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Adultos com cara de criança: conheça causas e doenças que afetam o crescimento

Casos como os de 'Mulekinho' e do ator Gary Coleman chamam atenção

Camila Guimarães

A morte de José Roberto Gomes Alves na madrugada de quarta-feira (4), conhecido como “Mulekinho, suspeito de cometer crimes em Castanhal, nordeste do Pará, chamou atenção, entre outras coisas, pela sua aparência. Apesar de parecer com uma criança, José já era um homem de 20 anos. Outras pessoas como ele apresentam a mesma característica, como o ator Gary Coleman, famoso pela série de TV "Arnold" (1978-1986), e Barbora Skrlová, mulher que inspirou a personagem Esther, do filme "A Órfã" (2009).

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Apesar da semelhança, pelo fato de ambos terem baixa estatura e aparentarem bem menos idade do que de fato tinham, os casos podem não ter nenhuma relação, do ponto de vista médico. Isso porque as causas do déficit de crescimento são variadas, conforme explica a médica endocrinologista Natasha Vilanova:

“Nós podemos ter causas da variante da normalidade e causas patológicas. Algo que a gente não pode avaliar por uma foto. Seria preciso uma investigação mais profunda”.

Natasha explica que causas de variante da normalidade dizem respeito, principalmente, às características familiares e retardo no desenvolvimento: “Baixa estatura familiar e o retardo constitucional do crescimento são as duas variantes de caráter hereditário mais comuns, em que a criança geralmente tem um atraso no crescimento mas, posteriormente, ainda pode evoluir normalmente”.

Já entre as causas patológicas, a endocrinologista destaca problemas que podem afetar diretamente o crescimento esquelético: “Problemas como desnutriçãoalterações hormonais, como quadros de hipotireoidismo, e síndromes genéticas que, geralmente, são mais raras”, ela cita.

Até o momento, não existe nenhuma informação pública do que poderia estar por trás da aparência de "Mulekinho". Já no caso do ator Gary Coleman, o "Arnold" da tevê, sua baixa estatura e aparência infantil se deu por causa de uma doença chamada glomeruloesclerose, de acordo com o blog "Memórias Cinematográficas". “Essa doença tinha como foco primário os rins e, por conta desse mal funcionamento renal, Gary teve um prejuízo no crescimento”, explica a endocrinologista.

Por outro lado, a mulher que inspirou a protagonista do filme "A Órfã", Barbora Skrlová, sofria com uma doença chamada hipopituitarismo, conforme explica Natasha: “Esse problema é caracterizado por uma disfunção na produção dos hormônios pela glândula hipófise. Quando ela tem algum comprometimento, parcial ou total, acarreta prejuízo em diversos hormônios, inclusive hormônio de crescimento”.

Problemas podem ir além da aparência

Natasha salienta que entre as principais consequências de conviver com uma disfunção no crescimento está, principalmente, o abalo psicológico. “As crianças, principalmente, têm o desenvolvimento psicológico afetado no convívio social. Muitas vezes é preciso auxiliar os pais e orientá-los sobre o acompanhamento psicológico”.

Para identificar possíveis disfunções desde cedo e iniciar os tratamentos mais adequados, a médica diz que é importante avaliar o padrão de crescimento das crianças desde o nascimento. “Os sinais de alerta podem ser identificados logo no início. Existe um padrão fisiológico, padrão de crescimento, que o pediatra vai acompanhando desde o nascimento, que a gente chama de 'curva do crescimento'. Se o pediatra identifica algum atraso, ele deve investigar e afastar possíveis causas secundárias. Por isso enfatizamos que os pais levem seus filhos periodicamente ao pediatra e, quando necessário, que procurem um endócrino pediatra”, orienta Natasha.

Pará