Após bloqueio da oposição, parlamentares franceses voltam a discutir passaporte vacinal
Sob as novas regras, seria preciso provar esquema de vacinação completo para participar de eventos públicos
Sob as novas regras, seria preciso provar esquema de vacinação completo para participar de eventos públicos
Os deputados franceses retomaram na noite desta terça-feira, 4 (horário local, tarde de terça-feira no Brasil), a discussão sobre a criação de um passaporte vacinal, após partidos de extrema direita, extrema esquerda e moderados se unirem contra a medida. "Todas as condições estão reunidas para termos um debate calmo", declarou o presidente da sessão, Marc Le Fur, do partido conservador Los Republicanos.
Na segunda-feira, 3, a Câmara Baixa do Parlamento debatia a criação de um novo passaporte sanitário que substituiria o atual modelo francês. Sob as novas regras, seria preciso provar esquema de vacinação completo para participar de eventos públicos, frequentar bares, museus, cinemas, teatros e viajar em trens de longa distância, assim como para se hospedar em hotéis.
O bloqueio da oposição veio após sete horas de discussões acaloradas, quando até ministros confrontaram, durante a sessão, críticos da medida polêmica, que deveria começar a valer em 15 de janeiro. Agora, já não há mais data para que ela entre em vigor.
Gabriel Attal, porta-voz do governo de Emmanuel Macron, acusou parlamentares da oposição de "demagogia", afirmando que eles estavam impedindo a adoção de "medidas essenciais em uma situação de urgência". Ele disse que o governo não desistirá da legislação. "Faremos todo o possível para nos encaixarmos ao calendário estabelecido", declarou o porta-voz à rádio France Inter.
O debate sobre a lei deveria ser encerrado nas primeiras horas desta terça-feira. Havia pelo menos 500 emendas que seriam analisadas no momento em que a sessão foi interrompida, pouco antes da meia-noite, no horário local.
Durante a sessão, o primeiro-ministro, Jean Castex, disse aos parlamentares que o governo não poderia aceitar que 5,3 milhões de pessoas permanecessem sem imunização na França. A nova lei tinha o objetivo de criar "restrições mais pesadas aos não vacinados".
A França tem registrado atualmente uma média de 160 mil novos casos de covid-19 por dia. "O maremoto realmente chegou. É enorme, mas não vamos ceder ao pânico ", disse o ministro da Saúde, Olivier Véran, aos deputados.
Véran enfrentou uma ofensiva da extrema direita, representada pelo Rassemblement National (RN), da extrema esquerda, do La France Insoumise (LFI) e dos conservadores, Republicanos (LR). Os parlamentares criticaram uma possível violação das liberdades civis. "O egoísmo muitas vezes se esconde por trás de conversas sobre supostas liberdades", afirmou.
A maioria dos parlamentares do partido centrista La République en Marche (La REM), de Emmanuel Macron, e da oposição dominante Les Républicains (LR) apoia a medida.
O candidato presidencial de extrema esquerda Jean-Luc Mélenchon, do LFI, que rejeita a nova legislação, acusou o governo de "semear um caos indescritível por causa de sua miopia" e acusou Véran de "arrogância"