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Tensão aumenta em Jerusalém às vésperas da Páscoa

Mais de 150 pessoas ficaram feridas, na última sexta-feira (15), em confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses. Na quinta-feira (14), Israel fechou a fronteira com a Cisjordânia ocupada e a Faixa de Gaza.

AFP

Mais de 150 pessoas ficaram feridas, na última sexta-feira (15), em confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, os primeiros distúrbios no início do mês do Ramadã, que levantam temores de um novo surto de violência nos Territórios Palestinos. Na quinta-feira (14), Israel anunciou o fechamento das passagens fronteiriças que separam Israel da Cisjordânia ocupada e da Faixa de Gaza. O fechamento é efetivo durante duas noites, as primeiras da Páscoa judaica, e poderia se prolongar até o final dos oito dias da celebração.

Um total de "153 palestinos feridos foram transferidos" para hospitais de Jerusalém e "dezenas" foram tratados no local, disse à AFP um funcionário do Crescente Vermelho palestino. Por sua vez, a polícia israelense relatou três feridos entre suas tropas. 
Segundo uma ONG de defesa dos prisioneiros palestinos, cerca de 400 pessoas foram presas. 

Os distúrbios começaram na última sexta-feira, quando vários palestinos atiraram pedras e as forças de segurança israelenses responderam com balas de borracha e bombas de efeito moral contra os manifestantes. Por volta das 4h da manhã, "dezenas de jovens desordeiros encapuzados", alguns acenando com a bandeira do movimento islâmico palestino Hamas, "começaram uma procissão" pela Esplanada das Mesquitas e atiraram pedras contra o Muro das Lamentações, disse a polícia israelense. 

Omar Al Kiswani, diretor da Mesquita Al Aqsa, localizada na Esplanada, relatou um segundo incidente pela manhã envolvendo uma intervenção da polícia israelense no próprio local de culto. "A ocupação (o nome dado a Israel pelos palestinos) sabe que a mesquita de Al Aqsa é uma linha vermelha que não deve ser ultrapassada", disse à AFP.

Esses confrontos na Esplanada são os primeiros a serem registrados este ano durante o mês do Ramadã, um período de jejum e oração em que os palestinos muçulmanos rezam na Mesquita de Al Aqsa, o terceiro lugar sagrado para o Islã. "Não há lugar para invasores e ocupantes em nossa sagrada Jerusalém", reagiu o chefe do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh, nesta sexta-feira. 

O Hamas, que controla Gaza, viu suas capacidades militares reduzidas nos confrontos de 2021 e buscaria manter o conflito ativo na Cisjordânia e em Jerusalém, mas não na Faixa, estimam analistas. "O confronto será mais difícil" para as forças israelenses "se não acabarem com a agressão contra nosso povo", disse a Jihad Islâmica, outro movimento palestino, em comunicado nesta sexta-feira. 

A União Europeia, os Estados Unidos e a Liga Árabe também expressaram sua preocupação, e o mediador da ONU para o Leste, Tor Wennesland, pediu uma "diminuição imediata" para "evitar novas provocações dos radicais". A França, por sua vez, pediu "máxima moderação", enquanto o Catar, que já foi mediador entre Israel e palestinos no passado, expressou sua "forte condenação" ao "ataque aos fiéis" muçulmanos.

"Não temos interesse em que o Monte do Templo se torne um centro de violência. Isso prejudicaria tanto os muçulmanos de lá quanto os judeus no Muro das Lamentações", disse o ministro da Segurança Pública israelense, Omer Bar-Lev, membro da coalizão mista do primeiro-ministro Naftali Bennet.

Bennett perdeu a maioria no Parlamento na semana passada após a saída surpresa de um parlamentar de direita. Uma ação policial muito dura pode enfraquecer o apoio de deputados árabes à coalizão, enquanto atos de violência de palestinos ou árabes israelenses podem encorajar novas saídas de deputados de direita, segundo a imprensa local.

Esses confrontos no coração de Jerusalém, que coincidem este ano com o início da Páscoa católica e da Páscoa judaica, Pessach, ocorrem após semanas de tensão em Israel e na Cisjordânia, território ocupado desde 1967 por Israel. Desde 22 de março, Israel sofreu quatro ataques que deixaram 14 mortos. 

image Quase 400 pessoas foram detidas após o aumento da tensão em Jerusalém às vésperas da Páscoa, por conta de um fechamento das fronteiras que pode durar até oito dias (MAHMOUD ILLEAN-ASSOCIATED PRESS-ESTADÃO CONTEÚDO)


Três palestinos morrem na Cisjordânia após operações militares israelenses

Na última quinta-feira (14), três palestinos morreram na Cisjordânia, onde Israel vem realizando "operações antiterroristas" há uma semana, após uma série de ataques sangrentos no coração de Tel Aviv. O exército israelense lançou, no último sábado, uma ampla ofensiva na Cisjordânia para cercar os suspeitos vinculados a quatro ataques anti-israelenses, que deixam 14 mortos desde 22 de março.
Em confrontos nesta quinta-feira pela manhã, "dois jovens morreram de ferimentos causados em um ataque israelense no distrito de Jenin" no norte da Cisjordânia, disse o Ministério da Saúde palestino em comunicado.

