Eleições no Reino Unido indicam mudança nos rumos políticos

Partido Conservador liderado pelo primeiro-ministro Rishi Sunak enfrenta grave crise de popularidade

Gustavo Freitas - Especial para O Liberal
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O ano de 2024 é marcado por um amplo calendário eleitoral ao redor do mundo, com eleições importantes a serem observadas. No Reino Unido, as eleições gerais ainda não têm data marcada para acontecer, mas as projeções indicam uma grande mudança política nos rumos do país.

O Partido Conservador, hoje liderado pelo primeiro-ministro Rishi Sunak, enfrenta grave crise de popularidade graças a uma sucessão de escândalos internos e crises políticas no Partido que foram sentidas no bolso do cidadão britânico. Segundo uma pesquisa encomendada pelo instituto YouGov, apenas 21% dos britânicos têm uma opinião favorável ao atual primeiro-ministro.

Partido Trabalhista aparece como favorito

Enquanto isso, o Partido Trabalhista, de oposição, aparece como grande favorito a vencer as eleições gerais, indicando assim o próximo primeiro-ministro. Keir Starmer, líder da oposição, foi responsável por remodelar a linha de atuação dos trabalhistas, deixando de ser visto como um partido de protestos para se tornar propositivo, mais ao centro.

A mudança nos posicionamentos veio após a derrota nas eleições de 2019, então vencida pelo Partido Conservador de Boris Johnson. Na época, os trabalhistas eram liderados por Jeremy Corbyn, uma figura altamente rejeitada no centro e norte do país, com a alcunha de ser radical demais, e assim acabaram sofrendo a sua pior derrota desde 1935. A troca na liderança foi fundamental para que o partido voltasse a ganhar popularidade ao longo dos últimos anos.

Crises marcaram o partido conservador

Desde a vitória arrasadora em 2019, as perspectivas eram de um governo sem dificuldades de governabilidade, com ampla maioria no parlamento e grande popularidade de Boris Johnson. O cenário mudou com a chegada da pandemia e, em seguida, a guerra na Ucrânia.

O primeiro escândalo veio à tona quando Boris Johnson subestimou a gravidade da covid-19 que, segundo ele, parecia apenas “uma nuvem no horizonte que se transformou em tufão”, vitimando mais de 230 mil pessoas no Reino Unido. O ex-primeiro-ministro admitiu que seu governo falhou durante a pandemia e chegou a pedir desculpas à população pelas declarações sobre o vírus.

Ainda na pandemia, enquanto o país passava por um severo lockdown em momento delicado de número de mortos, o gabinete do primeiro-ministro foi flagrado realizando reuniões sociais regadas a

queijos e champanhes, sem uso de máscaras ou distanciamento social, pré-requisitos determinados pelo próprio governo ao povo britânico.

No primeiro momento, Boris Johnson negou sua participação nos eventos, mas não demorou para que fotos do então primeiro-ministro fossem vazadas, confirmando sua presença nas festas em período de total restrição à população.

Para se manter no cargo, Johnson se tornou aliado fiel de Zelensky na Ucrânia, fazendo visitas constantes a Kiev, doações generosas e alertando a gravidade do momento. Até hoje, o ex-premiê britânico ainda é uma das figuras internacionais mais respeitadas pelo povo ucraniano, mas os escândalos o obrigaram a renunciar ao cargo.

A sua sucessora, Liz Truss, durou apenas seis semanas em Downing Street. Vista como incapaz de liderar uma mudança econômica que estancasse a inflação e o alto custo de vida no país, diversos membros do seu gabinete renunciaram e aliados próximos defenderam a sua saída. O curto mandato não passou em branco, ela estava no cargo quando a Rainha Elizabeth II faleceu, cabendo a ela anunciar o ocorrido e organizar o funeral da rainha mais longeva da história.

Agora no poder, Rishi Sunak busca melhorar a sua popularidade sob o discurso de controle da inflação que, de fato, caiu nos últimos meses, mas o custo de vida continua subindo. Por conta da guerra na Ucrânia, os custos dos alimentos e energia subiram desproporcionalmente, afetando diretamente os britânicos. Cerca de 44% da população alega que está usando menos energia dentro de casa por conta dos preços no fim do mês.

Alimentos devem impactar economia das famílias

Segundo a Reuters, o preço dos alimentos e bebidas continuará crescendo em 2024, impactando as finanças da população britânica, que não viu os salários acompanharem a escalada nos supermercados. O tema será central e decisivo nas eleições gerais.

Keir Starmer, líder trabalhista, vem atacando diariamente o alto custo de vida no país e promete “uma década de transformação” no Reino Unido. Starmer quer criar bases sólidas de crescimento econômico e, para isso, tem buscado apoio do setor empresarial do país.

Além da economia, o Partido Trabalhista promete dar uma nova cara ao NHS, o sistema universal de saúde do país que, segundo Keir Starmer, foi destruído pelo Partido Conservador. Entre as diversas propostas para recuperar o sistema, Starmer garante que acabará com as longas filas de espera por atendimento e resolverá a crise de falta de médicos em várias áreas.

Até o momento, o Partido Trabalhista venceu eleições locais em redutos historicamente ligados ao Partido Conservador, e aparece com uma folgada distância de 21% da preferência dos eleitores britânicos nas eleições gerais. Em Londres, o atual prefeito Sadiq Khan, do Partido Trabalhista, também aparece com mais de 20% de diferença para o candidato conservador e deve vencer a eleição, assegurando o seu terceiro mandato na capital.

Há expectativas que os conservadores terminem as eleições com menos de 100 assentos no parlamento britânico e, se isso se concretizar, o Partido Conservador poderá amargar a pior derrota eleitoral de sua história.

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