Variante norte-americana do coronavírus pode ser até 60% mais letal do que a original
Cepa já foi identificada em todos os 52 estados dos EUA e está presente em ao menos 27 países
Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que uma variante do coronavírus em circulação no País pode ser até 60% mais mortal do que a originada em Wuhan, na China. A nova cepa, chamada de Iota, tem taxa de transmissão e capacidade de burlar o sistema imunológico maiores do que se previa quando foi identificada, em novembro do ano passado, na cidade de Nova York. No Brasil, até o momento não há casos registrados dessa variante.
A pesquisa foi desenvolvida por especialistas do Departamento de Saúde e Higiene Mental da Cidade de Nova York e da Escola Mailman de Saúde Pública, da Universidade de Columbia. Embora ainda não tenha sido submetido à revisão por outros pesquisadores, o estudo acendeu o alerta da comunidade científica, já que em até 10% dos casos verifcados a Iota conseguiu escapar do sistema de defesa humano e apresentou taxa de letalidade semelhante à cepa Alfa, detectada no Reino Unido, e se mostrou 60% mais mortal do que a cepa original, de Wuhan.
Os pesquisares utilizaram um modelo matemático para determinar a taxa de transmissão e compararam os índices com base em dados epidemiológicos e populacionais coletados em Nova York. O geneticista Salmo Raskin, diretor do laboratório Genetika, em Curitiba, ressalta o fato de que a variante norte-americana tem "características de transmissão, escape da resposta imunológica e taxa de letalidade semelhantes à variante Alfa, uma das quatro cepas de preocupação”.
Embora a Iota tenha começado a perder força em janeiro deste ano, quando a variante Alfa passou a circular nos Estados Unidos, ainda não se sabe como ela se apresentará diante da Delta, que já se mostrou superior à cepa originada no Reino Unido, fazendo com que o número de internações no país voltasse a aumentar. "Se vencer a luta evolutiva contra a Delta, é bem possível que ela passe da classificação 'cepa de interesse' para 'cepa de preocupação'”, afirma Raskin.
As variantes de preocupação são aquelas que, além de se alastrar, elevam a taxa de transmissão, mudam ou aumentam os sintomas, e reduzem a efetividade de diagnósticos, vacinas e tratamentos terapêuticos. Entretanto, outras pesquisas já apontaram que a Iota não é tão resistente aos tratamentos, e evidências mostram que ela não aumenta o risco de infecções graves em pessoas imunizadas ou que já tiveram a doença.
Ainda segundo Salmo Raskin, existe a possibilidade de que a variante chegue ao Brasil por meio de viagens internacionais ou em decorrência do descontrole da pandemia, que pode levar ao surgimento espontâneo dessa e de outras cepas no país.
Palavras-chave