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Alunos de Medicina da UEPA são contrários a aulas retomadas em ensino a distância

Estudantes do primeiro ao oitavo semestre que não têm acesso a essa plataforma exigem auxílio

Dilson Pimentel
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O Ensino de Educação a Distância (EAD) não pode ser implantado na Universidade do Estado do Pará (UEPA) se não houver um projeto de auxílio para os estudantes que não têm acesso a essa plataforma. É o que afirmou, nesta sexta-feira (19), o presidente do Centro Acadêmico de Medicina da universidade, Daniel Marinho. “Uma bolsa auxílio, por exemplo, para custear a internet ou um local de acesso de internet para o aluno que não o exponha ao risco biológico. A coordenação do curso de Medicina não formulou esse projeto”, afirmou. “Hoje, portanto, o EAD é impraticável na realidade da Uepa”, acrescentou.

Daniel Marinho disse que, há um mês, o Centro Acadêmico de Medicina da UEPA fez um levantamento sobre os alunos que teriam algum tipo de dificuldade (de conexão, estrutural) em relação ao ensino a distância - algo que impedisse o acesso qualitativo a essa modalidade de aula. “Foi apurado que 39 alunos  tinham problemas diversos. São alunos do primeiro ao oitavo semestre do curso de Medicina. E mandamos para a coordenação, para que eles formulassem uma proposta e entrassem em contato com os alunos, enquanto ainda estavam debatendo a ideia do EAD”.

Segundo Daniel, isso não foi feito. “A coordenação montou um pré-projeto de ensino a distância, que foi enviado à Prograd, que é a Pró-Reitoria de Graduação, e esse projeto não continha um projeto de auxílio para os alunos que estão impossibilitados da educação na modalidade a distância. Os representantes de turma do oitavo ao primeiro ano da UEPA discutiram essa situação e redigiram uma carta aberta à coordenação expondo esses pontos, que seriam a falta de auxílio a quem não teria acesso e o fato de Medicina ser um curso eminentemente teórico prático, o que não poderia ser contemplado por uma atividade a distância”, afirmou.

“Foi apurado que 39 alunos tinham problemas diversos, do primeiro ao oitavo semestre do curso de Medicina da UEPA. Os representantes de turma discutiram essa situação e redigiram uma carta aberta à coordenação expondo esses pontos, a falta de auxílio a quem não teria acesso e o fato de Medicina ser um curso eminentemente teórico prático, o que não poderia ser contemplado por uma atividade a distância”, diz o presidente do Centro Acadêmico de Medicina da universidade, Daniel Marinho

image Para alunos, retomada de atividades é precipitada (Ivan Duarte / O Liberal)

Modalidade é impraticável na UEPA, diz centro acadêmico


O presidente do Centro Acadêmico de Medicina da UEPA acrescentou que os representantes do primeiro ao oitavo semestre discordaram do posicionamento da coordenação em implantar o EAD. "Entretanto, os alunos do nono, 10º, 11º e 12º semestres concordam com o EAD. E o Centro Acadêmico sustenta que eles defendam essa posição, por entender que os diferentes ciclos da Medicina (que são básico, clínico e internato) têm propostas diferentes e aplicabilidades também diferentes", detalha Daniel Marinho.

"Nós, como Centro Acadêmico, individualizamos as situações de entender que a carga teórica do básico e do clínico, que seriam os quatro primeiros anos do curso, é muito grande para ser priorizada por EAD, enquanto o internato, que seriam os dois últimos anos do curso, possui carga teórica muito baixa, que pode ser contemplada via EAD. E, quando houver o retorno das atividades na Uepa, as atividades práticas podem ser feitas sem precisar de horários para a teoria, já que a teoria poderia ter sido dada EAD”, explicou.

 

 

Retomada é precipitada, diz representante estudantil 


Daniel Marinho disse que, além do EAD ser hoje “impraticável” na realidade da Uepa, a coordenação prevê um retorno muito recente dos alunos à UEPA.

“Não considera que pode haver uma segunda onda de infecção. u seja, eles contam que,  até agosto, as atividades presenciais já vão ter retorno por meio de rodízio e turmas reduzidas. O que nós também questionamos, já que isso pode expor, de uma forma muito mais incisiva, os alunos a um risco biológico, principalmente aqueles que precisam pegar ônibus e estão sujeitos a aglomeração no transporte público”, afirmou.

Segundo afirma o presidente do Centro Acadêmico de Medicina, a Uepa ainda não implantou o ensino a distância, mas essa plataforma já estaria em fase de testes. “Já montaram aulas para os professores aprenderem a usar as plataformas”, disse Marinho.

UEPA diz que avaliará criação de auxílio

 
A redação integrada de O Liberal solicitou um posicionamento da UEPA sobre as críticas e comentários sobre as medidas a serem tomadas. Em nota, a Universidade do Estado do Pará (UEPA) disse que "está em processo de planejamento para o retorno das aulas presenciais e que, até o momento, não há definição quanto à data do referido retorno das atividades acadêmicas".

Entretanto, a UEPA diz que, "para minimizar os impactos da suspensão dessas atividades no calendário acadêmico", a universidade vem adotando o uso de tecnologias educacionais, "de acordo com a especificidade de cada disciplina, curso, campus ou centro de ciências, e aliada às condições dos discentes". 

A UEPA diz que possui hoje 17 mil alunos, oferta 132 cursos de graduação e possui 21 campi, distribuídos em 17 municípios do Pará. "Dada à sua interiorização, a Universidade reforça que o uso das tecnologias para o ensino deve ser avaliado de forma individual e de acordo com a realidade de cada local em que está inserida", diz a universidade.

Sendo assim, a UEPA afirma ainda que "o modelo de ensino remoto não se trata de uma imposição, mas de um diálogo constante entre coordenadores, professores e alunos, em uma verdadeira soma de esforços entre a comunidade acadêmica, a fim de avaliar a melhor forma para que as atividades ocorram e as experiências sejam, além de coletivas, exitosas, a exemplo da defesa dos Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) dos alunos do curso de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (TADS), realizada nesta semana".

A UEPA diz ainda que "reafirma seu compromisso com os alunos, por meio do diálogo", e diz que as aulas remotas são "uma forma de mitigar a defasagem do calendário acadêmico, decorrente da ausência de aulas presenciais". 

Segundo diz a universidade, a instituição já pratica o ensino a distância, por meio da parceria com a Universidade Aberta do Brasil (UAB). "Hoje, a Uepa conta com 900 alunos nessa modalidade e com 32 polos no Estado. Além disso, preocupada com a dificuldade de acesso à internet para acompanhar as aulas on-line, a universidade fará uma pesquisa para analisar a situação dos alunos e a possível criação de um auxílio para a inclusão digital".

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