Procuradora-geral dos EUA inicia investigação sobre laços de Epstein com opositores de Trump
A procuradora-geral dos Estados Unidos, Pam Bondi, anunciou na sexta-feira, 15, que pediu que um procurador federal investigasse os laços do empresário Jeffrey Epstein com opositores políticos do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como o ex-presidente americano Bill Clinton.
Bondi postou na rede social X que estava designando o procurador dos EUA em Manhattan, Jay Clayton, para liderar a investigação, encerrando uma semana agitada na qual republicanos do congresso divulgaram quase 23 mil páginas de documentos sobre Epstein e os democratas da Câmara evidenciaram conversas em que Epstein cita Trump.
O presidente americano, que foi amigo de Epstein por anos, não explicou quais supostos crimes ele queria que o Departamento de Justiça investigasse. Nenhum dos homens que ele mencionou em uma publicação na rede social Truth Social exigindo a investigação foi acusado de má conduta sexual pelas vítimas de Epstein.
Trump exige investigação
Horas antes do anúncio de Bondi, Trump postou em sua plataforma Truth Social que pediria ao Departamento de Justiça e ao FBI para investigar o "envolvimento e relação" de Epstein com Clinton e outros, incluindo o ex-secretário do Tesouro Larry Summers e o fundador do LinkedIn e doador democrata Reid Hoffman.
Trump apontou que "a farsa Epstein envolve democratas e não republicanos" e que a investigação também deveria incluir o banco JP Morgan, que forneceu serviços bancários para Epstein, e "muitas outras pessoas e instituições".
Em um memorando de julho sobre a investigação de Epstein, o FBI disse: "Não descobrimos evidências que pudessem fundamentar uma investigação contra terceiros não acusados".
A demanda do presidente por uma investigação - e a rápida concordância de Bondi - é o último exemplo da erosão da independência tradicional do Departamento de Justiça da Casa Branca desde que Trump assumiu o cargo.
Desvio de foco
A investigação também é uma tentativa de desvio de foco. Por décadas, o próprio Trump foi escrutinado por sua proximidade com Epstein - embora, como as pessoas que ele agora quer investigar, não tenha sido acusado de má conduta sexual pelas vítimas de Epstein.
Uma porta-voz da JPMorgan Chase, Patricia Wexler, disse que a empresa lamentava a associação com Epstein "mas não o ajudou a cometer seus atos hediondos".
"O governo tinha informações condenatórias sobre seus crimes e falhou em compartilhá-las conosco ou com outros bancos", disse ela. A empresa concordou anteriormente em pagar milhões de dólares às vítimas de Epstein, que processaram argumentando que o banco ignorou sinais de alerta sobre atividade criminosa.
Já o ex-presidente americano Bill Clinton reconheceu que viajou no jato particular de Epstein, mas disse por meio de um porta-voz que não tinha conhecimento dos crimes do falecido financista. Ele também nunca foi acusado de má conduta pelas vítimas conhecidas de Epstein.
Epstein cita Trump
Deputados do Partido Democrata divulgaram na quarta-feira, 12, uma série de e-mails nos quais o empresário Jeffrey Epstein afirmou que o presidente americano sabia dos crimes cometidos pelo magnata e "passou horas" com uma das vítimas de Epstein.
Após a divulgação dos e-mails, a Casa Branca acusou os democratas de tentarem difamar o presidente. "O fato é que o presidente Trump expulsou Jeffrey Epstein de seu clube. Essas histórias não passam de tentativas de má-fé para desviar a atenção das conquistas históricas do presidente Trump", disse a secretária de imprensa Karoline Leavitt em nota.
Por outro lado, os democratas do Comitê de Fiscalização da Câmara disseram que os e-mails levantaram novas questões sobre o relacionamento entre Epstein e Trump. Os documentos chegaram às mãos da oposição após o comitê intimar o espólio do empresário na Justiça a entregá-los.
Em um dos e-mail Epstein faz uma alusão a Trump ter sido um dos únicos membros de seu círculo pessoal a não se pronunciar sobre as acusações contra ele e emenda: "Ela (uma vítima) passou horas na minha casa com ele (Trump), e ele nunca foi mencionado (nos processos)uma única vez."
Em outro e-mail, este endereçado ao jornalista Michael Wolff, biógrafo de Trump, já quando o republicano estava na Casa Branca, Epstein diz que Trump "sabia sobre as meninas" que ele abusava, "tanto que ele (Trump) pediu que Ghislaine (sua sócia, condenada por tráfico de menores) parasse"./com AP
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