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Jovem paquistanesa é condenada à morte por compartilhar caricaturas de Maomé

Tribunal do Paquistão considerou atitude uma blasfêmia

O Liberal

A jovem Aneeqa Ateeq, de 26 anos, foi condenada à morte por um Tribunal do Paquistão sob a acusação de enviar textos com blasfêmia e caricaturas do profeta Maomé pelo WhatsApp. Ela já estava presa desde maio de 2020, depois de ter sido denunciada por outro paquistanês que ela havia conhecido um ano antes em um jogo online e com quem passou a conversar via WhatsApp. As informações são do site Notícias ao Minuto.

De acordo com o documento de acusação, obtido pelo jornal britânico The Guardian, o homem afirmou que Aneeqa, deliberada e intencionalmente, "maculou personalidades sagradas justas e insultou crenças religiosas de muçulmanos" ao enviar caricaturas de profetas, fazer observações de personalidades sagradas e ainda usar seu perfil no Facebook para divulgar materiais blasfemos.

A jovem argumentou, em sua defesa, que é uma muçulmana praticante e que foi atraída propositalmente para uma discussão religiosa, de maneira a produzir contra si evidências que poderiam ser usadas como vingança no caso de um desentendimento futuro entre os dois. Porém, nada disso conseguiu reverter a decisão do tribunal, que a condenou à morte pela forca, além de  20 anos na prisão. 

Atualmente no Paquistão, país que tem uma das leis de blasfêmia mais duras do mundo, mais de 80 pessoas estão presas sob acusação de blasfêmia, sendo que metade enfrenta prisão perpétua ou pena de morte, de acordo com a Comissão Internacional de Liberdade Religiosa dos Estados Unidos. Na prática, porém, as execuções acabam não ocorrendo, e os réus passam a vida na prisão.

As caricaturas de Maomé, tidas como blasfêmia pelo islã, já motivaram ataques ao jornal francês Charlie Hebdo e ao professor Samuel Paty, que exibiu as imagens para seus alunos, em Paris. Enquanto o atentado contra o jornal deixou 12 mortos em janeiro de 2015, Paty foi decapitado por um jovem tchecheno em março do ano passado. Ambos os casos geraram comoção nacional.

Já dentro do próprio Paquistão, um trabalhador do Sri Lanka foi linchado e queimado por uma multidão após ser acusado de blasfêmia em dezembro do ano passado.

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