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Coronavírus impõe isolamento e solidão até na hora do luto

Até quem faleceu de outra doença não teve velório.

Redação Integrada, com informações do Extra

Em meio à pandemia, dar adeus a um ente querido se torna ainda mais difícil. Velórios foram suspensos ou encurtados; houve limitação no número de pessoas que podem acompanhar os enterros, os caixões foram fechados. Assim são as despedidas cada vez mais solitárias, sem o conforto de um abraço ou o amparo de um ombro amigo.

Na tarde da última quarta-feira, dia 1º, apenas oito pessoas compareceram ao enterro do aposentado Nazareno Rodrigues da Costa, no Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio. O idoso, que tinha 72 anos, estava muito debilitado. O resultado do teste para o covid-19, a doença causada pelo novo coronavírus, deu positivo. Sepultadores e o motorista do carro da funerária utilizaram equipamentos de proteção individual, como macacões, máscaras e luvas.


"Foi um enterro mais solitário, mais triste para toda a família. Mas é para o bem de todos, não podemos criar aglomerações e respeitamos isso, contou Thamires Costa, neta de Nazareno.

Funerárias e cemitérios do Rio têm adotado medidas de prevenção para os funcionários lidarem com os corpos de vítimas suspeitas ou confirmadas da Covid-19. A doença já matou 47 pessoas em todo o estado, segundo o boletim divulgado ontem pela Secretaria estadual de Saúde.

Mesmo a despedida de pessoas que morreram de causas não relacionadas à Covid-19 é alterada pela pandemia. Filha do aposentado Paulo Dias Leite, que morreu, aos 81 anos, após passar dois meses internado, Ana Paula Leite, de 48, despediu-se do pai na companhia de apenas outras duas pessoas. E de longe. O caixão de Paulo permaneceu sozinho, no centro de uma das capelas do Cemitério de Inhaúma, sem ninguém velá-lo.

"Não quisemos criar aglomeração para não colocar ninguém em risco, inclusive a minha mãe, que é idosa. Não ficamos lá dentro (da capela) para evitar local fechado. É difícil, mas é uma questão de pensamento coletivo em meio ao caos", ponderou Ana Paula.

Acostumado, como ele diz, “a lidar com a dor do outro”, um funcionário do Cemitério do Caju, que pediu para não ser identificado, relatou como tem sido o trabalho durante a pandemia:

"Qualquer despedida é triste, a gente está acostumado a lidar com a dor do outro. Mas ver esses sepultamentos sem velório, sem a família poder ver o rosto do parente pela última vez, ter que manter o caixão fechado o tempo todo... Isso é mais triste ainda. Nós temos medo de contrair essa doença, temos filhos, mãe, família em casa que depende da gente. Então, tenho tomado todos os cuidados e seguido os protocolos de segurança".

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