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920 famílias quilombolas estão isoladas por conta do coronavírus e pedem ajuda

Em campanha digital, entidades representativas de remanescentes de quilombos tentam arrecadar recursos para compra de alimentos e materiais de higiene e limpeza

Victor Furtado

Há 920 famílias, em cinco comunidades quilombolas do nordeste paraense, que estão totalmente isoladas por conta da pandemia de covid-19, a doença causada pelo coronavírus sars-cov-2. O universo de comunidades afetadas, aponta a Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Pará (Malungu), pode ser muito maior: 70 comunidades e mais de 8 mil famílias. Mas as cinco da campanha são algumas das que estão em condição mais preocupante.

A meta da campanha digital, no site Valkinha, é de R$ 200 mil. Os recursos são para ajudar na compra de alimentos e material de higiene e limpeza. Essas comunidades vivem, principalmente, de produção agrícola. Por conta da pandemia, muitos não estão conseguindo escoar os produtos e nem conseguindo fazer compras. O isolamento foi ainda mais pesado para quem já vivia com certa dificuldade.

Em Abaetetuba, as comunidades são Piratuba (350 famílias) e África (130 famílias). No município de Barcarena, a comunidade é a Burajuba, com 300 famílias. Na cidade de Moju, há 70 famílias na comunidade Moju-miri. Em Salvaterra, no arquipélago do Marajó, quem pede ajuda são as 70 famílias do quilombo Pau-Furado.

Apesar de as comunidades estarem tentando arrecadar recursos em dinheiro, que serão administrados pelo Instituto Peabiru e pela Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), a Malungu reforça que outras doações podem ser feitas, diretamente, com os produtos e alimentos que as famílias quilombolas precisam. As doações são a partir de R$ 30.

Valéria Carneiro (Salvaterra) e Raimundo Magno e José Carlos Galiza (Moju) ressaltam o quão isoladas estão as comunidades e como precisam de ajuda. Muitas residem em áreas de difícil acesso e muito afastadas de centros urbanos. É onde o distanciamento social temporário é medida de sobrevivência, já que a estrutura de saúde pública facilmente pode colapsar em caso de uma contaminação generalizada pelo coronavírus sars-cov-2. Para essas comunidades tradicionais brasileiras, não há opção.

Pará