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Autônomas reinventam segmentos no mercado de trabalho paraense; veja os cases de sucesso

Áreas como artesanato, gastronomia e moda garantem ocupação, renda e bem-estar de trabalhadoras e suas famílias

Fabrício Queiroz

A presença feminina no mercado de trabalho é cada vez mais evidente, ocupando postos em todos os setores na economia formal e informal. Como autônomas ou empreendedoras, alguns segmentos tradicionalmente contam com maior participação de mulheres, que buscam em atividades ligadas ao artesanato, à gastronomia, à moda, entre outras, uma forma de garantir ocupação, renda e o bem-estar de suas famílias.

No bairro do Guamá, o projeto Costuraê selecionou um grupo de mulheres atendidas pelo Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) do bairro para oferecer capacitações e incentivar o trabalho delas no ramo de corte e costura. A iniciativa surgiu em 2017 por meio do Time Enactus UFPA, uma organização global de jovens universitários voltada ao desenvolvimento de projetos de empreendedorismo social.

“A Enactus é baseada nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e no caso do Costuraê o principal é a igualdade de gênero. Então a nossa ideia é, desde o princípio, levar elas a uma independência financeira”, diz Beatriz Araújo, responsável pelo projeto, que avalia positivamente o impacto da iniciativa na vida das participantes. “Elas aprenderam a costurar, aprenderam a ter independência financeira, criaram os próprios empreendimentos delas e isso é muito importante porque através disso a gente consegue ver a mudança que o Costuraê faz na vida delas”.

Para pessoas como Joanice Gomes Cruz da Silva, 51 anos, que está desempregada, ingressar no Costuraê representa uma oportunidade de aprendizado e o vislumbre de um futuro melhor. “Eu não tinha nada, tinha até vergonha de estar no meio delas, mas depois que vim pro projeto eu aprendi muito Ainda não temos uma produção grande, mas espero que daqui pra frente vá melhorar”, conta a participante, que com os conhecimentos adquiridos já produz artesanato de forma autônoma.

O apoio ao projeto vem por meio de parcerias, doações e seleções em editais públicos. Com isso, instalaram o ateliê em uma escola estadual e conseguiram máquinas de costura, ferramentas, aviamentos e tecidos. A produção aposta na reutilização e foca, principalmente, em ecobags, bolsas e sacolas. Durante a pandemia, o Costuraê teve o foco redirecionado para atender a uma demanda de produção de máscaras com garrafas pet adaptadas para pessoas surdas.

INOVAÇÃO

Lidar com esses materiais inspira a criatividade das participantes e representa um ganho mesmo para quem já atua no mercado, como a costureira Eliana Silva Muniz, 56 anos. “Eu nunca tinha trabalhado com o tipo de material que às vezes tem aqui, como os emborrachados, porque na minha casa, eu sempre trabalhei com tecidos. Foi um desafio que eu superei e pra mim foi muito importante. Fora que estar aqui é uma renda extra que está sendo maravilhosa porque eu ganho aqui e na minha casa”, diz.

NEGÓCIOS PROMISSORES

Outro ramo em que a criatividade e a dedicação feminina dominam é o da culinária, levando para fora de casa os sabores que às vezes ficavam no ambiente doméstico. Maria Helena Galdino, 41 anos, mais conhecida como Nega, é uma dessas mulheres que resolveu aproveitar o talento na cozinha para empreender, se posicionar no mercado e conquistar os paladares dos clientes.

 

 

Depois de trabalhar no comércio e em shoppings, há cinco anos Maria Helena viu a necessidade bater a porta. Inspirou-se na mãe para iniciar um negócio, vendendo principalmente peixe frito em um restaurante improvisado no quintal de casa. Depois veio o ponto na travessa Vileta até conquistar o quiosque na avenida Rômulo Maiorana, onde atualmente funciona o Sabor da Nega.

Os produtos regionais são a marca do restaurante e estão presentes em todo o cardápio. Desde o Caranguejo da Nega, um prato com caranguejo desfiado, arroz com jambu e tucupi e uma farofa, até o Terroir, um fettuccine com molho de jambu e servido com camarão rosa. “Eu trabalho com comidas regionais, não só as típicas. Trabalho desde o peixe frito, pirarucu, os pastéis e outros pratos. Esse pra mim é um dos diferenciais, que é como a gente engloba a regionalidade”, conta Nega que também investe em estratégias de divulgação e relacionamento.

“A gente tem que fazer a renovação. Tem que fazer isso porque se não a gente fica pra trás. É assim no Instagram que pra nós é um meio de comunicação fantástico”, diz Maria Helena que acrescenta, ainda, uma preocupação com a qualidade do atendimento. “Eu faço desde a cozinha até o atendimento. Eu falo isso pra eles (funcionários), que eles têm que sempre tratar bem, que tem que se espelhar em mim, tem que abraçar todos, sem exceção”.

AMPLIAÇÃO

Nega afirma estar satisfeita com a repercussão positiva do restaurante e já planeja a ampliação do negócio. Para ela, o sucesso alcançado é resultado de trabalho árduo e também de uma determinação própria das mulheres. “Eu acho que nós mulheres sempre temos que depender de nós mesmas. Sempre lutar por aquilo que a gente quer. Eu tiro por mim que lutei e estou lutando pra chegar mais adiante. Eu estou muito satisfeita e agradeço a Deus todos os dias”, conclui.

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