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Família de pescador colombiano morto em bombardeio denuncia EUA na CIDH

Para o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que exerce um questionado terceiro mandato, os ataques ocultam o objetivo real dos Estados Unidos, que é derrubá-lo

AFP

A família de um pescador colombiano que morreu em um dos ataques ordenados pelo governo do presidente americano, Donald Trump, no Caribe denunciou os Estados Unidos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) e negou que ele transportasse drogas em sua lancha.

Em 15 de setembro, Alejandro Carranza saiu da cidade costeira de Santa Marta para pescar em mar aberto e apareceu morto dias depois, relataram seus familiares à AFP em outubro.
 
Nos ataques lançados por Washington morreram mais de 80 pessoas que viajavam em lanchas supostamente carregadas com drogas no Caribe e no Pacífico.
 
"Sabemos que Pete Hegseth, secretário da Defesa dos Estados Unidos, foi o responsável por ordenar o bombardeio de embarcações como a de Alejandro Carranza Medina e o assassinato de todas as pessoas que estavam nelas", assinala a primeira denúncia formal sobre estas mortes apresentada a um organismo internacional, à qual a AFP teve acesso nesta quarta-feira (3).
 
"O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ratificou a conduta do secretário", acrescenta.
 
Especialista em direitos humanos, Dan Kovalik, advogado do presidente colombiano, Gustavo Petro, nos Estados Unidos, também é advogado da família Carranza e foi quem apresentou a denúncia na CIDH.
 
Outros organismos internacionais, como a ONU, também questionaram a legalidade dos ataques e das mortes sem julgamento.

"Bom rapaz" 

Em entrevista à AFP em outubro, a viúva do pescador, Katerine Hernández, assegurou que Carranza era um "bom rapaz". O pescador deixou quatro filhos e, segundo a denúncia, sua família agora recebe ameaças de paramilitares na região.

"Ele não tinha vínculos com o narcotráfico e sua atividade diária era pescar", afirmou. Ela pede justiça depois que "arrebataram" a vida de seu companheiro.
 
Petro prometeu dar apoio à família e se refere a estas mortes como "execuções extrajudiciais".
 
As relações bilaterais entre Bogotá e Washington, aliados históricos, atravessam um mau momento pelos constantes embates entre os dois presidentes. Os Estados Unidos retiraram da Colômbia a certificação como aliada antidrogas e as sanções contra Petro e seu círculo próximo se multiplicaram.
 
Trump acusa Petro de não fazer o suficiente para combater o narcotráfico na Colômbia, país que é o maior produtor de cocaína do mundo.
 
A Casa Branca assegura que os ataques às embarcações vão continuar, apesar das críticas por ações como os dois ataques contra uma mesma lancha para eliminar sobreviventes.
 
Especialistas consultados pela AFP asseguram que os bombardeios não reverteram a produção de drogas e que são uma estratégia para impulsionar a "agenda doméstica" de Trump.
 
O governo americano tem repetido que o próximo passo em sua luta contra o narcotráfico é uma ação terrestre, principalmente na Venezuela, e não descarta também ataques em solo colombiano, disse Trump na terça-feira.
 
Para o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que exerce um questionado terceiro mandato, os ataques ocultam o objetivo real dos Estados Unidos, que é derrubá-lo.

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