Zelensky considera conversa com Trump no Vaticano a melhor até agora
Líder ucraniano destaca avanço nas relações com os EUA após reunião com Trump no Vaticano e propõe cessar-fogo de 30 dias em meio a tensões com a Rússia.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou que a conversa que teve com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante o funeral do papa Francisco, no Vaticano, foi a melhor que já tiveram. O encontro, que aconteceu em abril, foi breve, mas significativo, especialmente diante das tensões recentes e da incerteza sobre o apoio americano à Ucrânia. (Com informações da CNN)
Essa foi a primeira reunião presencial entre os dois desde a polêmica visita de Zelensky à Casa Branca, em fevereiro, quando o diálogo entre os líderes foi marcado por atritos. Após aquele encontro, Trump chegou a questionar se o presidente russo, Vladimir Putin, realmente desejava a paz, indicando frustração com a postura do líder russo.
Discussão sobre sanções e defesa aérea
Segundo Zelensky, durante o encontro no Vaticano, os dois discutiram as sanções dos EUA contra a Rússia e a necessidade de reforçar as defesas aéreas ucranianas. Sem entrar em detalhes, ele afirmou que os comentários de Trump sobre as sanções foram “muito fortes”. O presidente ucraniano também disse ter manifestado seu interesse em adquirir armas dos EUA.
“Falei com ele sobre a quantidade, e ele respondeu que trabalhariam nisso, lembrando que essas coisas não são gratuitas”, disse Zelensky a jornalistas na sexta-feira (2/05). “Pode ter sido a conversa mais curta, mas foi a mais substancial.”
Proposta de cessar-fogo de 30 dias
Outro ponto abordado no encontro foi a possibilidade de um cessar-fogo. Zelensky relatou que ambos concordaram que uma trégua de 30 dias seria “o primeiro passo certo” e que pretendem seguir nesse caminho.
Em seu discurso noturno no sábado (3/05), o presidente ucraniano reforçou que está pronto para avançar rumo a um cessar-fogo duradouro, desde que a Rússia esteja igualmente disposta. “A Rússia deve parar a guerra e cessar os bombardeios. Um silêncio prolongado de pelo menos 30 dias seria um período justo para preparar os próximos passos”, afirmou.
Acordo sobre minerais é considerado ponto de virada
Na mesma semana do encontro, Estados Unidos e Ucrânia assinaram um importante acordo sobre minerais estratégicos, resultado de negociações iniciadas após o retorno de Trump à Casa Branca em janeiro. Para Zelensky, a reunião no Vaticano foi decisiva para destravar esse acordo, além de ajudar a refutar alegações russas de que Kiev não estaria aberta a negociações com Washington.
De acordo com a ministra da Economia da Ucrânia, Yulia Svyrydenko, o acordo prevê a criação de um fundo de investimento conjunto. Há possibilidade de que os EUA contribuam com nova ajuda militar por meio desse fundo.
Críticas à trégua proposta por Putin
Zelensky também criticou o cessar-fogo de três dias anunciado por Vladimir Putin, previsto para ocorrer entre os dias 8 e 11 de maio. Ele afirmou que só considera válida uma trégua mais longa e significativa. Para ele, a proposta russa é uma tentativa de criar uma “atmosfera agradável” para tirar Putin do isolamento diplomático durante o Dia da Vitória, em 9 de maio.
“Não vamos participar de joguinhos para melhorar a imagem de Putin”, declarou. Ele ainda alertou que a Ucrânia “não pode ser responsabilizada pelo que acontecer dentro do território da Federação Russa”, diante do atual conflito.
Resposta russa e tensões diplomáticas
Em reação, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que o cessar-fogo proposto era um teste da disposição ucraniana em buscar a paz, pedindo declarações “claras e definitivas” de Kiev.
A trégua russa coincide com as celebrações do 80º aniversário da derrota da Alemanha nazista, ocasião em que líderes como Xi Jinping (China) e Aleksandr Lukashenko (Belarus) devem se reunir em Moscou.