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Ataque ao Irã gerou danos, mas não há certeza se bases nucleares foram destruídas

Analista Gustavo Freitas avaliou primeiros momentos e declarações de Donald Trump logo após ações contra instalações nucleares de Fordow, Natanz e Isfahan

O Liberal

No último sábado (21), os Estados Unidos atacaram as  no Irã. A operação foi realizada em conjunto com Israel e utilizou bombas de alta penetração e mísseis Tomahawk. 

O presidente americano, Donald Trump, confirmou que as instalações foram "completamente destruídas", em uma operação de alta precisão.


Em entrevista à Liberal+ nesta segunda-feira (23), o analista de política internacional do Grupo Liberal, Gustavo Freitas, reitera que esse é um comportamento comum entre presidentes - seja ao atacar ou ser atacado: exagerar sobre as proporções dos danos causados. 

Segundo Gustavo, Trump afirmou nas redes sociais que “as instalações haviam virado pó”. Entretanto, autoridades americanas avisaram que o ataque gerou grandes danos, mas não há certeza se as instalações foram, de fato, destruídas.

Gustavo destaca que as autoridades iranianas já haviam sido avisadas previamente sobre o ataque. “Os americanos deram tempo para que os iranianos fizessem transporte desse material. As imagens de satélite captaram diversos transportes do Irã saindo das instalações nucleares, tirando todo o material dessas instalações que pudessem ser destruídos”, afirma.

O analista compara a política dos EUA com um ‘porrete’, onde “se bate para chamar para a mesa [de negociações]”. Na opinião de Gustavo, a ação é um aviso que uma guerra generalizada pode surgir, mas os Estados Unidos tentam evitar esse fim.

Alerta para a China

O analista chama atenção para as ações da China dentro do conflito nos próximos dias. Para Gustavo, um conflito militar não é característico dos chineses, e não é do interesse do país que uma guerra aconteça, já que a China possui intenções diversas com o Irã. Outro ponto em destaque é o fechamento do estreito de Ormuz, aprovado no último domingo (22), pelo parlamento iraniano.

Ele enfatiza que ainda falta aprovação do aiatolá. A medida, caso aprovada, significará a cessão do transporte de quase 30% do petróleo global, além de causar a disparada do preço do barril de petróleo em todo o mundo. “Para os chineses, fechar não é interessante, porque os EUA vão intervir e tornar uma guerra. Para eles, resta se intrometer para dialogar e trazer Trump de volta para a realidade, para evitar que uma guerra aconteça”, afirma.

Possibilidade de novos ataques do Irã

O analista frisa que é esperada uma resposta do Irã aos ataques. “É provável que haja ataques a bases americanas dentro do oriente médio, acho muito possível iranianos responderem com um ataque premeditado aos EUA”, afirma. Ele acredita que os ataques a Tel Aviv não irão cessar neste momento.

“É muito curioso ver o Donald Trump falando para os iranianos voltarem para a mesa de negociações”, pontua. “Haveria uma reunião dos americanos com os iranianos, uma conversa entre os dois para tentar resolver o problema e o negociador que ia participar da reunião no domingo retrasado foi morto pelos israelenses”.

No primeiro mandato, o presidente Donald Trump era conhecido como o presidente que nunca havia começado uma guerra, de acordo com Freitas. “No segundo mandato, ele prometeu ser um presidente da paz e está cometendo estelionato eleitoral, porque está abandonando uma parte da base”.

Ainda segundo o analista, os eleitores que apoiaram o retorno de Trump à presidência sentem que o presidente está “traindo o movimento”. Isso porque as ações são similares Às de Bush, Obama e outros presidentes, que “vendiam o discurso da paz e pioraram a situação do Oriente Médio”, diz. “Ele está fazendo o mesmo que acusava quando estava fora do poder”, finaliza.