Horas depois, o ministério anunciou a morte de um terceiro palestino de 45 anos, pai de seis filhos, que foi "gravemente ferido por balas israelenses" na quarta-feira em Beita, ao sul de Naplusa. Segundo fontes locais, a vítima se chamava Fawaz Hamayel.

Por sua vez, o exército israelense indicou que continua com suas "operações de contraterrorismo" na Cisjordânia, território ocupado por Israel desde 1967, mas não comentou sobre as duas vítimas desta quinta-feira mencionadas por fontes palestinas.

"Durante a operação, dezenas de palestinos atacaram violentamente os soldados, dispararam contra as forças (israelenses) e lançaram explosivos contra eles, colocando em risco sua segurança", disse o exército à AFP, acrescentando que "os soldados responderam com balas reais".

Segundo fontes locais, os dois palestinos mortos foram Mustafa Abu Al Rub e Shaas Kamamji, irmão de Ayham Kamamji, membro da Jihad Islâmica que fugiu de uma prisão de segurança em Israel em setembro com outros cinco detidos, antes de ser capturado.
Esta escalada de violência ocorre em pleno Ramadã, importante festividade do islã, e às véspera da Páscoa judaica na sexta-feira, que também coincide com a Semana Santa dos cristãos, o que atiça as tensões nos locais sagrados de Jerusalém.

Nesta quinta, Israel anunciou o fechamento das passagens fronteiriças que separam Israel da Cisjordânia ocupada e da Faixa de Gaza a partir da sexta-feira. O fechamento é efetivo durante duas noites, as primeiras da Páscoa judaica, e poderia se prolongar até o final dos oito dias da celebração.

image Informações de ONGs apontam cerca de 150 pessoas feridas na revolta ocorrida em Jerusalém (MAHMOUD ILLEAN - ASSOCIATED PRESS -ESTADÃO CONTEÚDO)

Hamas classifica jovens palestinos de "mártires heróicos"

Na quarta-feira, o ministro da Segurança Interna israelense, Omer Bar-Lev, falou sobre as operações em Jenin, prometendo que sua "intensidade só aumentará". No mesmo dia, um advogado e dois jovens palestinos morreram na Cisjordânia.
Em um comunicado, a Jihad Islâmica, principal movimento islamita armado depois do Hamas, qualificou os dois jovens palestinos de "mártires heroicos".

Um deles, Amer Elyan, de 18 anos, foi levado nesta quinta-feira ao cemitério de Silwad, ao norte de Ramallah (centro) por uma multidão, e foi sepultado envolto em uma bandeira palestina. "O único desejo do meu filho, como o de toda a sua geração, era se tornar um mártir porque não veem futuro, nem horizonte político para eles", declarou à AFP seu pai, Mohamad.

Desde 22 de março, Israel sofreu um total de quatro ataques, os dois primeiros perpetrados por árabes israelenses ligados à organização jihadista Estado Islâmico (EI) e os dois últimos por palestinos da região de Jenin. Os ataques deixaram um total de 14 mortos. Durante o mesmo período, as forças israelenses mataram 20 palestinos, incluindo os agressores, de acordo com uma contagem da AFP.

O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, disse que deu sinal verde às forças armadas para "derrotar o terror" na Cisjordânia, alertando que não haverá "limites" para esta guerra.

Por sua vez, o primeiro-ministro palestino, Mohamad Shtayeh, acusou soldados israelenses na quarta-feira de "matar por matar, sem a menor consideração pelo direito internacional".

Segundo fontes palestinas, as forças de segurança israelenses detiveram mais de 200 palestinos desde o início de abril, metade deles nos últimos seis dias.

Essa escalada de violência ocorre no auge do Ramadã, um importante feriado islâmico, e na véspera da Páscoa na sexta-feira, que também coincide com a Semana Santa para os cristãos, alimentando as tensões em locais sagrados em Jerusalém. No ano passado, durante o Ramadã, fortes tensões em Jerusalém provocaram um confronto armado de 11 dias entre Israel e o movimento islamita Hamas, que controla a Faixa de Gaza.

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