Canadá tem explosão de variante brasileira do coronavírus a partir de hotéis

Uma explosão de casos da variante do coronavírus brasileiro no Canadá mostra como mesmo os hotéis de quarentena severa não podem bloquear completamente a passagem de linhagens perigosas, alertaram especialistas nesta terça-feira, 13.

Cientistas disseram que era "inevitável" ao lidar com novas variantes altamente infecciosas que o vírus encontrasse uma maneira de "vazar" o esquema de isolamento - que também está sendo usado na Grã-Bretanha. Isso geralmente acontece por meio de um membro da equipe ou um lapso nas práticas de controle de infecção.

Apesar de ter uma das regras de isolamento mais rígidas para chegadas, o Canadá registrou na segunda-feira, 12, o maior surto da variante P.1 fora do próprio Brasil e relatou grandes surtos em várias províncias nos últimos dias.

Autoridades na Colúmbia Britânica fecharam o resort de esqui Whistler Blackcomb depois que 877 casos da cepa P.1 altamente infecciosa foram encontrados na província, com um quarto ligado ao resort mundialmente famoso. Ainda é um mistério para as autoridades de saúde como a variante chegou ao resort.

Mais de 100 pessoas contraíram a doença em Alberta e em Ontário na semana passada, muitas das quais não tinham ligação de viagens internacionais, sugerindo que a variante está se espalhando pela comunidade.

O professor Lawrence Young, microbiologista da Universidade de Warwick, afirmou que era impossível apontar exatamente como a cepa brasileira foi importada. Mas ele disse que, com as regras ultrarrígidas de quarentena de hotéis no Canadá, é provável que tenha sido vazado à comunidade por meio de um membro da equipe.

O professor Young disse: “O ponto de restringir contatos e conter variantes é que você tem que ser mega, mega rígido ou é inevitável com um vírus muito, muito infeccioso [que se espalhe].”

“Houve outros casos vazando de quarentenas rígidas de hotéis na Austrália - pode ser que os funcionários do hotel estejam sendo muito liberais e interagindo com os pacientes enquanto lhes dão comida. A transmissão em hotéis em quarentena está bem documentada na equipe.”

Esquema rígido

O sistema de quarentena do Canadá é mais rígido do que o da Grã-Bretanha, com todos os cidadãos que chegam ao país da América do Norte por motivos "não essenciais" exigidos para se isolar em um hotel aprovado pelo governo, independentemente do país de origem. Eles devem isolar por 14 dias, independentemente de seu teste ser negativo nesse período.

Na Grã-Bretanha, apenas cidadãos do Reino Unido que visitaram ou passaram por 40 “países vermelhos”, como Brasil, onde variantes problemáticas são generalizadas e as taxas de infecção são altas, são obrigados a ir para um hotel de quarentena por 10 dias. As isenções incluem emergências, visitas a parentes em estado crítico ou comparecimento a um funeral.