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Membros do Taleban reprimem venda de pílulas anticoncepcionais a mulheres no Afeganistão

Mulheres que fazem uso dos medicamentos relataram preocupação e desespero com a medida

Emilly Melo
fonte

O jornal britânico The Guardian apurou que combatentes do Taleban estão visitando farmácias e exigindo o fim da venda de métodos contraceptivos em duas das principais cidades do Afeganistão. As ações foram confirmadas por farmacêuticos e obstetras, mesmo sem uma posição oficial do governo. 

Na capital, Cabul, e em Mazar-i-Sharif, uma importante cidade ao norte do país, os farmacêuticos relataram que membros do grupo terrorista foram de porta em porta exigindo a retirada dos medicamentos e injeções das prateleiras, alegando que a contracepção é uma conspiração ocidental para controlar a população muçulmana.

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"Eles vieram duas vezes à minha loja com armas e me ameaçaram para não vender pílulas anticoncepcionais. Eles verificam regularmente todas as farmácias em Cabul e paramos de vender os produtos", disse um lojista na capital. Outros lojistas afirmaram ter medo de vender seus estoques de pílulas e injeções

Obstetras também relataram ter sido ameaçados para não vender o contraceptivo. Os combatentes afirmam que "o uso de anticoncepcionais e planejamento familiar é uma agenda ocidental". Mulheres que fazem uso dos medicamentos relataram ao jornal preocupação e desespero com a medida.

Declaração oficial 

O governo não deu nenhuma declaração oficial sobre o assunto. Um porta-voz do Taleban, Ustad Faridoon, disse ao Guardian que não apoiava uma proibição total. "O uso de anticoncepcionais às vezes é clinicamente necessário para a saúde materna. É permitido na Sharia usar métodos contraceptivos se houver risco para a vida da mãe. Portanto, uma proibição total de contraceptivos não é certa".

Um relatório da Humans Right Watch produzido em maio de 2021, portanto antes do Taleban tomar novamente o poder no país, já indicava a tendência de declínio nos investimentos em saúde para as mulheres no país, e apontava preocupações com o que ocorreria após a retirada das tropas americanas.

A preocupação agora dos ativistas de direitos reprodutivos e das mulheres é que com a queda no uso de contraceptivos, piore os casos de mortalidade materna em um país que já é um dos mais perigosos para se dar à luz.

O Taleban tomou o poder no Afeganistão em agosto de 2021 antes mesmo do fim da retirada das tropas americanas do país. A chegada do grupo ao poder preocupou líderes e organizações internacionais principalmente pelo risco ao direito das mulheres, o que o grupo garantiu na época que não seria afetado. Mas desde então, o Taleban já proibiu o ensino superior para meninas, fechou universidades para mulheres, forçou as mulheres a deixarem seus empregos e restringiu sua capacidade de deixar suas casas.


(*Emilly Melo, estagiária, sob supervisão de Keila Ferreira, coordenadora do Núcleo de Política)

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