Netanyahu aceita trégua dos EUA; Hamas exige alteração da proposta
Segundo a imprensa israelense, Netanyahu comunicou às famílias dos reféns que havia aceitado a proposta americana.

O enviado especial da Casa Branca, Brett McGurk, apresentou nesta quinta-feira (28) a israelenses e palestinos uma nova versão do plano americano para a libertação de reféns e a implementação de um cessar-fogo na Faixa de Gaza. O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, aceitou a proposta antes mesmo de ela ser enviada ao Hamas, que, por sua vez, exigiu alterações no texto, considerado tendencioso pelo grupo.
"Posso confirmar que McGurk e o presidente apresentaram um plano de cessar-fogo, que Israel aprovou antes de ele ser enviado ao Hamas", disse a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt. "Posso confirmar também que as discussões estão em curso e esperamos que seja alcançado um cessar-fogo para trazermos todos os reféns de volta para casa."
Segundo a imprensa israelense, Netanyahu comunicou às famílias dos reféns que havia aceitado a proposta americana. Na quarta-feira, o primeiro-ministro reuniu-se com seu gabinete para discutir o plano, antecipando-se a uma possível reação negativa dos ministros de extrema-direita Itamar Ben-Gvir, da Segurança Interna, e Bezalel Smotrich, das Finanças.
O Hamas também confirmou ter recebido a proposta americana, afirmando que "analisaria os termos de forma responsável". No entanto, segundo fontes citadas pela imprensa israelense, o grupo considerou o novo plano favorável demais a Israel e exigiu mudanças. No início da noite de quinta-feira, circularam rumores de que os palestinos haviam aceitado a trégua, mas o Hamas desmentiu a informação.
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Detalhes
A proposta não foi oficialmente divulgada, mas o jornal The Jerusalem Post e as agências Associated Press e France-Presse revelaram alguns detalhes. O plano prevê uma trégua de 60 dias, prorrogável por mais 10 dias. Durante a primeira semana, haveria a libertação de 10 reféns e a entrega dos corpos de outros nove, em troca de mais de mil prisioneiros palestinos detidos em Israel. Na segunda semana, ocorreria uma nova troca, nos mesmos termos.
Atualmente, segundo estimativas, 58 reféns ainda permanecem em Gaza — desses, 35 estariam mortos. Ao final dos 60 dias de trégua — ou 70, caso seja prorrogada —, Israel poderia retomar os combates, se assim decidir, conforme a proposta elaborada por McGurk. O plano também prevê a retirada das tropas israelenses das áreas ocupadas desde o último cessar-fogo.
Na semana passada, o Hamas havia concordado com duas trocas de reféns nos mesmos moldes, mas distribuídas entre a primeira e a última semana da trégua, de acordo com fontes citadas pela France-Presse.
Por isso, o grupo considerou o novo plano americano um retrocesso em relação à proposta anterior de McGurk, que havia recebido um sinal verde dos palestinos. A oferta anterior incluía um compromisso dos Estados Unidos com a negociação de um cessar-fogo permanente.
"É difícil para o Hamas aceitar uma nova proposta que não inclua garantias americanas de negociações para um cessar-fogo definitivo durante a trégua", disse uma fonte, sob anonimato, à agência.
Apesar de a Casa Branca demonstrar otimismo — e certa pressa — em anunciar um acordo, outras fontes familiarizadas com a negociação se mostraram menos confiantes. Uma reportagem do jornal Haaretz, citando um diplomata estrangeiro, afirmou que as duas partes "não estão nem perto de chegar a um entendimento".
Bombardeios
Enquanto prosseguem as negociações diplomáticas, os confrontos em Gaza continuam intensos. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que 44 pessoas morreram nos bombardeios israelenses na quinta-feira.
Autoridades palestinas também relataram que outras duas pessoas morreram por disparos israelenses perto de um centro de distribuição de alimentos, no sul de Gaza. Israel afirmou ter atacado apenas "terroristas, estruturas militares, postos de observação e atiradores de elite que representavam uma ameaça às suas tropas".
(COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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