Golpe do amor: namorado finge crise financeira para roubar R$ 3 milhões de namorada
No namoro de 4 anos, o homem pediu empréstimos à mulher e furtou cheques dela
Em quatro anos de namoro, um homem de 48 anos furtou a soma de R$ 3 milhões da namorada, que o emprestava dinheiro. Ela também furtou cheques dela. Agora, ele foi denunciado pelo Ministério Público fluminense (MPRJ) pela prática de estelionato amoroso contra uma ex-namorada.
O suspeito alegava ser empresário e dizia enfrentar uma crise financeira. A então namorada, que também é empresária, queria ajudá-lo, e acabou sofrendo o golpe de R$ 3 milhões, ao longo de quatro anos de relacionamento.
A peça judicial aponta que o casal manteve um relacionamento de 2017 a 2020. Nesse período, o homem pedia ajuda financeira para a mulher, afirmando que os empréstimos, entre outras despesas realizadas em nome dela, seriam devidamente ressarcidos.
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Namorada desconfiada
A desconfiança da namorada em relação ao companheiro iniciou em 2018, após um ano de relacionamento, quando ela notou a falta de folhas do talão de cheques em uma viagem. Ao perguntar ao homem sobre o sumiço das folhas, ele tentou manipulá-la emocionalmente, negando o furto, e dizendo que ela não confiava nele.
Sobre esse episódio, a vítima registrou um Boletim de Ocorrência (BO), como “extravio das folhas de cheque”. Após meses do ocorrido, ao conferir o extrato bancário, ela identificou a compensação de um dos cheques, do qual ela nunca havia usado, no valor de R$ 3,6 mil, tendo sido devolvido por conta de divergência na assinatura.
Ela questionou o namorado, de novo, e dessa vez, ele confessou que furtou a folha de cheque de R$ 3,6 mil da namorada, além das outras que haviam sumido dois meses atrás. Para driblar a mulher, ele disse ser um “homem fraco” e “desprovido de caráter”, mas por estar arrependido teria queimado os cheques restantes.
A namorada ainda acreditou que se tratou de um episódio isolado e desculpou o namorado. Mas, ele voltou a roubá-la. Quase um ano depois do ocorrido, mais dois cheques dela, no valor de R$ 3,5 mil cada, tinham sido devolvidos, novamente, por divergência de assinatura.
Em 2020, último ano do casal junto, o uso de outros cheques – de R$ 5 mil – tornaram a aparecer na conta bancária da vítima. Em uma das discussões, o homem afirmou que, apesar de ter acesso livre a casa da namorada, nunca quis isso.
"Eu imagino a tristeza que você deve estar sentindo, porque se eu estou. De certa forma é imperdoável o que eu fiz. Eu me preservo tanto para não invadir a privacidade de alguém, mas acabo fazendo o pior. Nunca quis ter a chave da sua casa. Nunca quis entrar lá sem você por respeito a sua individualidade, mas incoerentemente eu passo a mão no que não é meu, igual a um ladrão, igual a um desesperado. Sendo que você está me ajudando muito em tudo", escreveu o golpista.
Ele ressalta que já pediu para que ela se afastasse dele e que não é mau-caráter. "Você também não me leva a sério quando eu falei inúmeras vezes para se afastar de mim. Você merece coisa melhor, merece paz, merece alguém que te trate bem, merece um homem de verdade e não essa porcaria que eu sou. Posso não ter sido durante a maior parte da minha vida, mas me tornei. As coisas foram acontecendo e eu não soube lidar. Passei por pessoas que me fizeram mal. Eu não sou mau-caráter", disse o suspeito.
A vítima havia sido furtada, e após percebeu que havia transferências bancárias para o estelionatário e o irmão dele, também indiciado no processo. Apesar dos crimes cometidos, a vítima continuou na relação, pois ele apresentava como justificativa para suas atitudes os prejuízos que estava tendo com a empresa.
Só em transferências bancárias, em 2017, o prejuízo da mulher foi de R$ 309.540,00. Já em 2018, essa quantia subiu para R$ 1.901.030,53. Enquanto em 2019 chegou a R$ 288.320,00.
Segundo a denúncia, o ex-companheiro mantinha com a mulher um comportamento manipulador e, em uma das ocasiões, chegou a ameaçar a tentar contra a própria vida, por acreditar que ele não merecia uma mulher como ela. As investigações apontam, ainda, que o homem passou a desenvolver uma atividade clandestina de compra e venda de relógios luxuosos, por meio dos cheques furtados e transferências realizadas pela vítima.
Com o fim do namoro, o golpista passou a ameaçar a vítima, o que fez com que ela entrasse com pedido de medidas protetivas na Justiça. Desde então, o homem nunca tentou reaver a dívida com a ex-namorada.