Sonda chinesa pousa no lado oculto da lua
missão fará observação astronômica de rádio de baixa frequência, detecção de composição mineral e estrutura da superfície
A China pousou nesta quinta-feira, 3, com sucesso, uma sonda na face oculta da Lua, proeza que reforça as ambições espaciais de Pequim. A sonda Chang’e-4, que havia decolado em 8 de dezembro, fez a alunissagem sem problemas às 10h26 (horário chinês), segundo a agência chinesa Xinhua.
Chang’e-4 - assim chamada em homenagem à deusa da Lua na mitologia chinesa - enviou uma foto da superfície lunar ao satélite Queqiao, em órbita ao redor da Lua ontem. Nenhuma sonda nem módulos de exploração haviam pousado antes na superfície da face oculta da Lua. Todos os pousos anteriores ocorreram na face visível da Lua, a mais próxima da Terra, que está sempre posicionada de frente ao nosso planeta.
A face oculta da Lua também recebe o nome de "lado escuro", ainda que essa designação seja inapropriada, pois a luz solar atinge toda a superfície do satélite. A região é montanhosa e acidentada, cheia de crateras. Já a face visível tem numerosas superfícies planas para o pouso.
A primeira nação a conseguir captar imagens da face oculta da Lua foi a então União Soviética, em 7 de outubro de 1959, com sua sonda automática Luna 3. O porta-voz do missão chinesa, Yu Guobin, disse que o pouso na face oculta foi um "momento histórico". O país asiático pretende mandar astronautas para a Lua até 2030. O governo não informa quanto gasta com o programa espacial.
Pequim há anos preparava esta operação, especialmente difícil do ponto de vista tecnológico. Um dos maiores desafios era se comunicar com o robô lunar. Como a face oculta está orientada em sentido oposto à Terra, não há "linha de visão" direta para transmitir sinais. Por isso, foi lançado um satélite Queqiao, posicionado na órbita lunar para transmitir ordens e dados entre a Terra e o módulo.
Outro desafio eram as temperaturas extremas. Durante a noite lunar, que dura 14 dias terrestres, as temperaturas baixam a -173ºC e durante o dia lunar, também equivalente a 14 dias terrestres, podem alcançar 127ºC. Para dificultar ainda mais, a sonda Chang’e-4 foi enviada em direção a uma região do polo sul da Lua, na bacia Aitken, cujo terreno é particularmente íngreme
TAREFAS
A missão realizará atividades de observação astronômica de rádio de baixa frequência, detecção de composição mineral e estrutura da superfície lunar pouco profunda. Também fará a medição da radiação de nêutrons e átomos neutrais para estudar a face oculta.
Também está previsto o cultivo de verduras e flores em um recipiente hermético, como parte de uma série de experimentos desenvolvidos por 28 universidades chinesas.