto assado está saindo a R$ 40,00. Um absurdo! Sei que a espera é cansativa no embarque e desembarque para quem tem comércio, mas o comerciante não está pagando pela balsa para aumentar tanto os preços das mercadorias. Pretendo fazer minhas compras em um atacadão de Icoaraci até as coisas melhorarem por aqui”, desabafou.