Por que Iowa importa?
Votação que definirá o próximo presidente da maior potência do mundo acontecerá no dia 5 de novembro
Nesta segunda-feira (15) se inicia o processo eleitoral mais esquisito do planeta, a eleição dos Estados Unidos. A votação que definirá o próximo presidente da maior potência do mundo acontecerá no dia 5 de novembro, mas o caminho até o dia D é longo, com diversas primárias acontecendo nos próximos meses. Amanhã, como reza a tradição, é o Caucus de Iowa.
Neste primeiro momento, os partidos realizam as primárias para decidir quem será o seu candidato nas eleições gerais. Em quase todos os estados, a votação ocorre como em qualquer lugar, com filas longas e votações em cabines privadas. Em Iowa, não.
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Caucus reúne cidadãos aptos a votar
O Caucus é um sistema em que os cidadãos aptos a votar, se encontram em cafeterias, ginásios, igrejas e escolas para debater as propostas de cada candidato. Um processo de convencimento ao vivo. Após as discussões, cada eleitor escreve em um pedaço de papel em quem irá votar, e depois contabiliza-se o vencedor.
O ultrapassado sistema é apenas um dos episódios de uma eleição complexa e, de difícil compreensão. A maior democracia do planeta realiza processos eleitorais com pedaços de papel e, ironicamente, não elege diretamente seus presidentes.
Ninguém quer começar mal, e as aparências importam
O Caucus de Iowa pode parecer irrelevante, afinal, é um estado minúsculo com pouca influência nacional nas eleições, mas atrai a atenção de todos os candidatos. O motivo é simples: ninguém quer começar mal, e as aparências importam.
No passado, Iowa foi responsável por derrubar favoritismos e reverter previsões eleitorais no país. Em 1976, o desconhecido governador da Geórgia, Jimmy Carter, surpreendeu e venceu no estado. A partir de então, se tornou conhecido e virou o jogo, vencendo a nomeação do partido e a presidência do país.
Fato similar ocorreu em 2008. Na época, Hillary Clinton era a principal liderança do partido Democrata e apontada como favorita a vencer as eleições. Na noite do Caucus, veio a surpresa: Barack Obama, um senador sem influência nacional, havia vencido em Iowa. No dia seguinte, Obama ganhou repercussão na mídia e passou a receber mais financiamentos para a sua campanha. O resto é história.
Todos os candidatos podem realizar boas campanhas
Por ser um estado pequeno, todos os candidatos entram em condições de realizar boas campanhas pelos condados. Rodam Iowa de carro, visitam feiras e outros eventos locais, contratam funcionários por preços mais baixos e conseguem ecoar suas mensagens em iguais condições. Em Iowa, o dinheiro não fala mais alto, e por isso ganha a atenção de todos os candidatos.
Neste ano, depois de décadas, os Democratas abandonaram o tradicional pontapé no estado do centro-oeste. Biden alega que Iowa não reflete a diversidade eleitoral do país, mas, na verdade, ele é mal avaliado por lá. Debilitado, optou por não começar fazendo feio, diferente de Trump, que deve ganhar dos outros republicanos com mais de 30% de diferença dos votos.
Apesar das críticas e do baixo comparecimento ao Caucus, Iowa segue sendo o primeiro a votar desde 1972. Há, inclusive, uma lei estadual que garante esta posição ao pequeno estado. Iowa não é o primeiro a votar porque é importante, mas é importante porque é o primeiro.