Morador de rua estudioso dá a volta por cima e consegue casa e emprego

O homem de 57 anos trocou a fachada de um prédio, por uma quitinete; aluguel é bancado por projeto social

Redação Integrada, com informações do Extra

Carlos Ulisses Gomes Figueira, de 57 anos, trocou o abrigo sob a marquise do prédio da Defensoria Pública do Estado, no Centro do Rio de Janeiro, por uma quitinete na Lapa, enquanto não se muda definitivamente para São Paulo, onde conseguiu emprego de carteira assinada. O aluguel é bancado pelo projeto Amor de Rua, que, além de arrumar moradia para essas pessoas, atua na reinserção delas no mercado de trabalho.

“Foi uma experiência e um aprendizado que não desejo para o pior inimigo. Mas superei e agradeço a Deus que ele me deu condições e forças para aguentar o fardo. Estava muito pesado mas foi ficando leve até que agora saiu das minhas costas”, disse ele, que agora vai dar palestras e mostrar seu exemplo a outros na mesma situação.

Carlos, quando pode, vai às ruas auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade, junto ao grupo de voluntários que o ajudou. Na fachada do prédio onde vivia com mais 20, o ex-morador de rua se distinguia por uma característica: o gosto pela leitura e pelos estudos. Com livro nas nas mãos e uma mesinha de estudos improvisada com caixotes, ele chamava a atenção de quem passava pelo local e por funcionários do órgão público.

Foi aí que os trabalhadores o inscreveram no projeto “Acelerando a escolaridade”. Carlos Ulisses conseguiu no começo de 2021 uma vaga no Colégio Pedro II. Ele continua matriculado no curso de administração de empresas, cujas aulas assiste com ajuda de um celular e de um tablet, este último doado pela escola. 

A oportunidade de trabalho surgiu com ele já na quitinete. Após enviar currículos, recebeu ligação confirmando o interesse da empresa localizada em Santo André. Sem dinheiro para a viagem, recorreu a uma irmã e a amigos, conseguindo arrecadar R$ 1 mil. Em 1º de abril começou a trabalhar como encarregado de caldeiraria industrial.

“Aqui ninguém sabe que vim das ruas. Não escondo, mas não exponho. Consegui a vaga pelos meus méritos”, explica.

Durante o tempo que passou nas ruas, Carlos não se desviou do seu principal objetivo: voltar a trabalhar na sua área de atuação. Técnico em mecânica com 26 anos de experiência nas áreas de petróleo e gás, já havia trabalhado em plataformas de petróleo, refinarias e petroleiros. Sua vida começou a mudar quando as empresas onde atuou e que prestavam serviços para a Petrobras viraram alvos da Lava-jato e perderam contratos com a estatal. 

Sua última ocupação, antes de ir para as ruas, foi como caldeireiro industrial numa prestadora de serviços para a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), já com vencimentos bem menores aos que estava acostumado. Depois disso veio o desemprego, o afastamento da família e a rua.

Para sobreviver nas ruas, Carlos Ulisses precisou vender latinhas, o que rendia no máximo R$ 40 por dia. Mas, com a pandemia, até essa fonte de renda secou. Ele chegou a se inscrever no Bolsa Família, recebendo R$ 91 mensais, e no auxílio emergencial. Hoje, tem salário de R$ 4,8 mil acrescido de 30% de insalubridade.

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