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Ainda sem energia da Venezuela, Roraima dobra uso de combustível em termelétricas

Estado não registra envio de eletricidade pelo país vizinho desde quinta-feira passada

Reuters

Roraima, que recebe parte de seu suprimento de energia via importações da Venezuela, não registra envios de eletricidade pelo país vizinho desde quinta-feira passada, o que exigiu o acionamento do parque local de termelétricas, disse à Reuters a Roraima Energia, distribuidora que atende o Estado.

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A Venezuela registrou o maior blecaute de sua história na semana passada e muitas áreas do país ainda estão sem luz nesta quarta-feira, incluindo partes da capital Caracas.

O governo de Nicolás Maduro atribuiu os problemas a um ciberataque que teria sido comandado pelo presidente norte-americano Donald Trump, mas especialistas avaliam que o apagão está provavelmente ligado a um problema técnico nas linhas de transmissão que conectam a hidrelétrica de Guri à rede venezuelana.

"A interrupção no suprimento (da Venezuela) ocorreu na noite da última quinta-feira. Desde a interrupção, nosso parque térmico tem atendido 100 por cento do Estado com geração", disse a Roraima Energia em nota.

A elétrica, que pertencia à estatal Eletrobras e foi comprada no ano passado por um consórcio entre as empresas locais Oliveira Energia e Atem, disse ainda que a paralisação nos envios de energia pela Venezuela mais do que dobrou o gasto de combustíveis no parque térmico.

"Quando havia suprimento por Guri, o gasto médio diário com combustível era de 450 mil litros, hoje chega a aproximadamente 1 milhão de litros", afirmou a empresa, após questionamentos da Reuters.

O maior gasto para abastecer as termelétricas de Roraima deverá impactar todos os consumidores brasileiros de energia, uma vez que o custo com combustíveis é rateado por meio de um encargo cobrado nas contas de luz.

No ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) projetou que a geração térmica para atender à demanda de Roraima durante um ano inteiro sem o suprimento da Venezuela pode representar um custo extra de cerca de 1,2 bilhão de reais para os encargos pagos por consumidores que custeiam subsídios no setor de energia.

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Em meio à preocupação com a oferta de energia da Venezuela, o governo do presidente Jair Bolsonaro retomou esforços de gestões anteriores para tirar do papel uma linha de transmissão que conectaria Roraima ao sistema elétrico nacional.

A obra, licitada ainda em 2011, permitiria que o Estado recebesse energia de outros Estados brasileiros, cessando a necessidade de importações, mas o empreendimento não avançou até o momento por dificuldades no licenciamento ambiental.

Para tentar destravar o licenciamento, dificultado em parte porque o linhão precisaria atravessar 120 quilômetros de uma terra indígena, o governo Bolsonaro declarou no mês passado projeto como "de interesse da soberania nacional", com a expectativa de que isso permita a liberação da construção até julho.

Em paralelo, o governo agendou também um leilão para 31 de maio, no qual buscará contratar projetos de geração que atenderiam à demanda de Roraima a partir de 2021.

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