Oficial dos EUA se reúne com ucranianos e russos para discutir plano de paz, segundo jornal
O secretário do Exército dos Estados Unidos, Dan Driscoll, está reunido com oficiais russos e ucranianos nesta terça-feira, 25, em Abu Dhabi, para negociar um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia, segundo informações do jornal britânico The Guardian. O oficial tenta costurar as lacunas entre o plano original de paz dos Estados Unidos, as demandas russas e a resposta ucraniana. Ele havia se reunido com assessores do Kremlin na segunda-feira, 24, e está otimista em relação ao futuro das negociações, segundo um comunicado emitido por um porta-voz.
Não está imediatamente claro quem participa de ambas as delegações, mas relatos da mídia ucraniana apontam que Kiev enviou Kirilo Budanov, chefe da Diretoria Principal de Inteligência do ministério da Defesa ucraniano. Driscoll, que se juntou à equipe de negociação dos EUA há menos de duas semanas, está liderando a fase mais recente das conversas sobre os termos de um possível acordo de paz com a Rússia. De acordo com um oficial americano que conversou com a Associated Press (AP), ambas as partes indicaram o desejo de chegar a um acordo para cessar os combates o mais rápido possível.
Conversas
Segundo um comunicado do presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, "a lista de medidas necessárias para pôr fim à guerra pode se tornar viável" após os avanços obtidos no domingo, 23, nas negociações entre oficiais dos EUA e da Ucrânia em Genebra. Zelenski disse que planeja discutir questões pendentes "sensíveis" com o presidente Donald Trump.
Rustem Umerov, um dos principais assessores de Zelenski, apontou nesta terça-feira na rede social X que o líder ucraniano espera finalizar um acordo com Trump "na data mais conveniente possível em novembro". Já as autoridades russas têm se mostrado reservadas em seus comentários sobre o plano de paz. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, apontou que Moscou está em contato com autoridades americanas sobre os esforços de paz.
"Esperamos que eles nos forneçam uma versão que considerem provisória, em termos de conclusão da fase de coordenação deste texto com os europeus e os ucranianos", disse Lavrov. Líderes europeus alertaram que o caminho para a paz será longo.
Bombardeios
Em meio às negociações, a Rússia disparou 22 mísseis de vários tipos e mais de 460 drones contra a Ucrânia durante a noite, segundo o perfil de Zelenski no Telegram. Os ataques interromperam o fornecimento de água, eletricidade e aquecimento em partes de Kiev. Imagens de vídeo postadas no Telegram mostraram um grande incêndio se alastrando em um prédio residencial de nove andares no distrito de Dniprovskyi, na zona leste de Kiev.
O prefeito da capital ucraniana Vitalii Klitschko disse que 20 pessoas ficaram feridas em Kiev. O ministério da Defesa russo afirmou que os ataques visaram instalações militares-industriais e ativos de energia.
O ministério da Energia da Ucrânia afirmou que a infraestrutura energética foi atingida, sem dar detalhes. Os serviços de emergência da Ucrânia apontaram que seis pessoas, incluindo duas crianças, ficaram feridas em um ataque russo à infraestrutura portuária e de energia na região de Odessa.
Questionamentos
Apesar das negociações, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou nesta terça-feira que o plano dos EUA para a Ucrânia não deve ser "uma capitulação" que permita à Rússia retomar os combates posteriormente. "Qualquer acordo de paz deve incluir garantias de segurança robustas para a Ucrânia e, de forma mais ampla, para a Europa", disse Macron em entrevista à emissora RTL, acrescentando que o tamanho das Forças Armadas ucranianas não deve ser restringido para que possam defender o país em tempos de paz.
"Queremos a paz, mas não queremos uma paz que seja, na verdade, uma capitulação. Ou seja, que coloque a Ucrânia numa posição impossível, que, no fim, dê à Rússia a liberdade de continuar avançando, de ir mais longe", disse Macron. "Ninguém pode substituir os ucranianos na hora de dizer quais concessões territoriais eles estão dispostos a fazer", acrescentou. (Com informações da Associated Press)
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