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Da bauxita ao alumínio

Thamyris Assunção

A bauxita é um minério essencial para o desenvolvimento socioeconômico do Pará e do Brasil. Descoberta pelo geólogo Pierre Berthier em 1821, a bauxita é um mineral de coloração avermelhada, formado, principalmente, por óxido de alumínio, que tem sua origem historicamente conhecida a partir da decomposição de rochas alcalinas – provocada pela penetração das águas das chuvas no solo ao longo de milhares e milhares de anos. Trata-se da principal fonte natural de alumínio presente em solo terrestre e a maior parte de sua extração, em nível mundial, é destinada à produção deste metal. O Brasil é detentor de grandes reservas de bauxita e o minério extraído em solo nacional é considerado de ótima qualidade, segundo especialistas do setor. De acordo com a Associação Brasileira do Alumínio (ABAL), o país possui a quarta maior reserva de bauxita do mundo sendo, assim, considerado o quarto maior produtor desse minério em todo o planeta.

No Pará, existem duas principais regiões de ocorrência e extração desse minério. A primeira fica localizada no Oeste do Estado, na chamada calha norte do Rio Amazonas que compreende desde os municípios de Almeirim até Oriximiná e Juruti; a segunda, na região Nordeste do Pará, localizada na cidade de Paragominas. Por aqui, as operações de mineração da bauxita tiveram início no final dos anos 70 e, hoje, outros municípios como Monte Alegre e Alenquer já passam por estudos minerais para identificar se a lavra do minério é possível ou não. “Depósitos de bauxita na nossa região têm sua origem e formação ligadas a processos geológicos comuns e estão associados a tipos específicos de rochas sedimentares intensamente intemperizadas (processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem na superfície da Terra, levando a lixiviação – remoção – de alguns elementos químicos e à concentração de outros, como ferro e alumínio, por exemplo). No caso da bauxita, estimativas de reservas, em geral feitas pelos trabalhos de prospecção mineral realizados, dão conta de depósitos muitos grandes, em áreas de ocorrência muito extensas, com expectativa de vida útil (tempo de lavra/extração) muito longa (muitas décadas)”, explica o geólogo, pesquisador e professor titular do Instituto de Geociências da Universidade Federal do Pará (UFPa), Rômulo Angélica. 

A cadeia da bauxita compreende três etapas fundamentais: a extração do minério, a transformação da bauxita em alumina (matéria-prima básica do alumínio) e, por último, a transformação final da alumina em alumínio, cujas partes metálicas serão comercializadas de acordo com a demanda do mercado. Na primeira etapa, a bauxita é extraída das minas e passa pelo processo de beneficiamento que compreende a britagem (redução do tamanho das rochas brutas), a lavagem (para reduzir o teor de sílica no material extraído) e secagem. Depois, na segunda etapa, a bauxita passa pelo procedimento de refino que utiliza a técnica hidrometalúrgica conhecida como “bayer” para ser convertida em alumina. Uma vez criada, a alumina pode ser utilizada, já nesta fase, por exemplo, como insumo para fabricação de materiais refratários, velas de ignição, além de produtos abrasivos e/ou para polimento. Na última etapa, a alumina é convertida em alumínio metálico por meio de um procedimento eletroquímico. Neste ponto do ciclo, o alumínio sai da indústria no formato de lingotes (barras), placas e tarugos (hastes). “São necessárias entre 5 a 7 toneladas de bauxita para produzir 2 toneladas de alumina, que se convertem em aproximadamente 1 tonelada de alumínio”, afirma Rômulo Angélica. No Pará, para auxiliar na viabilidade de desses processos, existe toda uma cadeia intermodal (que conecta vários meios de transporte como o ferroviário e o hidroviário) construída e consolidada para garantir desde o carregamento da bauxita, que vem dos municípios de Oriximiná, Juruti e Paragominas até a fase final, que compreende a transformação e a exportação do alumínio, que ocorre na cidade de Barcarena. 

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), só no ano passado, foram totalizadas mais de 28,7 milhões de toneladas de bauxita produzidas no Estado, gerando um lucro de 134 milhões de dólares em exportação. O Pará segue como principal produtor desse minério, detendo cerca de 91% da produção total de todo o país. No mundo, a produção brasileira de bauxita ocupa o terceiro lugar no ranking, estando atrás apenas da Austrália e da China. Um outro dado interessante: segundo informações da Agência Nacional de Mineração (ANM), o Pará se manteve em primeiro lugar no ranking de exportação de bauxita de 2020 até agora. De acordo com as informações mais recentes apresentadas pelo Anuário Mineral do Pará de 2019, a exportação de bauxita, originária do Pará, teve como principais destinos China, Irlanda, Estados Unidos e Índia.

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