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MST faz vigília na curva do S pelos 25 anos do Massacre de Eldorado

Na véspera do violento episódio, representantes do MST rezam em memória dos 19 trabalhadores rurais mortos 

Redação Integrada

O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) realiza uma vigília, com testemunhos e orações, nesta noite de sexta-feira (16), na chamada curva do S, no município de Eldorado dos Carajás, em memória aos 25 anos do Massacre de Eldorado, episódio em que 19 trabalhadores rurais foram assassinados em 17 de abril de 1996, no município de Eldorado do Carajás, sudeste do estado.

Neste sábado (17), o MST também organizará atos públicos presenciais em todo o País, como doação de alimentos, plantio de árvores, mas também interdições de pistas. 

"Vamos respeitar as medidas da pandemia, seremos poucos nas ações presenciais, nós respeitamos as medidas restritivas, mas haverá sim pista parada, faixas estendidas, doação de alimentos, plantio de árvores, para marcar o Massacre de Eldorado", afirmou na noite desta sexta-feira, Francisco Moura, da direção nacional do MST, no Pará.

Francisco Moura e outros representantes do MST, no Pará, concederam entrevista coletiva, na manhã desta sexta-feira, em Belém, em que apresentaram revidindicações para o andamento do processo de reforma agrária no país e no Pará, que na avaliação deles, está completamente parado.

O representante do Movimento informou que o Pará tem cerca de 40 mandados de reintegração de posse para serem cumpridos em favor de fazendeiros, e disse que essas reintegrações estão suspensas somente por causa das medidas restritivas impostas pela pandemia, e que suspendem também as reintegrações, e mostrou insatisfação com a execução desses mandados.

Nas redes sociais do Movimento é possível acompanhar toda a programação. E na manhã deste sábado, a partir das 8h, representantes também farão um ato simbólico em São Brás. Em seguida, a comitiva do MST se reunirá com representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Belém, para tratar da coleta, doação e distribuição de cestas básicas de alimentos, organizadas pelo MST e a CNBB, na capital paraense.

De acordo com representantes do Movimento, as cestas serão entregues em locais como a sede do Gempac (Grupo de Mulheres Prostitutas do Pará), no bairro da Campina, em Belém, e para outras famílias necessitadas na capital paraense.

Às 10h, deste sábado (17), o MST realiza um ato político-cultural internacional em memória das vítimas. No ato será lançada a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (Jura), que prevê a realização de plenárias virtuais em diversas instituições de ensino do país, debatendo a atualidade da questão agrária brasileira e os desafios da luta pela terra. 

O Massacre

Em 17 de abril de 1996, 19 sem-terra foram mortos pela Polícia Militar na chamada curva do S, no município de Eldorado dos Carajás, próximo à fazenda Macaxeira. A fazenda Macaxeira surgiu em setembro de 1995, e em 5 de novembro daquele ano, ela foi ocupada por trabalhadores sem-terr. Em 10 de abril de 1996, cerca de 2.500 sem-terra acampados na região, junto com outros manifestantes do MST, totalizando 4.221 pessoas, começaram uma marcha de quase 900 km até a capital, Belém. Eles protestavam contra a demora da desapropriação de terras, principalmente dos 40 mil hectares da Fazenda Macaxeira, que consideravam ociosos. A Polícia Militar foi encarregada de tirá-los do local, porque estariam obstruindo a rodovia BR-155, que liga a capital do estado Belém ao sul do estado. O resultado foi a morte de 19 trabalhadores rurais pela PM, número que subiu para 21, após a morte de outros dois trabalhadores, em razão de complicações de saúde após os ferimentos a tiros no dia 17 de abril de 1996.

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