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Caulim: das minas para o seu dia a dia

Você já ouviu falar sobre o Caulim? Trata-se de um dos minérios mais abundantes da Terra e está mais perto de você do que se imagina.

Thamyris Assunção

O caulim, cuja palavra deriva da designação chinesa kauling que quer dizer “colina alta'', originária da colina de Jauchau Fu, ao norte da China, de onde o minério teria sido obtido séculos atrás, é uma argila de cor branca, característica, formada por um argilomineral chamado caulinita (hidroxisilicato de alumínio, Al2Si2O5(OH)4). A caulinita é um dos minerais mais comuns e abundantes na superfície da terra. Compõe a maioria dos solos e sedimentos, especialmente nas regiões tropicais do planeta. Nas margens dos rios, nas várzeas, planícies pantanosas, o material de natureza argilosa é constituído dominantemente de caulinita. Como é possível achar jazidas em uma ampla distribuição geográfica ao redor do mundo, no Brasil esse minério também está presente e com maior frequência é extraído na região Norte, principalmente nos Estados do Pará, Amazonas e Amapá.

A primeira mina de caulim na região Norte teve suas operações iniciadas no ano de 1977, no município de Laranjal do Jari, no Amapá. O minério que começou a ser extraído na margem esquerda do Rio Jari é beneficiado, ainda hoje, no município de Almeirim, localizado no sudoeste do Pará, na outra margem do Rio Jari, fronteira com a cidade amapaense. Em solo paraense, o caulim conta com uma completa infraestrutura logística e portuária que tem sua cadeia de extração, beneficiamento e exportação alocada também entre os municípios de Ipixuna do Pará, região sudeste, Monte Dourado (distrito de Almeirim) e Barcarena, no nordeste do Estado.

Em Ipixuna do Pará, as minas estão localizadas às margens do Rio Capim desde meados dos anos 1980. As lavras de caulim utilizam minas a céu aberto com processos totalmente mecanizados no Estado. O ciclo do minério começa na extração, que ocorre da seguinte maneira: logo após ser detectado, remove-se uma camada de solo para, só então, o caulim ser extraído em sua forma bruta. Ainda no campo, o principal tratamento do minério é o chamado desareiamento (remoção de quartzo), a fim de deixar o material mais concentrado na fração granulométrica argila.  Após esses procedimentos, o minério extraído é transportado por meio de minerodutos por cerca de 180 km sob a forma de polpa (mistura pastosa de água e caulim) para a realização do beneficiamento na cidade de Barcarena. Nesta etapa, a mais importante da cadeia do caulim, o minério passa por um rigoroso processo de transformação - filtragem e secagem - para garantir a geração de produtos com granulometrias diferenciadas (formas de apresentação diferentes de acordo com as necessidades dos setores industriais) e alto teor de alvura (brancura) e pureza.

“Para entender o processo de beneficiamento, é necessário ter em mente que a destinação desse bem mineral é quase que exclusivamente para a indústria de papel (cobertura de papel ou paper coating). Por tratar-se de uma argila de cor excepcionalmente branca (elevada alvura) e de partículas extremamente finas, o caulim beneficiado é aplicado sobre a superfície rugosa do papel (em geral, a base de celulose, que é fibrosa), dando a maciez e a cor branca, necessárias ao referido produto. Assim, para esse fim, o processo de beneficiamento envolve tanto métodos físicos de remoção da areia (quartzo) e de outros minerais acessórios, seguido de tratamentos químicos para remoção de minerais ricos em ferro e/ou titânio, como hematita (Fe2O3) ou anatásio (TiO2), que podem dar coloração indesejada ao papel”, explica o geólogo, pesquisador e professor titular do Instituto de Geociências da da Universidade Federal do Pará, Rômulo Angélica.

Uma vez beneficiado e após ser submetido aos procedimentos padrões de qualidade e segurança exigidos pelas autoridades sanitárias, o produto final é exportado para o mercado externo, a partir de um porto localizado também em Barcarena. Por ano, segundo dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), a produção brasileira de caulim tem se mantido estável em 1.700 mil toneladas/ano. Em 2010, houve recorde na produção do minério que alcançou a marca de 2.750 mil toneladas. 

O Pará detém, hoje, os títulos de maior produtor e exportador nacional e o de 8º maior produtor de caulim do mundo. De acordo com dados da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Mineração e Energia (Sedeme), em 2020, a produção de caulim totalizou mais de 906,7 mil toneladas, gerando um lucro estimado em 119 milhões de dólares. E isto se dá graças à consolidação da cadeia de extração, beneficiamento e exportação do minério que, além de atender à demanda nacional, também abastece mercados de países da Europa, Ásia e América do Norte. Em 2018, segundo dados mais recentes publicados no Anuário Mineral do Pará, os maiores países compradores de caulim foram Canadá, Estados Unidos, Bélgica, Finlândia, Itália e China.

Todo o cuidado e segurança adotados nos processos que envolvem a cadeia do Caulim no Estado garantem a produção de um minério de reconhecida qualidade e inúmeros benefícios para a sociedade. 

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