MENU

BUSCA

Ainda hoje recuperados pela covid-19 sentem sequelas

A doença ocasionada pelo novo coronavírus deixou consequências físicas e psicológicas

Cleide Magalhães

Desde que a pandemia da covid-19 chegou no Pará, oficialmente dia 18 de março, o Estado conta com 248.844 pessoas recuperadas da infecção pelo novo coronavírus (Síndrome Respiratória Aguda Grave - Sars-Cov-2), até a manhã desta segunda-feira (23). Dos pacientes recuperados muitos ainda sofrem sequelas físicas e psicológicas da doença e estão na luta para vencê-las.

Porém, hoje o sentimento maior é de felicidade por terem vencido o que parecia ser a morte e, principalmente, por terem a chance de ver o mundo com outros olhos e por estarem junto da família, amigos e parentes para encarar os desafios que a vida oferece e vivenciar os mais simples momentos.

O defensor público do Pará Júlio Demasi, 61 anos, nascido em Santarém, oeste do Pará, e mora em Belém, capital paraense, foi infectado pelo novo coronavírus entre o final de março e início de abril deste ano durante o carnaval, no Rio de Janeiro, e foi parar na UTI. Ele perdeu 16 quilos e conta que, mesmo após oito meses, ainda sente sequelas físicas.

“Após todo o tratamento e pegar alta da UTI para o quarto, perdi 16 quilos e não tinha forças para andar devido à perda de massa muscular e fiquei com três sequelas: miocardite no coração, três fibroses nos pulmões e fraqueza nas pernas. Ainda estou me tratando e faço todos os meses o IGG quantitativo de anticorpos. Os cientista dizem que após três meses os anticorpos começam a cair. Mas, no meu caso, só fazem subir”.

O defensor público teve também sequelas emocionais, “porque psicologicamente me abalou em todos os sentidos, fiquei três dias sem memória na UTI devido à grande quantidade de medicação, foi um terror.... A doença desse vírus é uma praga. As pessoas têm que continuar se protegerem, usando máscaras, álcool em gel, distanciamento, pois o contato é muito rápido para se infectarem”, pede Demasi.

A repórter fotográfica Alessandra Serrão, 43 anos, que nasceu em Belém, onde também mora, também teve a covid-19 no mês de abril. Porém, até hoje sente cansaço.

“Ainda hoje sinto cansaço quando faço exercícios bruscos. Faço check up com diversas especialidades médicas para levantar se houve alguma outra consequência pela covid-19. Psicologicamente fiquei muito abalada e com sentimento de angústia. Mas hoje me sinto melhor e sempre com cuidados e em alerta para a doença”, diz Alessandra Serrão.

Ela teve dores nas articulações, dor de cabeça, coriza, diarreia, cansaço a perda do olfato e paladar. Não teve tosse nem falta de ar. “Não precisei ser hospitalizada e a médica recomendou somente remédio para dores e febre, repouso, alimentação e tomar bastante líquido. Fiz tudo isso e me recuperei, mas não estou 100%”, reitera.

Contudo, os recuperados pela covid-19 relatam que a doença valeu para mudar a vida deles em muitas coisas, principalmente valorizar as mais simples. “Eu penso dessa doença que ela é perigosa e desgraçada, ela destrói tudo por dentro da gente. Graças a Deus eu não tinha doença pré-existente. Por fim, a covid-19 mudou tudo em minha vida, como ver que a vida é passageira, que temos que aproveitá-la o máximo possível. Como vi tanta gente morrendo ao meu lado, hoje vejo que somos apenas um corpo materializado e que não valemos nada. Dou valor às coisas mais simples da minha vida, tento seguir as normas de uma vida saudável, mesmo com três sequelas”, ressalta o defensor público do Pará Júlio Demasi.

“A doença serviu para eu refletir muito que a vida é incerta e a gente nunca sabe o dia de amanhã. Por isso, é preciso viver a cada momento. Além de que é muito importante tomar todos os cuidados para não pegar a doença nem infectar outras pessoas”, frisa a repórter fotográfica.

Pará