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Paraense judia que vive em Israel estava em Shabat quando ataques começaram

Suely, o marido e os filhos só ficaram sabendo das proporções do conflito horas depois

Elisa Vaz

O conflito entre Israel e grupo terrorista Hamas tem alcançado diversos cidadãos paraenses que moram nas proximidades da Faixa de Gaza. Uma delas é a pedagoga Norma Suely Sicsú, de 58 anos, que vive em Israel ao lado do marido, filhos e netos. Judia, ela conta que sempre teve vontade de manter residência no país do Oriente Médio, tanto que já ia duas vezes por ano até a “Terra Santa”, mas só em março deste ano fixou moradia em Petah Tikva, cidade de fica a cerca de 20 minutos de Tel Aviv.

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Antes dela, a filha já vivia lá há 12 anos e o filho se mudou no ano passado. Como toda a família mora no país, não há intenção de voltar ao Brasil, mas Suely conta que os dias têm sido de tensão. No sábado (07), quando o ataque surpresa começou na Faixa de Gaza, ela e a família estavam no Shabat, o dia de descanso semanal no judaísmo, que não é permitido ter contato com equipamentos eletrônicos, entre outras restrições. Por conta disso, os familiares não souberam de nada até muitas horas depois; apenas ouviram sirenes.

“Moramos em casas separadas, mas, naquele dia, estávamos juntos. Ficamos em casa e só depois soubemos, quando acabou o Shabat. É diferente para quem mora aqui porque, emocionalmente, eles já vivem esse conflito, para a gente que é brasileiro é assustador, não tem preparo. A gente faz trabalho de reza, salmo, acredita em Deus. No geral, o país é muito seguro, fora quando têm as guerras, mas, normalmente, não tem assalto, ninguém rouba nada, a gente anda de ônibus. Desde sempre venho, passo 40 dias e nunca vivi isso. A gente é um povo muito unido, que não perde a nossa fé em Deus e a esperança de que tudo vai dar certo”, declarou, em entrevista exclusiva com o Grupo Liberal.

Conflitos

A reportagem questionou o motivo de Suely querer continuar no Oriente Médio apesar dos conflitos. Ela respondeu que, sendo judia, sempre foi seu sonho viver em Israel, e a pandemia deixou ainda mais claro esse desejo. Ela lamenta que o povo judeu esteja passando pelo que considera um “massacre terrorista”.

“Meu emocional está muito abalado porque estamos vivendo uma coisa que não vivemos desde o holocausto, tantas mortes de tantos judeus. E era o dia de uma festa nossa, dia que comemoramos com alegria e acordamos com o susto. É um sofrimento emocional muito grande ver tudo que aconteceu com nosso povo por grupos sem amor à vida e sem amor a Deus”. A mãe ainda destacou que não luta contra a Palestina ou o Líbano, mas sim contra as facções.

Onde ela vive não é palco do conflito - a cidade de Petah Tikva fica mais ao norte, e não ao sul, onde ocorre a maioria dos ataques. Embora ainda não esteja dentro da normalidade, o dia a dia na cidade tem sido tranquilo, segundo ela, com pessoas trabalhando, inclusive a filha e o genro. Quando toca uma sirene, os moradores se dirigem a bunkers. Os únicos locais fechados são as escolas, que não contam com a estrutura.

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